Capítulo 76

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Olívia Miller

Chegamos à maternidade ansiosos para conhecer o pequeno Luigi. Matteo estava prestes a cair duro de tanto nervosismo, quase não conseguimos passar pela recepcionista. Henry chegou um tempo depois com balões e presentes, do seu lado estava Paola. Nós quatro entramos no quarto e foi uma emoção sem fim, Luigi se parecia muito com Matteo, exceto os cabelos lisos e pretos iguais o da mãe. Monique estava feliz, plena, nem parecia que tinha acabado de passar por uma cesariana complicada.

— Seja bem-vindo, Luigi Ferrari Bianchi Gali. — Henry disse com os olhos brilhando ao conhecer o sobrinho.

— Ele é idêntico a você, Matteo! — Paola comentou.

— Não fale isso, tenho certeza que o queixo é meu. — Monique rebateu.

— Você está com inveja porque Luigi é minha cópia. — Matteo debochou.

Entre risos e conversas, passamos um bom tempo juntos, acompanhando cada etapa do novo membro da família. Paola se despediu quase no fim do horário de visita e foi embora, nos deixando sozinho.

— Precisamos falar sobre o atentado. Eu não queria falar nada na frente de Paola, mas não parei de pensar. — Matteo começou.

— Como foi? — perguntei, cruzando os braços.

Monique contou detalhe por detalhe e como notou rapidamente que estava em perigo. Se ela não tivesse percebido, provavelmente estaria morta.

— O juíz deve saber que eu fui atrás da esposa dele. Não estamos seguros, precisamos de mais armas e segurança.

Todos concordamos, de fato a Itália não era mais segura, principalmente agora que temos um bebê inocente em jogo. Não sabemos o quão sem caráter o juiz Gonzalez pode ser.

— O correto é você ir para o esconderijo assim que ganhar alta. Lá não tem o risco de alguém te encontrar. — falei e Monique negou com a cabeça.

— Não tenho como sair da cidade com o bebezinho indefeso. Infelizmente, preciso ir a luta.

— Ok, você ficará em meu apartamento, sob a minha proteção. —Matteo afirmou.

— Como assim "ficar em seu apartamento"? Eu não quero ser uma foragida! — Monique rebateu.

— Você não tem o que querer, Monique. Agora temos uma criança para proteger, ela precisa de nós! Pare de pensar só em você e comece a pensar em Luigi também...

— Vocês dois brigam até no hospital, misericórdia! Podem parar? O bebê está ficando nervoso... — e realmente era verdade. Luigi começou um chorinho de descontentamento.

— É ele que está me estressando... Inclusive o horário de visita acabou, preciso amamentar o meu filho. — respondeu ríspida.

— Já estamos de saída. — falei um pouco magoada pela forma que ela falou comigo. — Vamos? — olhei para Henry, que assentiu.

— E a velha Monique voltou! — Matteo falou irritado, dando as costas e indo embora.

Monique continuou em silêncio, me despedi rapidamente e saí do quarto junto de Henry. Matteo nos esperava, estava com um semblante exausto, como se precisasse de uma boa noite de sono.

— Ela precisa de um tempo, mas vai ceder, acredite! Você precisa descansar, seu filho receberá alta amanhã e necessita de vocês dois! — aconselhei.

— Você tem razão. — murmurou.

Matteo foi embora, preferiu ir com o carro dele. Henry e eu fomos para a minha casa, estávamos cansados, precisávamos descansar também.

Depois de um banho e um jantar, nós nos deitamos em minha cama e ligamos a televisão em um filme de romance qualquer — e sugerido por mim. Henry não gostava de filmes assim, mas assistia porque sabia que me agradava.

— Como foi lá? — ele perguntou.

Assim que pensei em responder, meu celular tocou, era o número de Nora já salvo em meu telefone.

"Eu pedi que um garoto fosse deixar a fantasia. Não esqueça, não temos outra chance."

"Sim, obrigada"

— O que ela queria? — me olhou desconfiado.

— Henry, preciso te falar... — comecei contando sobre o plano de Nora e sobre qual evento seria justamente no dia que escolhemos para salvar Emily.

Seus olhos arregalaram-se de espanto.

— Isso é perigoso, Olívia! Você vai entrar em um ninho de cobras, sem a certeza de que vai escapar. Não pode ir, não faça isso com você mesma.

— Emily precisa de ajuda, Henry. Eu não posso simplesmente virar as costas, entende? Peço que me apoie e concorde com esse plano.

Ele pensou um pouco, estava preocupado, era nítido. Eu me sentia mal por fazê-lo ficar assim, mas não sou uma covarde para dar para trás. Era a nossa única chance no momento.

Se tirássemos o poder do juiz, iríamos derrubar Rafael também e finalmente as coisas voltaram igual antes.

— Eu vou com você...

— Não! Você vai ficar na estrada, esperando que eu volte com Emily, assim como o planejado. Vou me fantasiar, fingir que sou uma das garotas e entrar... Ao ver Emily, saio pelos fundos e encontro com Matteo.

— E os seguranças? As câmeras? Já basta você ter mexido no celular do cara enquanto ele tinha saído. E detalhe; na sala dele, que provavelmente tem câmeras.

— É, eu sei que foi um vacilo, mas estou tentando.

Henry se aproximou e me encarou de forma que fiquei envergonhada.

— Quando tudo isso passar, quero finalmente dar um nome para a nossa relação... Eu estou apaixonado por você, acho que sempre estive para falar a verdade. — sorriu.

Passei a mão em seu rosto de forma carinhosa e selei nossos lábios. Eu o amava, era forte, era real. Eu tinha tantas certeza, como jamais tive.

— Tudo que for com você está bom. — beijei seus lábios novamente.

Nós ficamos ali, abraçados, vendo tv e curtindo o nosso momento de paz. Precisávamos disso, depois de tudo o que nos aconteceu era a única vez que conseguíamos ficar iguais pessoas normais. Eu não sabia o que seria dali para frente, mas ele estando ao meu lado, eu não precisava de mais nada.

Só que aquele momento de paz não duraria muito.

Estávamos quase dormindo, o cansaço do dia nos pegou em cheio, peguei o controle da tv e já estava prestes a desligar para dormirmos, quando o celular de Henry começou a tocar. Ele resmungou, já que queria dormir, mas sentou na cama e atendeu.

Seu semblante que antes era de sono, agora estava surpreso. Eu perguntava o que estava acontecendo, porém ele não respondia. Quando por fim, ele desligou, seus olhos ainda estavam arregalados com a ligação.

— Giancarlo sequestrou o bebê. — foi a única coisa que saiu de seus lábios.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now