Uma discussão e um susto: 72

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Ao amanhecer, na casa do Gomes, o dia começava radiante, luminoso, com ares de leveza que só aquele ambiente possuía.

Simone despertara mais cedo, deixando a cama com cautela para não acordar o grisalho, foi ao quarto dos gêmeos checar se já haviam acordado. Soltou uma respiração aliviada ao perceber que estavam tão dorminhocos quanto o pai naquela agraciada manhã. Ao caminhar até a sala, amarrando seu robe, ela encontrou Gael com os cabelos loiros bagunçados jogando. Abrindo um sorriso empolgado se aproximou do menino, beijou o topo de sua cabeça e o cumprimentou com doçura na voz, mesmo rouca do sono que ainda pairava por sua cabeça. Penteou os fios desgrenhados com os dedos e sentou-se ao seu lado, observando o jogo sem entender muito sobre o que se tratava. O garoto pausou e virou-se para ela com olhos ternos, deitou sua cabeça no colo dela e sorriu abertamente. A morena se curvou um pouco e roçou seu nariz ao dele com carinho, fez desenhos imaginários em seu rosto com o dedo e deixou que a criança pegasse sua mão para traçar caminhos nas linhas de sua palma. Ele a admirava com olhos atentos e ela sentia seu coração desmanchar com o amor que lhe tinha. Recordou o árduo caminho para conquistar aquele imenso e sincero carinho dele, seus olhos encheram de lágrimas e um suspiro a tomou involuntariamente. Jamais trocaria um detalhe, um segundo, um momento até construírem aquela relação de mãe e filho que alcançaram. Não se arrependia daquela família, não mudaria absolutamente nada se o resultado fosse o agora do qual era tão profundamente grata.

- Tá chorando, mãe?! - O garoto se preocupou ao perceber uma lágrima solitária descendo na bochecha dela.

- Só estou emocionada, meu amor - Sorriu com meiguice e quase se esvaiu em mais lágrimas quando o pequeno polegar dele limpou seu rosto.

- Pelo que? - Se sentou e a encarou com confusão em seu rosto.

- Por ter você como filho - Não suportou as próximas lágrimas que lhe desceram ao rosto quando o garoto escondeu o rosto tímido.

- Cê me ama tanto assim? - As bochechas estavam profusamente coradas, mordia o lábio tentando conter o sorriso, os olhos brilhavam para ela.

- Eu te amo mais que tudo, Gael! Sou tão orgulhosa do garotinho incrível que você é - Inspirou, pressionando os lábios, as lágrimas descendo copiosas quando a criança se jogou em seus braços e abraçou amorosamente - Sou tão sortuda por você me chamar de mãe, por me ver como sua mãe - O apertou contra si fortemente.

- Eu que sou por cê me escolher como filho - Escondeu seu rosto no pescoço dela e fungou - Te amo mamãe!

- Te amo, meu filho! Te amo muito - Beijou a cabeleira loira com afeto, o abraçando calorosamente - O que acha de me ajudar a preparar uma surpresinha para o seu pai?! - Se afastou do abraço e limpou as bochechas dele com os polegares.

- Ah é! Hoje é o aniversário dele - Lembrou, com entusiasmo na voz, usando a camisa do pijama para enxugar o rosto da morena que riu encantada - O que vamos fazer?

- Um bolinho pra ele e aquele cuscuz temperado que ele gosta... Você lembra dos ingredientes? - Ela se levantou e ofereceu sua mão para ele, que logo a entrelaçou com a dele.

- Lembro sim! - Seguiu junto a Tebet para a cozinha - Mãe! Acho que os maninhos acordaram - Apontou para o quarto quando ouviu o início de um choramingar.

- Vamos lá ver o que eles querem primeiro - Sem largar a mão do menino ela seguiu até o quarto dos gêmeos.

Quando chegaram ao quarto a mulher encontrou Sofia de bruços no berço, com a cabeça erguida tentando ficar nos quatro apoios enquanto Fernando choramingava com as perninhas encolhidas e as mãozinhas fechadas. Ela trouxe o pequeno nos braços e percebeu que o gêmeo estava com cólica. O segurou em um braço e com a mão livre tentou lhe preparar um banho quente. Gael a ajudou ficando atento a Sofia que sorria com gritinhos sempre que o mais velho lhe aproximava um ursinho do rosto e afastava. Após o banho do pequeno, onde ela o segurou com firmeza e tentou lhe relaxar com a água morna sobre a cabeça, a morena o enxugou e lhe deixou apenas de fralda. Massageou sua barriga com delicadeza, fez um movimento de pedalada com suas perninhas enquanto conversava suavemente para o acalmar. Quando o pequeno pareceu suavizar o choro, o rostinho indo do vermelho ao alvo, ela o trouxe nos braços e balançou com calma. Sentou-se à poltrona e lhe amamentou, tendo o pequeno refugiado em seu colo.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now