Ceder ao que sentimos: 2

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O sol se escondera entre as nuvens e o clima caloroso que fizera pela manhã dava lugar ao frio ameno de uma tarde turbulenta.

Simone andava de um lado a outro passando uma das mãos ao cabelo de minuto em minuto. A angústia não cabia em seu peito, queria adentrar as portas das salas e descobrir onde Ciro estava e como estava, olhava o relógio, trincado, em seu pulso e a preocupação aumentava à medida que via as horas passarem e não receber nenhuma notícia do estado dele. Às vezes caminhava na direção das recepcionistas e insistia que checassem o nome do paciente no sistema para saber o que estava acontecendo, porém as mesmas apenas informavam que ele estava sendo atendimento o que para ela não era algo muito esclarecedor.

- Querida, se continuar andando assim irá abrir um buraco no chão - Eduardo comentou inquieto sentado a uma das cadeiras - Sente-se um pouco - Pediu com a voz cansada.

- Eu não consigo! Preciso saber como ele está - Respondeu a mulher de cabelo escuro enfática.

- Acho que andar de um lado a outro não resolve nada - Afirmou levantando-se e parando de frente a ela para que olhasse em seus olhos - Está assim só por preocupação ou teria algo a mais nessa sua ansiedade? - Insinuou sentindo um ciúme crescer em seu ser.

- Eu não posso acreditar que está querendo fazer insinuações ridículas nesse momento - Com um sorriso sarcástico e balançando a cabeça em negação incrédula com a postura do homem a sua frente ela continuou firme - Esse homem que está sendo atendido salvou minha vida hoje, se é que você lembra desse fato, nada mais compreensível que esteja preocupada com sua saúde. Se não fosse por tentar me salvar ele sequer estaria aqui e eu só Deus sabe onde estaria - Seu olhar era severo para o marido.

- Desculpe, amor! Você tem razão em estar preocupada - Engolindo em seco ele tentou pegar nas mãos dela que se esquivou das dele - Me deixei levar pelo estresse que esse momento está causando, desculpa - Pediu cabisbaixo.

- Estamos todos estressados, Eduardo - Inspirando profundamente ela finalmente se sentou na cadeira ao lado da que Eduardo ocupara.

- Você está um pouco pálida, Simone - Observou o governador preocupado se sentando ao lado dela e pousando a mão em seu ombro - Quer que eu te traga algo para comer? -

- Não, não estou com apetite - Suspirou cansada e recostou-se na cadeira de olhos fechados, cruzou as pernas e descansou as mãos entrelaçadas em seu colo - Não se preocupe comigo, Edu -

- Como não vou me preocupar? Você passou por um momento horrível hoje - Beijando o topo da cabeça da esposa o mesmo se levantou - Vou buscar algo para que você coma - Avisou antes de caminhar em direção a saída do hospital.

Simone continuou sentada estática no mesmo lugar que fora deixada e sem que a mesma se desse conta adormecera sentada a cadeira desconfortável da sala de espera. Seu corpo doía e sua mente estava cansada demais para resistir a deixá-la completamente consciente por mais tempo. Seus sonhos a levaram ao momento do atentado o que a deixou tensa todo o cochilo que tirara e o que pareceram horas para ela foram apenas minutos. Foi despertada de seu perturbável sono por uma mão em sua perna e uma voz ao longe lhe chamando, o eco daquela voz foi aos poucos se dissipando à medida que ela despertava e seus olhos encontraram uma Giselle com um sorriso de compaixão sentada ao seu lado.

- Desculpe te acordar assim, Simone, mas imaginei que quisesse saber como está Ciro - Explicou enquanto esfregava compreensivelmente o braço da outra mulher - Se você quiser ir descansar fique à vontade, tá? Não precisa ficar aqui, você deve estar cansada e dolorida da queda - Observou o rosto cansado da morena com pena.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now