Capítulo 47

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Olívia Miller

Monique me deu conselhos valiosos sobre clientes do sexo masculino e o preconceito estampado neles ao negociarem com mulheres. O senhor Montês apesar de velho, parecia completamente lúcido e pela forma indiferente que me tratou, soube de cara que havia algo errado.

Na verdade, desde o princípio suspeitei disso. Infelizmente ou felizmente, há anos tenho uma mania de observar tudo ao meu redor e ao entrar na máfia piorou. Começamos na entrada da casa, o jardim perfeitamente cuidado, limpo, mas as flores tinham aspectos diferentes, como se não fossem reais. A piscina estava fechada, as bordas pareciam novas, como se tivessem sido construídas há pouco tempo. Os móveis do casarão tinham cheiros de novos - sei que pode parecer bobagem, mas com a idade do anfitrião aqueles detalhes deixaram-me de orelhas em pé. Não havia fotos de familiares, tudo era muito moderno e organizado, as flores dos vasos eram falsos, a cozinha não tinha quase nada além do básico. A funcionária parecia nervosa, os biscoitos amanteigados eram de pacotes não feitos na hora, como ouvi ela se gabar para pouco funcionário que havia feito.

Sem falar que, tudo parecia robótico, estranho e o pressentimento - ah, os meus pressentimentos! Eles sempre estavam certos e a certeza disso tudo foi quando o velho pediu que esperassemos as gravações. Quem em sã consciência deixaria estranhos perambulando pela sua casa? Por um momento me repreendi, achando que minhas paranóia estavam indo longe demais, mas quando vi a funcionária guardando um revólver pequeno no vaso falso da sala, foi que me deixou ainda mais certa do que estava acontecendo.

Não, eu não estava confiando naquele homem quando voltei a entrar em sua residência para falarmos sobre o roubo. E de qualquer maneira, o meu plano B estava a caminho, pronto para me salvar dessa armadilha.

- Peço desculpas por... - procurou palavras, mas acabou se dando por vencido.

- Pode começar a nos contar sobre esse parente distante e o porquê ele roubaria as nossas cargas. - sorri sem humor algum e o velho tossiu.

- Rafael Castilho é sobrinho-neto de Enrico e um vigarista de meia tigela. - começou. - Pelos modos tradicionais que a família Ferrari aderiu conforme os anos, Rafael acredita que consegue tomar a herança deixada por Enrico apenas por ser o único parente homem vivo. Como sabem, esse comportamento era bem comum no século XIX.

A funcionária apareceu novamente com uma bandeja repleta de biscoitos e café, porém recusei totalmente. O velho, no entanto, aceitou, dando-lhe um gole generoso na bebida quente.

- E se o senhor não sabe, estamos no século 21. Esse tipo de comportamento... - debochei. - Não existe mais.

- É claro que sei disso. Mas não para a família Ferrari e seus costumes longínquo. Eles acreditavam e praticavam as lei desse século até pouco tempo, ensinaram seus filhos e netos os deveres de um homem e a submissão de suas mulheres. - o velho explicou, fazendo-me revirar os olhos.

- Ele vai perder tempo e dinheiro caso resolva recorrer o testamento na justiça. - sorri debochada.

- E a senhorita acha que um vigarista recorrerá algo na justiça? É óbvio que não! Ele usará o mais baixo e sujo para conseguir o que quer. - aquilo fez-me engolir seco. - Esteja preparada, senhorita Ferrari. Rafael Castilho não tem uma fama muito boa quando se trata de vigarices.

- E qual o motivo dele ter roubado as nossas mercadorias? Principalmente a minha, já que não o conheço e sequer tenho algo a ver com a fortuna de Olívia. - Henry pronunciou-se.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now