Capítulo 39

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Henry Bianchi

Era tão estranho pensar que meu próprio pai agora se tratava de um dos meus maiores inimigos, por um momento pensei em desistir de tudo e sumir para sempre, mas as coisas não poderiam tomar esse rumo, era o meu dever resolver esse assunto e assim o farei. Deixei de lado todos os trajes formais e me concentrei no meu próprio conforto, já estava farto de demonstrar força, quando simplesmente estou quebrado e precisando de uma pausa.

Enquanto estava na área de lazer, meus pensamentos me levaram até Olívia. Ela saberia o que dizer agora, me daria toda a paz que meu coração precisa e seria meu ponto de luz, mas não posso ser egoísta e ir atrás dela, não agora que ela descobriu ser sobrinha de um homem poderoso. Sua cabeça está confusa, precisando de um momento para organizar todos os pensamentos e eu entendia isso, até porque eu precisava também. 

Depois da conversa tensa que tive com Matteo, mandei uma mensagem de urgência para Adam, ele precisava saber o que estava acontecendo e o que estava lidando. Obviamente, meu melhor amigo ficou preocupado, mas prometeu que chegaria no hotel pela manhã, não demorei muito na piscina e resolvi descansar ou tentar. Era por volta das cinco e quarenta e cinco da manhã quando acordei, a noite foi péssima, meu coração estava apertado, como se algo de muito errado tivesse acontecendo.

Tomei um banho gelado, tomei café rapidamente e peguei o primeiro táxi para o aeroporto. Adam estava próximo de aterrissar, eu precisava estar lá para recebê-lo. Pensei em avisar Matteo sobre a chegada do meu amigo, mas ele estava se escondendo em uma casa distante daqui, acompanhado de Monique — que prometeu protegê-lo. Ao menos, até termos certeza que ele está bem para se virar sozinho. Por ser domingo, o aeroporto estava lotado e quase não reconheci Adam. Ele estava diferente de dois meses atrás, parecia mais maduro.

— O que aconteceu com o meu melhor amigo? — falei ao abraça-lo.

— Agora sou um homem de negócios, papai comprou uma pequena empresa em Manhattan. — me doeu ouvir o carinho que ele demonstrara ao falar "papai"

Observei Adam, a barba estava feita, o olhar mais confiante do que nunca e o melhor: Estava sóbrio.

— Isso explica o seu sumiço, parou de responder as minhas mensagens. — falei, enquanto andávamos em direção ao táxi.

— Ele me deu um cargo que exige 100% da minha atenção, quase não consigo viver a minha vida. Inclusive, mudei recentemente para um apartamento em New York, aluguei o da Itália... — ouvi as novidades de Adam durante todo o percurso até o hotel.

Ele parecia bem, tranquilo e feliz.

— New York? Hum...Não me diga que está com Emilly? Que eu saiba ela mora na cidade. — impliquei e ele riu.

— Nós perdemos o contato e a última notícia que soube dela foi que ela está namorando com Carolina... A filha mais nova do Carlo Montenegro. — explicou, olhando Las Vegas pela janela do carro. — No momento, prefiro focar no trabalho.

— Oh céus! Você realmente mudou da água para o vinho, caro amigo. Estou feliz! — sorri e ele fez o mesmo.

— Falando em Emilly, como vai seu relacionamento com Olivia? — franzi a testa — Não me digam que ainda estão ficando? Você não tem idade para ser ficante, Henry.

E lá estava Adam e o seu jeito debochado de ser, algumas coisas não mudam.

— Não temos um relacionamento... Pelo menos não ainda. — respondi, pensando em como fazer aquilo novamente. Depois do que aconteceu com Petra, relacionamentos estavam fora de cogitação na minha vida... Mas Olívia apareceu e me fez mudar de ideia.

Nós mudamos o assunto e falamos sobre coisas aleatórias até chegarmos no destino final. Adam escolheu seu quarto e foi guardar suas coisas.

Esperei ele em minha suíte, pedi que trouxessem um café da manhã bem servido para nós e enquanto ele não vinha, mandei uma mensagem para Olívia. Hoje seria o dia em que ela escolheria o seu futuro, não queria que ela fosse embora sem me despedir. Caso ela resolvesse voltar à sua vida normal, eu estaria lá com ela depois de acabar com todos os planos de Giancarlo, mas se sua escolha fosse se tornar uma Ferrari, eu esperaria até que ela estivesse pronta para mim. Depois de mandar a mensagem, aguardei por uns minutos, porém notei que ela não foi entregue e que seu último visto tinha sido há doze horas.

Antes que eu pudesse pensar em algo, Adam gritou o meu nome, abri a porta e meu melhor amigo entrou, indo em direção a mesa farta de café da manhã. Deixei para ir atrás de Olívia assim que nossa conversa acabasse, talvez ela não tivesse com cabeça para as redes sociais, nem eu mesmo tinha.

— Eu estou morrendo de fome! A viagem foi um pouco longa. — sorri ao vê-lo comer as guloseimas disponíveis na mesa.

— É melhor iniciarmos nossa conversa, não sei por quanto tempo teremos esse sossego, você sabe que sempre aparece algo para que eu vá resolver. — e isso era verdade. Não me recordo da última vez que passei o dia inteiro sem fazer nada, sempre aparecia alguma coisa de importante.

— Então comece, estou ansioso para saber o que tem a dizer. Não subornei o piloto para chegar aqui cedo em vão.

Era realmente o Adam que eu conheci. Puxei a cadeira próxima à mesa e limpei a garganta, tentando achar uma palavra correta para dizer tudo o que soube sobre o pai dele. Era difícil, muito difícil!

— Adam, você pretende ter filhos? — perguntei, foi o melhor que pude fazer logo de início.

— O quê?! Não me diga que engravidei alguém... Oh céus! Henry... — arregalou os olhos.

— Não, idiota! Estou apenas te fazendo uma pergunta, agora responda... Você pretende ter filhos?

— Não sei, ainda estou na adolescência. — pensou por um momento. — Talvez sim, talvez não.

— Você tem quase trinta anos, não é mais um adolescente, Adam! — respirei fundo. — O que tenho para dizer é complicado... Você precisa me escutar, sem interromper nada, apenas escutar e entender, ok?

— Ok, fale de uma vez! Estou quase tendo um treco aqui. — cruzou os braços.

Comecei contando sobre o sequestro de Matteo, o quanto tudo foi muito estranho e...assustador. logo depois, falei sobre minhas suspeitas em relação ao meu pai, o que obviamente deixou Adam em alerta. Ele não confiava em Giancarlo, mas ficou surpreso ao perceber que tudo se encaixava, que ele foi baixo o suficiente para mandar sequestrar o próprio filho. Por fim, respirei fundo e decidi contar a parte mais importante: O acordo ridículo entre nossos pais.

Contei devagar, para que ele assimilasse tudo da melhor forma possível, mas o assunto era macabro e assustador. Ele escutava sem demonstrar qualquer reação, estava em estado de choque com tudo o que acabara de ouvir.

Naquele momento, torci para que ele acreditasse e se tornasse um aliado.

Caminhos QuebradosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora