Buscando perdão: 53

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A cabana dava adeus a uma noite fria e tempestuosa dando as boas vindas à uma manhã quente e ensolarada. Alguns pássaros cantaram e alçaram voos dos galhos de árvores que ainda pingavam, na ponta de suas folhas esverdeadas, os resquícios da chuva densa. Os arredores, todavia, tinham algumas poças d'água pelo caminho e a areia continuava escorregadia por alguns pontos.

O casal que dormia serenamente abraçado para se aquecer e aconchegar-se um no outro despertava lentamente com o som de gotas de água caindo do teto ao piso de madeira no lado de fora da cabana. Dentro da estrutura se conservava o calor da lareira que agora estava apagada e cheia de cinzas onde outrora crescia um fogo forte. Ciro beijou o ombro nu da amada quando a mesma se mexeu em seus braços e abriu os olhos vagarosamente se adaptando a suave claridade do local, um singelo sorriso foi o cumprimento que recebeu. Um selinho uniu seus lábios mais uma vez enquanto os braços se apertavam buscando um pouco mais de afago com os corpos ainda nus e calorosos semicobertos pelas mantas macias e grossas.

- Bom dia, morena - Tirou alguns fios, agora secos, de cabelo do rosto dela e beijou o canto de seus lábios.

- Bom dia, Ciro - Tapou a boca com a mão quando um bocejo a dominou - Acho que gostaria de dormir mais, estou cansada - Admitiu, com a voz rouca, escondendo o rosto no peito dele por alguns segundos e voltando a fechar os olhos.

- Pode voltar a dormir, meu amor - Afirmou, a acolhendo em seus braços - Não tem pressa - Tentou a cobrir melhor com a manta.

- Tem um porém - Gemeu frustrada, voltando a abrir os olhos e sentando devagar com a manta apertada ao peito.

- E qual seria? - Questionou seguindo o movimento dela e sentando.

- As crianças já devem ter chegado - Recordou.

- Elas sabem se virar. Apesar de as chamar de "crianças", a única criança de fato ali é o Gael - Sorriu e beijou o ombro dela com carinho - Então isso não precisaria ser um empecilho pra você dormir mais um pouquinho - Espalmou a mão pelas costas nuas da mesma.

- Você tem um ponto... Porém - Riu e tocou a barriga - Esses pequenos aqui estão famintos e não estão se esforçando nada pra disfarçar - Reclamou, sentindo os movimentos nervosos.

- Meus pimpolhos precisam comer então - Colocou a mão sobre a dela e sorriu - Bem, como não há o que se fazer aqui pra alimentar nossos amores, o jeito será voltar pra fazenda - Lamentou.

- Quando chegarmos lá eu vou comer e depois de um banho voltarei a dormir - Afirmou insatisfeita - Vamos antes que eles façam mais bagunça aqui dentro - Procurou com o olhar as roupas espalhadas pelo chão.

- Deixa que eu te ajudo a levantar - O homem alcançou sua cueca boxer e levantou oferecendo a mão a morena.

- Obrigada - Agradeceu com a voz abafada pelo esforço ao levantar.

- Você fica linda assim - Suspirou apaixonado com a visão do corpo da mulher.

- Ciro, por favor - Sorriu com as bochechas ruborizadas e sinalizou para o canto da cabana - Poderia pegar minha calça ali - Pediu e tentou se abaixar para pegar as outras peças próximas dos lençóis - Ai! - Respirou fundo e colocou uma mão a barriga enquanto a outra ia ao quadril, a cabeça baixa e os cabelos cobrindo o rosto.

- O que foi? - Questionou o grisalho voltando com a calça em uma mão enquanto a outra tocava o braço dela no intuito de apoiá-la - Morena, o que você tem? - Insistiu preocupado.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now