Capítulo 31

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Henry Bianchi

— Nós temos uma chance, Henry! - Monique repetia diversas vezes, enquanto eu negava com a cabeça.

Obviamente, aquela mulher não tinha o juízo perfeito por achar que tudo que ela dissera faria algum sentido. Entregar-se no lugar de Matteo? A troco de quê?

— Estamos falando de pessoas perigosas, Monique! Como garante que elas vão fazer esse tipo de troca sem uma morte no meio? É praticamente suicídio!


— Fiz um acordo com o seu pai, temos uma futura aliança em jogo. Acha que colocarei tudo por água abaixo? Óbvio que não! Sei exatamente o que estou fazendo e infelizmente preciso da sua ajuda.

Olhei em seus olhos procurando algum tipo de erro ou falha desse plano, porém ela parecia tão certa do que ia fazer, que acabei respirando fundo e assentindo. Ela sorriu e começou a contar o seu plano.

A família Ferrari tem muitos contatos espalhados pelo mundo, Enrico é um mafioso bastante conhecido por sua simpatia e sua agilidade no "trabalho". Ele conquistou diversas parcerias durante a vida, então não foi muito difícil para Monique descobrir quem de fato estava com Matteo. Foi uma investigação minuciosa vindo dela, pois qualquer acusação em falso acabaria com a reputação exemplar da sua família. Ela não me contou quem havia pego Matteo, mas o principal motivo era óbvio: Dinheiro.

Queriam uma quantia grande pelo meu irmão e entrariam em contato logo logo. Porém, como Monique já sabia de quem se tratava, foi bem específica em marcar um encontro.

"Vamos ser sinceros, a cabeça de um Ferrari vale bem mais do que de um bastardo."

Foi o que ela dissera ao telefone e por mais desconfiados que tivessem, os sequestradores aceitaram o encontro. Entretanto, Monique teria de ir sozinha e, caso aparecesse mais alguém os dois morreriam sem exitar.

— E onde entro nessa história? Eles foram bem sinceros em relação as consequências.

A verdade é que, não estava nem um pouco convicto que aquele plano fosse dar certo.

— Preciso de três dos seus melhores assassinos. - ergui a sobrancelha incrédulo

— Assassinos?

— Não venha me dizer que não tem, até porque sabemos muito bem o que enriquece a sua família. Drogas, agiotagem e...

— Ok! Três assassinos.

— Você vai pegar um carro e me esperar em Nevada, bem escondidinho. - aproximou-se, pegando o meu colarinho sutilmente.


Seus olhos escuros me encaravam sensualmente. Ela sorriu cínica ao me ver olha-la e deu as costas, rindo.

— Espero que seu plano dê certo, ainda temos um exame de DNA para fazermos.

O sorriso de Monique morreu ao me ouvir falar sobre isso. O assunto "exame de DNA" era seu ponto fraco.

— Não se preocupe, tenho interesse em saber meu parentesco com Olivia tanto quanto você. - engoliu seco.

— E o que pretende fazer caso ela realmente seja sua parente? - cruzei os braços e notei um certo desconforto de sua parte. Ela não sabia o que fazer.

— Vou ensina-la a ser uma Ferrari. Olivia será uma grande mulher, garanto isso. - falou, deixando-me em estado alerta.

Aquilo não era bom. Olivia não iria se encaixar na máfia, seria um cordeiro em meio a lobos famintos e aquilo seria sua ruína.

— Se acha isso a melhor opção, ótimo! Mas não transforme Olivia em um ser sem coração, sabemos muito bem que temos que ter sangue frio para lidarmos com a vida que levamos. - ela assentiu contragosto e pegou sua bolsa jogada na poltrona do quarto.

—Nos vemos amanhã, precisamente na madrugada. Mandarei as coordenadas por mensagem. - colocou o óculos de sol escuro nos olhos e andou rapidamente até a saída.

E mesmo tendo o pressentimento que as coisas não iriam conforme o planejado, decidi confiar nela. Afinal, o que mais poderia ser feito?

**

Era 3:25 da madrugada quando acordei suando frio, passei a mão pelos cabelos, sentindo um leve arrepio percorrer meu estômago. Levantei da cama contragosto e fui até a pequena cozinha da suite, preparei um café forte sem açúcar e dei um gole generoso.

Minha cabeça doía ao pensar no plano de Monique, porém tentei de todas as formas acreditar que realmente daria certo. E quando o alarme apitou 4:00 horas, sabia que o momento tinha chegado.

Minutos depois, mensagens de Monique chegam no meu celular;

"O encontro foi marcado na Eagle Road às 5:15. Preciso que você esteja lá agora com o carro, mande os três assassinos se esconderem prós mata."

"Tem certeza que fará isso? Estou achando arriscado" - enviei.

"Já fiz muitas coisas arriscadas, baby. Let's go!"

Receoso, dirigi-me até o pequeno arsenal de armas em um local secreto na adega da cozinha e tirei uma arma bastante certeira de lá, guardando-a no paletó. Saí da suite ansioso e fui diretamente até o estacionamento do hotel, pegando um carro comum — guardado para eventuais situações como essa — e entrei, sentindo novamente um arrepio. Coloquei as mãos no volante, o coração estava acelerado demais.

Porém, era preciso fazer tudo aquilo, a vida de Matteo está em jogo. Meia hora depois, estacionei o carro em um lugar escondido coberto por um matagal extenso, ainda estava escuro o que ajudava a se esconder.

Mandei uma mensagem para Lucien, o líder dos nossos melhores assassinos e ele respondeu que já estava a caminho. Olhei para o céu, a lua brilhante reinava e ao seu redor pequenos pontinhos contemplava todo a imensidão azul escuro. Era estranho pensar que, eu estaria ali por Matteo.

Nós nunca nos damos bem, sempre brigávamos pela a atenção de Giancarlo. Mas, mesmo assim, ele era meu irmão! E precisava de mim, da minha ajuda. Monique estava disposta a ajudá-lo por conta da aliança feita com o meu pai, estava arriscando tudo por causa disso.

Nós tínhamos que conseguir!

Um carro preto se aproximou da estrada, a luz do farol era a única coisa que iluminava o local. Me atentei, ficando reto, uma gota fina de suor escorreu por minha testa.

Estava começando a ficar quente. Peguei a garrafinha de água disponível no carro e bebi devido à sede. Meus olhos acompanhavam cada movimento dado pelo outro veículo estacionado na estrada.

Logo o carro de Monique chegou e ela desceu deslumbrante, cheia de si. Estava confiante, aquilo me impressionava, não era qualquer um que era tão frio.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now