Parto parte I: 60

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Com mais um mês avançando, a gravidez agora dando as boas vindas ao oitavo mês, a Tebet sentiu o peso duplicar e a levar à dores nas costas e exaustão. Mesmo com a sobrecarga da gestação cobrando um alto preço sobre seu corpo, a mesma se manteve o mais disposta possível não querendo se render mais a nada. Organizou mais um enxoval, ao lado de Ciro e Gael, tendo que os controlar para não escolher tudo o que vinham pela frente, para levar ao quarto que fizeram na casa em Sobral. Ela separou um dos quartos e o preparou para ser dos gêmeos, querendo que tivessem seu cantinho igualmente ali.

Em uma das manhãs que passaram na casa em Sobral, Ciro chegou e encontrou a amada e o filho no quarto a todo vapor com a pintura do ambiente, as roupas e os rostos sujos de tinta e risos frouxos ecoando pelo quarto. Ele parou na entrada e admirou a mulher em roupas mais largas e surradas, provavelmente suas, o que lhe fez rir contido, com o cabelo amarrado em um coque frouxo que fazia alguns fios caírem em seu rosto um pouco melado com a tinta. Quando ela percebeu sua presença e se virou para ele, com um sorriso que fechava seus olhos, as bochechas rosadas, o homem sentiu o ar lhe ser arrebatado e seus olhos se sentiram em um paraíso. Não sabia como, não imaginava ser possível, mas a cada dia que passava ele a amava e admirava mais, cada pequeno detalhe ainda lhe surpreendia e de maneira avassaladora lhe arrancava do chão para um doce sonho.

- Estão melhor que Van Gogh - Se aproximou e deixou um selinho nos lábios da amada.

- Engraçadinho - A mulher torceu o nariz.

- Não sei quem é esse, mas certeza que a gente fez melhor mesmo - Gael concordou e fez os dois adultos rirem.

- Assim que se fala filhão - Bagunçou o cabelo do filho - Suspeito que essa roupa não me serve mais - Brincou com ela.

- Bem, houveram necessidades maiores para ela - Riu.

- Precisam de ajuda? - Questionou, observando o lugar.

- Já tá pronto - Afirmou Gael.

- Mas, se você não se incomoda, poderia colocar os móveis no lugar? - Pediu com os olhos atentos aos objetos espalhados - Eu faria, mas aposto como seria impedida - Revirou os olhos e descansou as mãos no quadril.

- E está certíssima nessa afirmação - Reforçou - Enquanto vocês tomam um banho eu coloco tudo no lugar outra vez.

- Ficamos gratos - Deixou um beijo na bochecha dele.

Simone e Gael deixaram o quarto de mãos dadas e orgulhosos com o resultado de sua empreitada. Ciro observou admirado a pintura e, arregaçando as mangas, colocou os móveis em seu devido lugar de volta. Passou um tempo olhando o lugar feliz que sua morena voltara a ser como antes, que estava se esforçando em deixar tudo pronto para chegada dos seus filhos independente do medo que poderia ainda sentir, e com um sorriso aberto ele imaginou que a próxima vez que entrassem naquele lugar seria com os gêmeos nos braços.

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A viagem até a fazenda fora cansativa. A grávida dormia no banco da frente quando chegaram até o casarão com uma caminhonete, Ciro a despertou com cuidado e a ajudou a descer devagar do carro, o sol forte iluminava a imagem da grávida que fechava mais os olhos para proteger da luz excessiva. Um chapéu em sua cabeça, uma bata longa de tricô branca e uma calça preta acompanhavam o look da mulher. As mãos ao quadril para suportar o peso que já estava ficando dificultoso de carregar, e Gael por perto pronto a ajudar caso ela precisasse. Ciro levou as malas deles e deixou em seus devidos quartos.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now