Não os deixarei: 65

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Simone despertou confusa, sua cabeça girava e seu corpo doía terrivelmente, seus olhos piscaram algumas vezes se adaptando a luz intensa do lugar. Ela sentiu um formigamento em suas mãos um pouco dormentes, a sensação de algo se fechando calorosamente em seus dedos, e aquecendo com agradável surpresa sua pele, a intrigou.

Movendo sua cabeça, tentando segurar sua náusea, ela observou Sofia e seus olhos brilharam em lágrimas, queria tocar sua cabeleira escura, mas seus braços pesavam demais para os esticar ou erguer, virando a cabeça para o outro lado, onde sentia o abrir e fechar de um aperto em seu dedo, ela vislumbrou Fernando e seu coração vibrou de emoção. Sua boca se abria tentando os chamar, mas estava rouca e frágil naquele momento, sentia-se sem forças para fazer o mínimo esforço que fosse.

- Ciro... - Murmurou baixinho.

- Estou aqui, amor - Tocou seu braço frio, com cautela.

Seus olhos então encontraram os olhos chorosos de Ciro, um singelo sorriso se formou nos lábios de ambos, ele se aproximou devagar dela e tocou seus cabelos, ela fechou os olhos com aquele gesto completamente aliviada de poder o ver e sentir outra vez. Pensara que não voltaria, quase cogitou haver perdido tudo pelo que lutou, tudo que conquistara até ali e seu coração batia fraco só em recordar esse sentimento de derrota.

Quando retiraram seus filhos do quarto, ouviu o choro forte e alto de Sofia enquanto Fernando apenas choramingava fraquinho, ela tentou se levantar da cama, se moveu inquieta, mas a dor ao fazê-lo a venceu. Atingida por uma dor dilacerante, e uma vertigem, seu corpo voltou a cama, como se estivesse presa ali, e seu coração sangrou em ver os filhos mais uma vez levados para longe.

- Calma, Simone. Traremos eles de volta assim que examinarmos você - Informou a doutora com uma voz mansa.

- Meus... meus bebês - Inspirava profundamente.

- Eles já vão voltar, morena - Tentou tranquilizar, o homem, penalizado com seu estado de confusão e dor.

- Traz... traz eles - Implorou, as lágrimas fluindo pelos cantos dos olhos, e o cenho franzido em dor.

- Prometo que trarei - Beijou a testa dela com doçura.

A voz dela estava abafada com a máscara, seus olhos suplicantes e sôfregos pedindo os filhos de volta, e sua mão quase não soltando a do amado quando ele fora guiado a deixar o quarto para que pudessem examinar a paciente. O coração do mesmo pesou ao lhe ouvir chamar por ele baixinho, um pedaço seu foi arrancado ao deixar a sala. Ele esperou encostado na parede em frente a porta, ansioso para poder estar ao lado dela agora que despertou e trazer os gêmeos para lhe conhecer como ela pedia.

Respirou fundo, e esperou, sentindo que o tempo não passava. Quando uma hora depois a doutora deixou o quarto lhe explicando os procedimentos que fariam para que a mulher estivesse liberada para estar com os filhos ele lhe agradeceu. O grisalho passara toda a manhã acompanhando os exames que a morena fizera, mantendo-se ao lado dela e reafirmando que logo estaria com os filhos.

- E-eu... quero tanto... ver eles - Chorou baixinho, a mão apertada a dele - Quero... pegar eles - Suplicou angustiada

- Você vai ver eles, prometo que vai - Enxugou as lágrimas dela com o polegar, e beijou as costas de sua mão, a alma rasgando em vê-la naquele estado sensível.

Quando finalizaram os exames e os procedimentos na mesma a levaram para repousar em um quarto onde fora medicada e sedada para se acalmar e não prejudicar sua recuperação ou os pontos. Ciro continuou sentado ao lado dela, zelando seu sono, esperando cheio de expectativa para que agora a família pudesse estar reunida e bem.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now