Capítulo 72

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Olívia Miller

Nós chegamos no cemitério onde ocorria o sepultamento de Adam e o clima estava tenso, triste, apagado. O pai e o irmão dele estavam abraçados, chorando. Outras pessoas estavam em uma tristeza visível, escutando tudo o que o padre tinha a dizer sobre Adam. Me aproximei e a primeira coisa que fiz foi abraçar Henry — esse segurava uma bolsa, estava abatido, com o rosto inchado e os olhos vermelhos . Eu o abracei tão fortemente, beijei seu rosto, seus lábios e fui seu consolo pelos próximos minutos. Ele não dizia nada, apenas chorava baixinho em meu ombro.

Quando Peter, o pai de Adam, pediu para falar sobre o filho, as pessoas se organizaram e se ajeitaram para escutar. Pouco antes dele começar, notei a presença de Alicia — a mulher havia acabado de chegar, parecia íntima dos demais. Ela me olhou cheia de fúria e se manteve distante, ótimo! Um pouco mais atrás, outra mulher desconhecia também havia acabado de chegar. Ela era uma dondoca, desfilava como se fosse uma top model e ao seu lado, Paola a acompanhava.

A mulher parou ao nosso lado e abraçou Henry — o que me deixou um pouco desconfortável, já que nunca tinha visto. Paola me cumprimentou e ela me olhou dos pés a cabeça.

— Olívia, essa é minha mãe, Martina.

Fiquei surpresa ao ver o quão bem conservada ela era, não podia nem imaginar que já tinha dois filhos adultos.

— Muito prazer, senhora??

— Conrado. — completou. — Meu filho, estou tão triste por sua perca, Adam era um ótimo rapaz. — me ignorou completamente e voltou a olhar para o filho.

Me senti ainda mais desconfortável, porém me mantive em silêncio. Matteo e Monique vieram até onde estávamos, ela estava um pouco pálida por conta do calor, preferiram ficar distantes até o discurso de Peter.

Notei certo desprezo de Martina para Matteo, os dois não se falaram, apenas trocaram olhares raivosos um para o outro. Era de esperar, já que ele é fruto de uma traição.

Peter começou o discurso um tanto quanto emocionado. Falou da infância de Adam, da adolescência rebelde e do futuro promissor que o filho tinha. Aaron o abraçou quando o homem desabou a falar de tudo de bom que o filho mais velho tinha feito por ele. A preocupação com o vício no álcool, as noites em claro que Adam cuidou dele e também das ressacas diárias que o filho fazia questão de evitar. Era impossível não notar o amor que aquele homem tinha por Adam, era forte, expressivo e lindo.

— E-eu quero falar algumas palavras.

Henry limpou o rosto e se aproximou do pai do melhor amigo, olhando fixamente para onde Adam estava prestes a ser enterrado. O buraco logo abaixo, abraçava o caixão preto onde o corpo descansava. Havia algumas flores brancas por cima do caixão e uma coroa linda de flores.

— Adam Jones... Eu te agradeço por ter sido o meu melhor amigo durante anos, te agradeço pela amizade, pelo carinho e pelos conselhos bobos que me dava. Você era o meu parceiro de farra, de copo e principalmente de vida! Eu não tenho palavras para descrever todo o sentimento que carrego por você. Você foi o meu irmão, o meu anjo da guarda e a minha felicidade do dia a dia. Seu jeito engraçado, suas piadas boas e seu amor por filmes do Harry Potter... — algumas pessoas riram nessa parte, inclusive eu. — são coisas que jamais esquecerei e sempre sentirei falta. Se não fosse por você e pelas suas palavras de conforto, eu já não estaria mais aqui... Meu amigo, quero que saiba, que enquanto eu estiver vivo, cuidarei de todas as coisas que você deixou aqui.. — nessa hora lembrei da filha dele e meus olhos encheram-se de lágrimas — Eu te prometi que sempre estaria com você, não é? E eu levarei essa promessa por toda vida, porque sei que você estará comigo na minha caminhada. Não quero dizer adeus, mas sim um até logo, sei que iremos nos reencontrar algum dia e eu espero ansiosamente para isso. — Henry abriu a bolsa que estava com ele e tirou uma garrafa de dentro. — Não pensou que eu ia esquecer, não é? Não quero que venha me assombrar depois... Aqui está o seu Bourbon. — colocou cuidadosamente a garrafa sob o caixão. — O amor é uma força linda e mais terrível do que a morte.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now