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Por Brasília o dia passara corriqueiro, um clima monótono inundava os ambientes e as pessoas que por ali habitavam.
Simone dirigia até o apartamento recordando, com um sorriso meigo, o final de semana que tivera com Gael, o agito do menino animou o que agora parecia melancólico a volta da mulher. Com um suspiro de saudades a morena observou as nuvens nublarem e pesarem no céu acima que escurecia, sentiu-se aliviada em ter um guarda-chuva a postos em seu carro para não ser surpreendida com chuvas fora de hora e encharcar o apartamento com roupas molhadas. Ao se aproximar do seu destino seus olhos, semicerrados, tentaram identificar uma figura familiar a frente na calçada do lugar, as gotas densas que passaram a cair atrapalhavam a visão da morena, porém logo reconheceu o homem que a esperava, mais uma vez, e um sorriso involuntário se apoderou de seus lábios. Parou o carro próximo ao indivíduo e pegou o seu guarda-chuva se prontificando a evitar que o mesmo terminasse mais encharcado do que já estava. Quando a mulher desceu do automóvel e se aproximou do homem seu coração vibrou no peito com o olhar entristecido e meio sorriso que lhe foi dedicado quando ofereceu abrigo contra o dilúvio que caira dos céus sem aviso naquele final de tarde.

- Você não deveria estar tomando essa chuva toda - Repreendeu a morena com uma expressão penalizada - Onde você está com a cabeça, Ciro? -

- Em você - Respondeu o homem aceitando compartilhar o guarda-chuva e, todavia, se molhando por não se aproximar muito da mulher - Aceito qualquer coisa pra te ver -

- Notei... - Mordendo a parte interna da bochecha contendo um sorriso convencido a mesma deu um passo mais perto para cobrir melhor o grisalho - Não vejo outra escolha se não te convidar a entrar comigo -

- Eu já te vi e isso me basta, posso ir embora se quiser - Sugeriu mesmo querendo ficar.

- Não seja bobo, venha comigo - Simone ofereceu o braço ao homem a sua frente que entrelaçou ao dela - Só peço que não confunda as coisas, você vai ficar no meu apartamento por ser o mínimo que posso fazer já que veio até aqui e passará a noite por causa dessa chuva, mas nada além disso - Avisou.

- Estou ciente disso e obrigado pela gentileza - O mesmo deu um sorriso de canto de boca e seguiu a mesma até o carro.

Após a mulher estacionar o carro na garagem ambos se encaminharam silenciosos até o apartamento. Se olhavam com o canto dos olhos sentindo um certo nervosismo e ansiedade em dormirem uma noite sobre o mesmo teto sozinhos como antes do término. Quando adentraram o lugar Simone deixou suas coisas num cômodo próximo a porta e olhou Ciro de cima a baixo respirando fundo ao notar a roupa pingar no chão.

- Melhor você ir tomar um banho para trocar essas roupas - Disse coçando a nuca incomodada com a poça no chão.

- Minhas roupas estão no hotel - Explicou o homem constrangido - A não ser que me queira nu aqui - Riu.

- Muito engraçado! - Com um sorriso falso a mesma se aproximou dele e indicou o caminho para o banheiro - Vá logo e deixe que eu pegue as roupas que tem aqui -

- Ainda tem alguma roupa minha aqui? - Indagou com surpresa.

- Bom, você deixou algumas aqui no período em que vinha dormir comigo e ainda não tinha voltado pra pegar... Então sim, tem roupas suas aqui - Simone limpou a garganta tentando afastar recordações das noites que tiveram juntos ali.

- Pensei que você tivesse se desfeito delas... - O homem deu mais um passo a frente e colocou as mãos no quadril da morena a trazendo para perto - Simone, por favor, me diga que ainda tenho alguma chance com você - Pediu em um tom baixo olhando profundamente nos olhos da mulher.

Salve-me do caosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora