Capítulo 73

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Henry Bianchi

Nós voltamos a Itália no mesmo dia em que meu melhor amigo foi sepultado. A dor era presente, me segurei o quanto pude para não desabar, Adam faria falta todos os dias de minha vida, isso era uma certeza dolorosa. Deixei Olivia em casa e levei minha mãe e minha irmã para a minha cobertura.

Foi uma surpresa quando minha mãe pediu para ficar na Itália. Ela adorava viajar pelo mundo, conhecer novas culturas e novas pessoas. No fundo, fiquei feliz com a sua decisão, quem sabe depois de tudo que aconteceu, finalmente poderíamos nos reaproximar.

— Essa cobertura é maravilhosa! — ela disse observando cada detalhe do meu apartamento.

— Henry tem um bom gosto! — Paola sorriu. — Vou tomar um banho para jantarmos. A senhora vem, mamãe?

— Vá indo, querida.

Quando Paola saiu, minha mãe me olhou como se quisesse descobrir alguma coisa. Eu a conhecia bem, sabia que tinha algo de errado, mas não queria acreditar de que se tratava de Olívia.

— Eu realmente queria conversar bem sério com o meu primogênito e agora tenho todo o tempo do mundo. — começou. — Não vim para o seu casamento porque precisavam de mim em Paris, mas acompanhei cada notícia pelas redes e me senti aliviada por não ter vindo. O que foi aquilo, Henry Bianchi?

— Não acredito que a senhora está aqui para me dar sermões. — afrouxei a gravata e me sentei no sofá. Eu estava exausto, tanto fisicamente quanto mentalmente.

— Ah, eu tive que vir! Você está na beira do precipício, meu filho. Como pôde abandonar a filha do Carlo Montenegro no altar? — cruzou os braços enquanto me encarava.

— Giancarlo me forçou a casar com ela, fez com que eu assinasse um contrato e tudo... — minha mãe permaneceu da mesma forma que ela estava e aquilo me chocou. — Não acredito que a senhora sabia do contrato!

— Seu pai comentou, mas... Henry ele estava querendo seu bem! Giancarlo te ama acima de tudo, você é o filho favorito dele.

— O quê? Não me fala isso! Quantas vezes eu fui dormir com a pele ardendo de tanta pancada que levei? Quantas vezes me senti diminuído porque nada que eu fazia agradava ele? Eu tenho cicatrizes! Tenho traumas que jamais serão curados e eu tentei! Não feche os olhos, você mais do que ninguém sabe que tudo isso é verdade! — desabafei, cheio de tanta conversinha boba. Nada havia mudado, Martina sempre defenderia Giancarlo.

— Eu sinto muito por isso, mas seu pai fazia pelo seu bem! Ele queria criar o homem que você é hoje. Pare de ser tão ingrato! Você realmente está mudado, primeiro por tratar o bastardo como o seu irmão e segundo por ficar de casinho com aquela...

— Matteo é meu irmão! Aceite isso! — levantei do sofá e encarei seus olhos. — Não tenho casinho com Olívia, eu pretendo me casar com ela!

— Não! Isso eu não aceito, Henry! Aquela mulher vem de um passado doloroso no qual fui machucada de diversas formas. Não aceito que você case com ela! Já basta o bastardo...

— Chega! Acho melhor a senhora ir para um hotel... Não quero escutar esses absurdos vindo de uma pessoa que eu amo!

Martina me olhou completamente surpresa. Ela empinou o nariz como sempre fez e arrumou o cabelo, pronta para fazer o que pedi.

— Espere... Onde está o seu pai? Ele não apareceu no sepultamento e nem retorna as minhas ligações. — me olhou desconfiada.

— Papai está passando por problemas, não pode ser perturbado pelas suas bobagens, mãe. Peço que fique longe da mansão, Carlota está lá.

— Carlota? Agora está de amizade com aquela interesseira? Henry, você está me decepcionando muito! Eu jamais pensei que você me detestasse tanto.

E o drama começou. Martina começou a chorar, lamentando o quão ingrato eu era. Pensei em rebater, mas seria perda de tempo, então apenas a levei para o hotel.

Depois de deixá-la, resolvi ir encontrar Olívia e pedir desculpas pela inconveniência da minha mãe, no entanto, acabei me deparando com Alicia. Ela estava descendo de um carro de luxo juntamente de um homem bem mais velho do que ela. Os dois entraram em um restaurante chique daquele bairro e pareciam bem íntimos.

Não entendi muito bem, mas resolvi não me estressar com isso. Espero que ela não esteja armando nada contra nós.

Cheguei na residência de Olívia e vi o carro de Matteo estacionado lá. Deixei o meu ao lado dele e me apressei para entrar. Uma funcionária me atendeu e assim que entrei, vi todos sentados no sofá da sala.

— Nós já íamos ligar para você. — Olívia disse com um sorriso genuíno nos lábios.

Me aproximei e a beijei rapidamente.

— Estamos planejando o restante de Emily. Olívia descobriu que ela está na Dolce Peccato. — Monique explicou.

— Tenho conhecimento desse lugar. — confessei. — Apenas empresários, políticos, chefes de cartéis e pessoas poderosas frequentam essa boate. O lugar é grande, tem alguns seguranças e fica afastado da cidade justamente pelo o que acontece lá.

— Henry... — Monique arregalou os olhos.

— O que acontece lá? Agora eu quero saber! — Olívia indagou.

— Você deveria ter contado, Monique!

— Não, ela não contou, mas você vai me contar! — Olívia estava nervosa por causa do rumo da conversa e creio que ficará ainda mais.

— As pessoas que frequentam Dolce Peccato tem fetiches estranhos e perigosos. Muitas garotas morrem no decorrer desses atos e as que escapam tem uma vida miserável no lugar. Elas recebem pouco, são cobradas, espancadas diariamente e ameaçadas. Quando não querem fazer o que foi pedido, as garotas são abusadas...

— Meu Deus! Precisamos tirar Emily de lá com urgência! — Olívia colocou a mão na boca, completamente surpresa.

— Nós estamos tentando entrar em contato com essa tal Nora. — Monique revirou os olhos. — Se tudo der certo, essa semana mesmo estaremos na boate e pegaremos Emily.

— Rafael vai surtar. — Matteo disse. — Se ele estiver planejando algo contra nós, aconselho mata-lo antes.

— Endoidou? Não podemos fazer nada com ele, pelo menos não agora. Precisamos provar que o juiz é corrupto, recorrer o processo dos bens e só quando tudo estiver nas nossas mãos novamente, aí sim mataremos ele.

— Vamos iniciar o plano então. — sorri confiante.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now