Adaptações: 67

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Com o decorrer dos dias os pais dos gêmeos se adaptavam a rotina desregulada dos bebês. Pelas madrugadas se dividiam para alimentar ou trocar as fraldas dos pequenos, os gêmeos acordavam choramingando, e a babá eletrônica despertava os pais ao seu chamado. Simone acordava cambaleante e ia ao encontro dos pequenos sem despertar o pai deles, em outros momentos era Ciro quem acordava para cuidar dos filhos e deixava que sua amada dormisse para descansar de todo um dia atendendo as necessidades dos pequenos. Em certas situações em que Sofia se negava a tomar o leite na mamadeira, penalizado, Ciro despertava a mulher e a entregava sua filha na cama sempre auxiliando no processo de eliminar os gases. Pelas manhãs o grisalho cuidava para que Gael tomasse o café da manhã e se preparasse para o colégio enquanto a morena amamentava os gêmeos, quando o loiro saía a mulher tomava um banho e descansava e o cearense mantinha a casa em ordem e ajudava quando os bebês despertavam inquietos.

Em uma manhã de sexta-feira, ao retornar após deixar Gael na escola e fazer algumas compras, o homem encontrou a casa silenciosa e pensou que os gêmeos dormiam enquanto a mãe deles relaxava na varanda tomando seu chá como de costume. Porém um pequeno barulho no quarto dos pequenos o alertou, enquanto colocava as sacolas na mesa da cozinha, e ao chegar lá se sentiu dividido entre reclamar ou sorrir bobo com a cena. Fernando dormia em seu berço, serenamente como sempre, mas Sofia estava desperta e sendo amamentada por sua mãe. Simone tinha a filha bem acolhida em um braço, a pequena distraída em sugar o leite faminta, enquanto com sua mão livre segurava documentos do ministério mandados para que analisasse. Seus olhos percorriam o papel, a atenção bem dividida entre sua análise e a bebê, que mantinha olhos atentos a mãe com um ar de curiosidade, Simone lhe sorria com ternura sempre que percebia seu olhar sobre ela.

- Morena, você está de licença - Cruzou os braços tentando manter seriedade - Não precisa estar analisando esses documentos.

- Não preciso, mas quero - Sofia levantou uma sobrancelha, e sorriu, largando o peito para soltar um pequeno gritinho com um sorriso banguela fechando seus olhos - Ela concordou comigo - Sorriu para o homem que baixou a cabeça em derrota e riu, com a mão passando por seu rosto.

- Vocês duas juntas me vencem tão fácil - Brincou, afastando os papéis e se sentando ao braço da poltrona - Se uma morena já me deixava completamente bobo, imagina só duas.

- Já sei que precisarei ter cuidado quando você for sair sozinho com essa princesa aqui - Riu, tendo a filha lhe franzindo o cenho com essa afirmação - Ela vai te falir se todo sorrisinho for motivo de agradá-la - Sacudiu a cabeça quando ele bufou.

- Minha moreninha vai pegar leve com o papai, né? - Acariciou os cabelos dela e a viu esboçar um sorrisinho para ele enquanto mamava - Olha só! Ganhei até o sorriso dela.

- Acho que ela já está aprendendo como te ganhar - Riu.

- Esperta como a mãe dela - Deixou um beijo na testa dela e se levantou - Vou preparar algo de café da manhã, tem algum pedido especial? - Caminhou até Fernando para lhe acariciar a bochecha rechonchuda e rosada.

- Panquecas - Sorriu quando ele se virou e fez menção a se curvar para se despedir - Seu bobo!

- Bobo por vocês - Lhe deu um selinho sob o olhar chateado de Sofia, que os fez rir, e deixou o quarto.

- Seu pai não pode mais me beijar? - Riu para a filha que fechou os olhos, e continuou a mamar, como se a ignorasse - Oh meu Deus! Tenho uma bela ciumenta aqui - Passou o dedo no nariz dela com carinho.

Quando a mulher ajudou sua filha a arrotar, e a balançou calmamente até que adormecesse, encontrou o amado fritando as panquecas, com assobios ritmados lhe saindo dos lábios, e o abraçou por trás deixando um beijo em sua nuca. Ele se virou para ela com um olhar apaixonado, desligou o fogão, e com mãos gentis acariciou seu rosto. As mãos dela apertaram sua cintura, beijos curtos e quentes distribuídos entre os lábios dele. Invadindo seus cabelos com mãos fortes, pressionando sua nuca, ele arrebatou sua boca na dele com intensidade, seus corpos se aproximaram até sentirem o calor um do outro. Abraçados, as bocas a devorarem seu desejo não consumado, e apenas o som de suas respirações ruidosas invadindo a cozinha. Sentiam-se queimar profusamente até que o som de choros de bebês ecoou pelo apartamento e os fizeram se afastar com sofreguidão.

Salve-me do caosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora