Capítulo 8

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Era a minha segunda noite de sono perturbado, acordei com meu corpo suado e cheio de um calor que eu simplesmente não me lembrava de ter ido dormir sentindo. Não tive um descanso real, apenas fiquei despertando durante a noite incomodada e tentei a todo custo achar uma posição confortável para dormir.

Mas nada adiantava, decidi me livrar do excesso de calor tomando um outro banho. Então deixei a cama desarrumada e me retirei a camisola no meio do caminho para o banheiro, me sentia segura para isso, eu me lembrava de ter trancado a porta dessa vez.

No entanto, ao me olhar no espelho em cima da pia, precisei me apoiar nas paredes atrás de mim. Marcas vermelhas desciam desde o meu pescoço até o vale dos meus seios, livre das faixas. Algumas marcas mais escuras em volta dos meus mamilos e outras pelas minhas costelas.

Eu não havia lutado para me ferir dessa forma, muito menos em competições de rua, onde normalmente as regras eram apenas para não tirar a vida de ninguém.

As marcas avermelhadas e levemente escuras mais abaixo me assustaram, meu sangue entrou em combustão pela sensação terrível que correu pelo meu corpo. Luca vivia deixando essas marcas em mim, mas não nos víamos a dias e eu não estava assim quando cheguei a essa casa.

Vesti novamente a camisola que eu deixei pelo caminho e testei a tranca da porta, realmente estava fechada e não parecia que ninguém havia forçado a entrada. Olhei em volta para ver se conseguia encontrar alguma coisa que me desse algum sinal do que havia acontecido e estava tudo como eu deixei antes de me trocar e dormir.

Caminhei pelo corredor escuro e o silêncio era o único que parecia me acompanhar enquanto eu seguia para as escadas, meu coração começou a retumbar nos meus ouvidos e aumentar o ritmo conforme eu descia em direção a sala.

Mas estava tudo tão vazio, tão calmo que talvez as marcas fossem apenas uma reação pelo estresse que eu vinha passando nos últimos dias.

Isso podia acontecer e eu sabia disso, mas a leve ardência pela pele suavemente lesionada, fazia minha mente apitar avisando que não era disso que se tratava.

Respirei fundo algumas vezes tentando recompor meus batimentos cardíacos normais e esperei meu corpo parar de tremer, eu era uma lutadora e não um robô, o medo me perturbava como em qualquer um.

— Se continuar desobedecendo os horários de descanso não conseguirá fazer o que precisa no Flour, cordeirinha. — Meu coração tropeçou nas batidas ao ouvir as palavras virem da escada, mesmo que eu não tivesse gritado ou partido para espancar o maldito, meu rosto provavelmente denunciava o susto que eu tinha levado. — Já que idade não quer dizer nada, deveria começar a cuidar da sua.

A luz amarela de cima do balcão onde eu estava apoiada foi acesa, meu coração parecia estar batendo fora do meu peito enquanto ele caminhava pelo corredor entre a pia e o balcão para abrir a geladeira e se entreter com a garrafa de água.

— Pare de me chamar desse jeito. — Suspirei as palavras, o jeito que ele falava comigo desde o começo estava começando a me irritar. — E isso também não é da sua conta.

— Não? — Ele guardou a garrafa e colocou o copo dentro da pia para fixar os olhos em mim.

Eu normalmente não tinha medo nenhum de homem, literalmente nenhum. Mas essa sensação estranha que o olhar dele tinha sobre mim, me fazia ficar enjoada.

Num dia normal iria mandá-lo ir se foder, mas era um dia normal? Ele não vestia nada além de um short apertado e curto que percebi ser apenas sua cueca depois de alguns segundos, os cabelos soltos jogados para o lado e uma capa de tatuagens que desciam deslizando por toda a pele.

ESTRANHOOnde histórias criam vida. Descubra agora