Capítulo 42

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Algum tempo depois...

OLÍVIA MILLER

A notícia do casamento de Henry e Alicia não me chocou como o imaginado, era mais uma decepção vinda de um homem importante para mim e, por mais que eu quisesse fingir que tudo estava bem, infelizmente não consegui. A minha vida mudou bruscamente a partir do exato momento em que coloquei os pés na Itália, foram dias de aprendizados e novas características para acrescentar em mim.

Shopping, cabeleireiro, reuniões, burocracias. Tudo aquilo se tornou rotina com o passar do tempo, mas algo não estava em meus planos; A morte precoce do meu tio. Apesar de não nos conhecermos como a minha vontade, Enrico se tornou uma peça muito importante para mim e sua morte me abalou profundamente.

Depois do luto, vieram mais burocracias e uma descoberta que balançou a minha amizade com Monique; Enrico mudou o testamento, deixando 50% de todo o seu patrimônio em minhas mãos. Obviamente, aquilo foi um susto muito grande, mas fiz o máximo possível para me acostumar com tudo o que aquela herança me proporcionaria ao longo da vida.

Arrumei um namorado, entrei na faculdade, tento conciliar minha vida pessoal com a profissional — mesmo não funcionando muito bem. E, agora nesse momento, finalmente comprei a minha casa! Um sonho de muito tempo atrás e que agora estava concretizado.

Olho para todos os detalhes e finalmente me sinto bem. Era de extrema importância aquela conquista e não poupei esforços para organizar um jantar para os mais íntimos. Era um final de tarde de uma quinta-feira, quando recebi a visita de minha prima. O jantar seria às oito, porém Monique resolveu chegar bem antes, deixando-me surpresa.

— O container com a cocaína foi roubado antes de chegar ao destinatário e segundo as minhas informações, um certo... Digamos, um certo italiano nada adorável estava pelos arredores do lugar. — cruzou os braços.

— E você pode me dizer de quem se trata? — sirvo uma dose de uísque para nós duas e a mulher ao meu lado respira profundamente.

— Matteo Gali. — diz, entre dentes. — O bastardo foi visto em um bar nas proximidades do destinatário. É óbvio que ele tem algo com isso! Sinto muito por estragar o seu jantar de comemoração, mas precisa cancelar e ir atrás do babaca. Nosso cliente não está muito satisfeito com a demora, perderemos rios de dinheiro por conta desse incidente.

— E o que você quer que eu faça, querida? Arranque a cabeça dele e enfeite a minha nova sala? — pergunto levando o uísque à boca, deliciando-me com o gosto amargo.

— Talvez o pinto seja mais eficiente... Estou dizendo que temos 48 horas para resolver essa situação ou estamos completamente ferradas. Espero que ainda tenha o contato do seu ex-namorado, porque vamos precisar dele! — avisa, antes de sair pela porta.

E era óbvio que tudo pararia em Henry.  Como se o destino tivesse brincando com a minha cara! Zangada, envio um e-mail nada educado à todos os meus convidados, cancelando o meu jantar e pedindo uma breve desculpas. Algumas horas mais tarde, outro e-mail foi enviado, dessa vez mais formalmente, convidando-o para um jantar de extrema urgência em um dos melhores restaurantes da cidade. Para a minha surpresa, o e-mail foi respondido em questão de minutos e a palavra confirmado deixou-me arrepiada dos pés a cabeça.

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Já fazia algum tempo que não nos víamos. Henry Bianchi havia se mudado para a Califórnia juntamente de sua noiva, as únicas notícias que eu tinha eram de jornais, sites de fofoca e de uma Emilly bem fofoqueira, que sempre estava a par de tudo em relação à família Bianchi. Era óbvio que aquele encontro estava me deixando ansiosa o suficiente para ter um ataque cardíaco, mas todo o meu esforço para se transformar em Olívia Ferrari ganhara força no exato momento em que coloquei os pés no restaurante.

Uma arma nada amigável descansava na pequena bolsa em que eu carregava ao meu lado, um vestido preto colado ao meu corpo e com um decote bastante evidente fazia com que boa parte dos olhares se chocassem contra mim, o cabelo tão liso e preto como a noite recaía pelas minhas costas, fazendo-me sentir poderosa. Henry estava lá, no horário certo, com o mesmo sorriso sacana de sempre e os olhos... Ah, os olhos! Ainda mais intensos do que eu lembrara, ele continuava igual.

Henry levantou-se da cadeira e sutilmente beijou a minha mão, sem tirar os olhos dos meus. Galanteador, era um termo exclusivamente dele.

Sentei na cadeira à sua frente e o homem fez questão de chamar o garçom, pedindo um dos melhores vinhos do restaurante. Sorrindo, encarei aquele que um dia me deixou apaixonada e breves lembranças assombraram a minha mente, quando sua mão pousou na minha.

— Você está linda. — ele começa, deixando-me desconfortável.

— Eu sei que sim. — digo convencida.

O garçom traz o vinho e serve em nossas taças. Levo-a a boca e beberico suavemente a bebida, Henry me olha com intensidade, quase o senti arrancando minhas roupas naquele momento.

— E então, o convite para o jantar... Hm... Me deixou surpreso, senhorita Ferrari.

— Será que deixei mesmo? Sabe, Sr. Bianchi... Atualmente sou uma mulher de negócios, que visa aumentar o patrimônio deixado para mim, no entanto, há pessoas que gostam de me atrapalhar e sequer imaginam o perigo que estão correndo quando fazem isso. — sorrio, passando os dedos carinhosamente pela palma de sua mão.

— Não estou entendendo onde quer chegar. — ficou sério, olhando os movimentos circulares que faço com os dedos na pele quente, quase pegando fogo dele.

— Estou dizendo que se deseja ter uma inimiga declarada está conseguindo e eu sou um pouco agressiva...— cravo as unhas em sua pele, arrancando um suspiro do homem. — Quando se trata dos meus inimigos. — completo, soltando sua mão.

— Senhorita Ferrari... — não o deixo terminar, pego minha bolsa, levanto e lhe dou as costas.

Henry me acompanha até a saída, sem se preocupar com a conta do restaurante. Ele pega meu braço, impendindo-me de entrar em meu carro.

Nos encaramos por longos minutos, até ele decidir se pronunciar.

— Como ousa me chamar até aqui para me confrontar? — seus olhos pareciam estar pegando fogo de tanta raiva. Quase enxerguei as narinas soltando fumaça.

— Não estou lhe confrontando, estou avisando. É diferente! — falo debochada e ele bufa com raiva.

— Você mudou muito, Olívia! Que tipo de mulher se transformou? — me olha incrédula.

Com um suspiro longo, puxo o meu braço e encaro sua face.

— Me transformei na mulher que não pode e nem vai ser sequestrada por ninguém. E, pretendo me transformar também na mulher que todos temem, inclusive você, meu caro. Exijo que o container esteja no porto amanhã cedo ou verá o inferno queimar nessa cidade! — abro a porta do carro e antes de entrar finalizo. — Está avisado!

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Que comecem os jogos 🔥

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Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now