Capítulo 63

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Henry Bianchi

Hoje seria o dia em que minha vida mudaria completamente, não só pelo casamento que seria em algumas horas, como também pelas decisões que terei de tomar. Acordei cedo ou melhor nem dormi, recebi o meu terno de casamento e o olhei com certo desprezo. Pelas redes sociais, observei Alicia se vangloriar por estar casando comigo, a felicidade era tanta que ela não cansava de espalhar aos quatros cantos que estava noiva de um milionário. Dispensei o rapaz que me ajudaria com o terno e fiquei algumas horas em frente ao notebook esperando o resultado da anulação do contrato.

Ouço a campainha e me desperto imediatamente, ao abrir a porta me deparo com Matteo. Meu irmão já estava arrumado para o casamento, vestia um terno azul com uma florzinha branca no bolso do paletó. O cabelo estava bem cortado e a barba aparada, parecia até o Matteo de antigamente, aquele mulherengo que só se importava com os rabos de saia da cidade.

— Ainda não se vestiu? Que eu saiba quem demora é a noiva. — disse ao entrar em minha cobertura.

— Não estou animado com esse casamento. — confessei, massageando a têmpora. Minha cabeça estava começando a doer.

— Sabe que não pode fazer essa desfeita, não é? Precisa da anulação do contrato primeiro. — preparou dois copos de uísque e me ofereceu, porém neguei.

— Que essa anulação venha antes dessa sandice. — entrei na cozinha e revirei a gaveta de remédios, achando um para dor. Ótimo! A última coisa que eu preciso é de uma crise de enxaqueca.

— Paola e eu estávamos conversando sobre como vão ficar os negócios de nosso pai. Ele está a caminho da clínica nesse exato momento, precisamos de uma resposta sua.

Virei-me depressa e o encarei completamente surpreso com aquelas palavras.

— Resposta? Que resposta? — peguei uma garrafinha de água dentro da geladeira e ingeri o comprimido.

— Você vai assumir os negócios da família ou não? Esse cargo é seu, nosso pai sempre fez questão disso. — havia mágoa em sua voz, aquilo me entristeceu, Matteo tinha tantas decepções, não queria ser a próxima.

— Você vai ficar bem com isso? Nós temos o mesmo sangue, somos filhos do mesmo pai e...

— Eu sou um bastardo, Henry. Apesar de ter o sangue de Giancarlo, sabemos muito bem quem ele considera filho. Estou bem com a situação, sei que fará o melhor para todos nós. — forçou um sorriso.

Caminhei até ele e mesmo não sendo do meu feitio, puxei-o para um abraço. Ele retribuiu no mesmo instante, não foram preciso palavras para descrever o momento, ele sabia, eu sabia e estava tudo certo. Não éramos de demonstrar amor por causa da nossa criação, mas estávamos convictos do que sentiamos um pelo outro.

— Agora vá se arrumar, você tem um casamento para cancelar. — ele disse quando o abraço se desfez. Sorri em resposta, no fundo, eu ainda tinha esperança de sermos felizes.

No caminho para o casamento, cogitei a possibilidade de ligar para Olívia e fazer promessas sobre nós dois, mas há tanto tempo que faço isso, creio que o melhor agora é ter atitudes para cumpri-las, então me calei. O casamento seria em um dos hotéis da minha família na Itália.

Não me surpreendi ao ver inúmeros fotógrafos e um tapete vermelho esperando a minha entrada. Alicia era fútil demais, aquilo só afirmava. Cumprimentei alguns jornalistas de canais de fofoca brevemente e entrei, sentindo meu corpo inteiro arrepiar.

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