Seus olhos: 21

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Alguns dias se passaram e com eles os ânimos se acalmaram entre Ciro e Simone. O mesmo se mantinha uma parte do tempo em Brasília já que a morena não tinha tempo para ir a Sobral com todas as ocupações para organizar seu ministério e iniciar planejamentos. O grisalho atenciosamente providenciava tudo que fizesse a namorada ficar mais relaxada e confortável, desde que faltara a cerimônia o homem se tornara o mais entregue possível para tudo o que a Tebet quisesse ou precisasse. Seu coração pesava em cogitar que a mulher pudesse querer o deixar após Giselle contar de sua gravidez, parecia que o mundo desmoronaria em sua cabeça caso aquela morena o abandonasse naquele mar de confusões. Seu amor por ela o fazia querer desafiar o mundo a sua volta e enfrentar tudo e todos, sem ela pareceria que nada mais faria sentido em sua vida e que nenhuma força o manteria de pé. Quando Simone chegou cansada em uma das noites, naquela semana agitada, o homem apenas se sentou junto a ela ao sofá do apartamento e deixou que a mesma descansasse seu corpo sobre o dele, a cabeleira escura repousara em seu ombro enquanto as mãos suaves da ministra acariciavam seus antebraços que estavam rodeando o abdômen da mulher.

- É bom estar com você aqui - Afirmou a mulher em uma voz rouca de cansaço.

- Vou estar sempre que você precisar, morena - Ciro beijou a têmpora da morena em seus braços.

- Se quiser voltar a Sobral antes do final de semana eu não me chatearia - Disse Simone enquanto relaxava seu corpo ao calor do dele.

- Só volto com você, meu amor - Reforçou o grisalho com uma voz doce.

- Estou com saudade do Gael - Sorriu a mulher ao recordar o enteado quase fechando seus olhos que pesavam de sono.

- Ele também está com saudade de você, ansioso pra te ensinar a jogar - Comentou o homem sentindo a respiração de Simone ficar mais suave.

Quando Simone caiu em um sono profundo sobre aquele sofá o cearense, levantou-se do sofá cautelosamente, e a ergueu em seus braços com cuidado. Levando a mesma ao quarto onde a deitou sobre a cama com delicadeza e retirou seu salto, logo em seguida cobrindo a mulher com o edredom e se deitando ao seu lado envolvendo-a com um braço amoroso.

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No domingo de manhã em Brasília o sol raiava pelas frechas da janela enquanto o casal dormia abraçado, com pernas entrelaçadas e respirações compassadas em um só ritmo. Ciro e Simone exaustos dos dias perturbados daquela semana acordaram quase pela tarde e enquanto tomavam um café da manhã atrasados, na tv noticiava um atentado de extremistas no Palácio do Planalto.

Simone sentiu um calafrio em sua barriga ao assistir tamanha atrocidade. A barbárie feita naquele lugar lhe fazia sentir que estava em alguma distopia fictícia, jamais imaginou que se pudesse chegar aquele ponto a situação e o temor por sua própria segurança por um momento a paralisou onde estava. A revoltava todo aquele escândalo por nada e revirava seu estômago presenciar tanta ignorância e vandalismo em um lugar só. Respirando pesadamente com mil pensamentos tomando conta de seus sentidos a mulher ainda estava incrédula com o que seus olhos presenciavam naquela tela. Quando seu corpo pareceu estremecer com a visão de tantos objetos violentamente quebrados, com tanto ódio e agressividade, uma mão tocou seu ombro acolhedoramente e sua atenção voltou ao apartamento.

- Querida, você está bem? - Perguntou Ciro preocupado colocando mãos quentes em ambos os ombros da morena.

- Estou um pouco chocada com tudo isso - Disse Simone desnorteada voltando seu olhar ao homem e virando-se para ele.

- São apenas fanáticos tolos, meu amor... Não se preocupe com isso, tenho certeza de que tudo irá se resolver logo - Passando as costas da mão pela bochecha pálida o homem tentou confortar a mulher a sua frente.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now