Nossas noites: 24

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Um mês se passara e com ele jazia momentos que não foram felizes para os Gomes. Com o passar de horas, dias e semanas, sem o retorno de Simone a Sobral Gael entendera que o que Giselle havia contado era certo e em seu inocente e pequeno coração a tristeza se instalara profundamente. o caçula de Ciro já não se alimentava bem, chorava pelos cantos da casa baixinho e se isolara, apesar dos esforços e insistência do pai e dos irmãos em cuidar e distrair o menino. A criança se sentia abandonada mais uma vez e as pessoas a sua volta já não sabiam como resolver a apatia do garoto.

Em uma manhã corriqueira pela residência, Lívia esperava o loiro de sete anos pentear seus cabelos para sair com ela, depois de muitas táticas de convencimento da mesma, quando súbitamente o menino caiu ao chão do quarto inconsciente. Rapidamente a irmã mais velha foi ao encontro do caçula e o ergueu em seus braços o levando até a cama, a preocupação atormentava seus sentidos, dando leves tapinhas na bochecha da criança e a chamando em um tom de desespero contido a mulher viu olhos sofridos abrirem lentamente e perdidos tentarem focar em seu rosto. Em um suspiro de alívio a mulher gritou por seu pai que logo veio ao quarto e se assustou com a visão do pequeno deitado a cama mole e a irmã sobre ele tentando o manter desperto.

- O que aconteceu?! - Ciro caminhou apressado até o encontro dos dois filhos e sentou ao lado do caçula que suava frio e olhava para Lívia com pouco foco no olhar.

- Ele desmaiou do nada... Acho melhor levar ele a um hospital, pai - Sugeriu Lívia com as mãos trêmulas e o olhar angustiado direcionado ao grisalho.

- Filho, a gente vai te levar ao médico, tá bom? - Tentando testar as reações do menino Ciro avisou ao mesmo o que fariam naquele momento - Pegue as chaves do carro, eu levo ele até lá - Entregando o chaveiro a filha o cearense pegou Gael em seus braços que respirava pesadamente.

Ciro e Lívia se encaminharam até o hospital as pressas com um Gael que intercalava entre a consciência e a inconsciência. A preocupação tomava conta do grisalho que sabia o motivo do filho estar enfermo e a culpa vinha como uma avalanche em seu peito por toda aquela situação que nunca deveria ter sucedido. Todos deveriam estar felizes naquele momento, inclusive ele que teria estado de joelhos em frente a morena de seus sonhos fazendo o pedido que tanto desejava ter feito antes.
Chegando ao hospital o homem estacionou o carro e trouxe a criança semiconsciente em seus braços até a entrada da recepção onde logo vieram atendê-los. Lívia fez o cadastro enquanto o homem acompanhava o caçula, que estava deitado a uma maca, de mão dada a dele, portas a dentro. Após um pediatra checar Gael e o mesmo ser encaminhado a alguns exames, enfermeiros o deixaram em um quarto para descansar e tomar soro. Ciro se manteve todo o tempo atento ao filho e quando o menino adormeceu, recebendo soro na veia, o grisalho ficou segurando firme a pequena mão do caçula lamentando o estado dele. Quando Lívia adentrou o quarto, e aproximou-se da cama do irmão, lançou um olhar angustiado ao pai.

- Pai, eu sei que faz um mês desde o término de vocês, mas acho que é o momento de ligar pra ela... Mesmo que seja pelo Gael - Sugeriu Lívia acariciando o braço do caçula.

- Ela não me atende desde a ligação com a Giselle - Contou o homem com derrota em sua voz - E já tentei mandar mensagens, mas ela não me responde. Não importa quantas mande -

- Fale que o Gael não está bem, que precisa dela. Conhecendo a Simone como conheço sei que não irá negar vê-lo - Lívia voltou seu olhar a criança que dormia serenamente e suspirou - Independente do que aconteceu entre os dois, Gael não tem culpa disso e não merece passar pela mesma situação outra vez -

Salve-me do caosWhere stories live. Discover now