Te concedo essa dança: 66

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Alguns dias se passaram naquele hospital e desde que voltara a consciência a Tebet desejava deixar aquele lugar que para ela se tornara sufocante. Mesmo que tentasse convencer o grisalho a deixar o local para ir descansar, o homem era irredutível em permanecer ali com ela e os gêmeos. Entre choros de fome dos bebês, ou cólicas, o amado tentava a ajudar no que conseguia e se mantinha completamente atento aos três sobre qualquer alerta.

Os enteados de Simone haviam voltado para o Ceara precisando voltar as suas obrigações, mas constantemente ligavam para o pai querendo notícias dela e dos irmãos, mantendo o contato frequente entre eles. As Marias voltaram aos seus compromissos pessoais mas, assim como os filhos do Gomes, mantiveram o contanto constante com a mãe mesmo distantes. Gael ficara com Fairte vindo visitá-la no hospital algumas vezes durante o tempo internada ali, o que trazia alguma paciência a mais para que aguardasse a tão esperada alta.

- Quer que eu ajeite a posição das almofadas pra você? - O grisalho questionou ao perceber a mulher inquieta.

- Eu quero é ir embora daqui - Revirou os olhos, jogou a cabeça para trás e cruzou os braços.

- Calma, morena. A doutora disse que hoje vem ver vocês e talvez a alta saía - Pareceu otimista, com um sorriso singelo, enquanto a mulher entortava os lábios.

- Me pergunto quantas vezes você vai dizer isso essa semana - Reclamou.

- Estou tentando te consolar - Riu contido, para não acordar os gêmeos, quando ela fez um bico enfurecido - Você está com o biquinho da sua miniatura - Apertou o queixo dela com carinho e indicou com a cabeça para Sofia que dormia ao lado.

- Isso, Ciro, fica aí rindo de mim - Bufou, desviando o olhar.

- Oh meu amor - Acariciou o rosto dela delicadamente - Vamos sair ainda hoje daqui, garanto.

- Eu espero que esteja certo - Sua expressão séria, amenizou, quando sentiu os lábios dele por seu rosto deixando um caminho de beijos doces - Não aguento mais estar aqui.

- Eu sei, eu sei - A abraçou com cuidado - Já, já vamos estar na casa da sua mãe.

- Na casa da minha mãe? Mas o quarto dos gêmeos está na fazenda - Franziu o cenho.

- Acho que não seria bom pra você voltar àquele lugar agora - Explicou.

- E nossos filhos vão dormir onde? Os berços deles estão na fazenda, Ciro - Insistiu.

Antes que o homem argumentasse sobre esse fator a doutora adentrou o quarto com seu costumeiro sorriso simpático, checando os gêmeos, que despertaram manhosos, para logo ir a paciente. Para ela era um alívio ver que Simone havia despertado e se recuperava bem após todo o susto e desespero do nascimento até ali.

- Parece que os três estão muito bem - Começou - Vou te dar alta, porém, dona Simone, nada de viagens e mantenha muito repouso. Não quero saber que está se esforçando, tudo que passou foi muito delicado e os pontos da cesariana ainda estão sarando.

- Eu não deixaria essa mocinha aqui extrapolar, doutora - Ciro, afirmou, com um sorriso empolgado.

- Por favor, Ciro - A doutora riu com uma mão ao ombro dele - É bom te ver acordada.

- Obrigada por tudo, doutora Cibelle - Simone, agradeceu, pegando na mão da outra mulher.

Com as receitas, e orientações, o casal comemorou a alta tão aguardada e com cuidado o homem ajudou a amada em se organizar para deixar o lugar. Com ajuda de enfermeiras ele vestiu a saída maternidade dos filhos. Enquanto Simone usava um vestido soltinho e sedoso bege, com um casaquinho em mesma tonalidade, os gêmeos estavam em um macacão bege com capuz de crochê, a roupinha cobrindo dos bracinhos até as perninhas, os pés aquecidos em meias com lacinhos. Dormiam serenos, cada um em um moisés, aquecidos entre mantas brancas quase de mesma cor de suas próprias peles alvas e sensíveis. As bochechas rosadas, e volumosas, deixando seus rostos um mar infindável de ternura aos olhos.

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now