Nada bem: 58

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Em uma noite tranquila Simone observou do balcão da cozinha Ciro ocupado em ajudar Gael com uma atividade da escola, com os protestos do garoto sobre já estar bom o suficiente naquela noite, e tendo o pai tentando o convencer de finalizar prometendo que jogarão após aquilo, ou ao menos o grisalho tentaria jogar, o que animou o menino e fez Simone rir da barganha sendo selada com um aperto de mãos dos dois. Ela deixou um beijo no topo da cabeça de ambos e saiu da cozinha.

Aproveitando que estava no caminho dos quartos ela parou em frente a porta do quartinho dos gêmeos, apertou a maçaneta e respirou fundo, adentrando o lugar que sempre lhe proporcionava uma sensação aconchegante, leve. A morena andou vagarosa pelo cômodo com olhos atentos, e encantados, passeando pelos móveis e decorações pensadas nos mais delicados e mínimos detalhes. A pintura a fascinou, os berços, os brinquedos que só agora percebera em algumas estantes e logo entendera quem comprou aquilo revirando os olhos, com um sorriso nos lábios, com a atitude do parceiro. Se aproximando de alguns ursinhos e os tocando sutilmente ela suspirou ilusionada com os pensamentos dos pequenos agarrados àquelas pelúcias e dormindo em seus berços calmamente. Inevitavelmente seus olhos fitaram desanimados o guarda-roupa, ela se aproximou e o abriu lentamente, rapidamente ficando desapontada consigo mesma por ter apenas uma peça ou outra como os presentes que recebera até então. Se culpou por aquilo, mas o temor de tornar real o que sequer sabia se viveria a consumia e a travara de uma forma que a própria sentia raiva de si por não superar.

- Perdoem a mamãe por não estar sendo boa o suficiente pra vocês - Baixou sua cabeça e acariciou a barriga com amor.

Ciro entrou no quarto após finalizar a tarefa com Gael, e o pedir para escolher o jogo que iriam jogar, dizendo que veria se Simone estava precisando de algo e voltaria. Ele observou por um tempo a mulher parecendo cabisbaixa em frente ao guarda-roupa que lhe incomodava pelo vazio que era. Se aproximou cauteloso e beijou o ombro dela, a abraçando por trás carinhosamente pensando que talvez agora ela aceitasse a ideia do enxoval. Quando a morena acariciou seus braços e virou-se para o encarar, brincando com sua barba crescendo, ele se viu quase afogado naqueles lindos e hipnotizantes olhos castanhos.

- Estava pensando em algo - Sorriu formando uma covinha na bochecha.

- O que seria, querido? - Questionou, passando a unha suavemente pela barba dele.

- Poderíamos encher esse lindo guarda-roupa de roupinhas, calçados... E tudo o que nossos filhos precisam - Levantou as sobrancelhas - Esse quarto ainda precisa de algumas coisinhas.

- Não vamos falar disso agora, por favor - Quis se afastar, mas ele a manteve segurando em sua cintura.

- Mas quando vai querer falar disso, morena? O parto está perto - Tentou convencer.

- Não está tão perto assim. Não é como se fossem nascer hoje ou amanhã - Mais uma vez abraçou seu pescoço e agora distribuía beijos por sua mandíbula - Por favor, hoje não.

- Mas precisamos fazer esse enxoval em algum momento - Insistiu, respirando fundo com os beijos.

- Eu concordo ok? Mas não essa noite - Mordiscou o lábio dele procurando desviar seu foco.

- Minha morena... - Cedeu a provocação e chocou seus lábios contra os dela, envolvendo mais seu quadril com um braço enquanto a mão apertava sua nuca.

Com um beijo apaixonado o peso entre eles se desfez subitamente. Se agarraram fortemente um ao outro, mantendo ainda assim uma pequena distância por causa da barriga crescida, enquanto suas bocas buscavam ardentemente por suprir suas mais profundas necessidades. O fôlego se perdeu junto a razão de ambos, os rostos ruborizaram com o desejo que despejaram no beijo compartilhado com ganas por consumação e quando necessitaram de ar tanto quanto necessitavam um do outro suas bocas se separaram inchadas e vermelhas, sem que eles se soltassem, ofegantes, deixando que sorrisos largos e olhos brilhosos os conectasse.

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora