Calmaria: 41

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Em uma manhã ensolarada, a fazenda sendo tomada pelo som de pássaros ao longe e o vento forte levando folhas pelo chão graciosamente, Simone levantara antes que o amado despertasse, estava decidida a contar-lhe a novidade que mudaria suas vidas e apesar de temer uma reação negativa do mesmo ela sabia que não poderia esconder por muito mais tempo o que estava acontecendo. Fazendo sua higiene matinal rapidamente, passando as mãos pelos cabelos respirando fundo ela deixou o quarto silenciosamente e preparou uma bandeja de café da manhã para que ambos tomassem café na cama, retornando minutos depois ela não o encontrou mais dormindo e sequer estava a sua vista, aproveitou isso para buscar um envelope com a imagem de sua última ultrassonografia e colocou no canto da bandeja. Sentia o nervosismo na boca de seu estômago e a ansiedade para que ele retornasse crescia, quando percebeu que ele demorava no banheiro, e que tudo estava mortalmente silencioso, a mesma caminhou até a porta e bateu o chamando, mas a única resposta que recebeu foi uma fungada que a preocupou e quando adentrou o cômodo encontrou o grisalho desolado apoiado a pia com a cabeça baixa e as lágrimas pingando da ponta de seu nariz até o mármore da pia, os ombros do homem tremiam e ele parecia sufocar o barulho de seus soluços. Com o coração despedaçado em encontrar aquela cena Simone apenas o abraçou fortemente por trás e descansou sua testa nas costas dele querendo lhe passar consolo e calor naquele momento delicado e sentiu as mãos dele sobre seus braços retribuindo o contato.

- Desculpe... - Pediu o homem com a voz embargada - Eu não queria que me visse assim - Balançou a cabeça negativamente decepcionado consigo.

- Está tudo bem, meu amor - Tranquilizou Simone o apertando mais - Você perdeu um filho, tem o direito de viver sua dor - Fechou os olhos lamentando profundamente o que aconteceu.

- Como puderam fazer isso? - Indagou dolorido enquanto as lágrimas lhe desciam pelo rosto - Eu não conheci meu filho... Não pude o ter nos braços, Simone - Chorou se virando para a morena com os olhos vermelhos.

- Eu lamento, querido - Segurando sua própria vontade de chorar Simone limpou as lágrimas do rosto dele com os polegares.

- Eu não deveria ter saído naquele dia, deveria ter atrasado pra ir aquela consulta... Não deveria ter deixado levarem ela, eu deveria ter impedido de alguma forma - Se culpou fechando os olhos enquanto mais lágrimas fluiam por seu rosto.

- Ciro, olhe pra mim e escute atentamente o que estou dizendo - Exigiu levantando o rosto dele para encará-la - É doloroso o que aconteceu e você deve se permitir pôr pra fora tudo o que está sentindo, não tenho a dimensão da sua dor, mas posso imaginar o quão aterrador deve ser perder um filho... Eles não mereciam isso, a Giselle e seu filho não mereciam isso, ninguém merecia - Simone respirou fundo sentindo o nó em sua garganta ao recordar o dia que quase perdera os próprios filhos que sequer sabia da existência - Mas a culpa não é sua, você não poderia adivinhar o que estava para acontecer e não poderia evitar que fizessem o que fizeram. Os únicos culpados são aqueles malditos e espero que paguem muito caro por tanta crueldade - Seu coração pesava com o olhar ferido do amado e quando ele apenas continuou a chorar amargamente ela o trouxe em um abraço forte descendo e subindo com suas mãos pelas costas dele.

- Eu quero meu filho de volta - Implorou com a voz entrecortada.

- Eu sei, meu amor, eu sei - Com a voz suave à mesma sentia as lágrimas descendo pelo canto dos olhos.

- Não suportaria passar por isso de novo - Confessou escondendo seu rosto no pescoço da amada molhando ali com suas lágrimas e se agarrando mais a mesma em um abraço desesperado.

Salve-me do caosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora