Salve-me do caos

Te perder é meu calvário: 7

A chuva caia cada vez mais densa sobre os arredores do aeroporto trazendo consigo uma ventania fria e o desalento de suas gotas molhando o chão e quem por ali passara despreparado para uma tempestade.

Ciro soluçava agarrado ao corpo da morena desacordada em seus braços, tentando superar o estupor daquele momento, e desesperado por uma ajuda que nunca chegava, o homem se levantara com a senadora em seus braços. Respirando fundo o grisalho andava a passos apressados caminhando para longe do aeroporto ignorando os agentes que o chamavam assustados, o único objetivo em que focava naqueles minutos cruciais era em conseguir o socorro que sua amada necessitava, seu peito apertava em angústia sentindo a cabeça dela pender suavemente em seu ombro. Ele começou a correr, fazendo imenso esforço para enxergar no meio da chuva forte que caia à sua volta, ao perceber a respiração superficial da morena e sua mente funcionava a mil segurando-a firme em seus braços.

- Alguém, por favor! Socorro! - Gritava com todo o seu ser pelas ruas olhando ao seu redor procurando algo que parecera um hospital ou algum bom samaritano - Por favor! Alguém nos socorra! - Ciro sentia que suas lágrimas se uniam as gotas de chuvas em seu rosto.

O homem corria e gritava completamente desnorteado segurando o corpo frio e imóvel da mulher que amava, o sangue continuava a fluir pelo ferimento e agora manchava toda a camisa amarela que o ex-governador usava. Sua cabeça explodia e seu desespero aumentava quando escutou o som de sirenes e caminhou o mais rápido que podia em sua direção, nunca pensou que sirenes lhe trariam alguma esperança um dia, e quando seus olhos avistaram a ambulância que se movia um pouco mais lenta pela tempestade, e parecia seguir rumo ao aeroporto, Ciro correu até ela arrumando forças de onde não tinha e gritou forte chamando a atenção do paramédico que tinha a cabeça um pouco para fora da janela tentando conferir se a pessoa que precisava do socorro estava por ali.

- Parem essa porcaria, por Deus! - Reclamou em uma entonação exasperada carregando Simone até a ambulância que por fim parara e paramédicos desciam a seu encontro com uma maca - Ela precisa de ajuda, é a senadora Simone Tebet! Foi baleada nas costas e já sangrou muito - Explicou Ciro quase sem respirar, em pura euforia, colocando delicadamente a morena deitada a maca sentindo os braços tremerem por medo de não voltar a vê-la.

- Vamos levá-la a emergência o mais rápido possível - Avisou o paramédico ao motorista da ambulância - O senhor irá junto? - Perguntou o jovem paramédico a Ciro enquanto com o auxílio de outro paramédico colocava Simone para dentro do automóvel.

- Com certeza! - Afirmou com convicção o candidato do PDT subindo na ambulância e sentando-se ao lado de Simone segurando firme a mão dela nas suas - Não sairei do seu lado por nada - Sussurrou no ouvido dela e depositou um beijo em sua têmpora.

Enquanto os paramédicos colocavam um acesso na mulher inconsciente e uma máscara de oxigênio, Ciro mantinha o apertar na mão sem calor da senadora sentindo um buraco se formar na boca do estômago em cogitar que aqueles lindos olhos negros não voltariam a encará-lo. A pele rosada de vida agora jazia naquela maca em uma palidez assombrosa, sua blusa branca estava encharcada pelo sangue e pela água da chuva e a alma parecia escapar-lhe do corpo tamanha era a superficialidade de sua respiração. O ex-governador sentia as lágrimas se formarem mais uma vez por seus olhos e rolarem dolorosas e afiadas pelo rosto úmido. Retirado de seu devaneio por um apitar agudo, de uma das pequenas máquinas que estavam ligadas a Simone, Ciro sentiu o mundo parar e sua garganta se fechar para passagem de ar ao entender o que aquilo significava.

- Rápido! Pegue o desfibrilador, ela está tendo uma parada cardíaca - Avisou um paramédico mais velho e mais experiente ao mais jovem que prontamente preparou o material e o entregou - Agora se afaste - Parando a massagem cardíaca que fizera enquanto o paramédico mais jovem preparava o material, o profissional mais velho logo abriu os botões da camisa branca de Simone expondo todo o comprimento de seu busto até seu abdômen.