Capítulo 32

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A casa estava barulhenta nessa manhã, pela pouca percepção que eu ainda tinha de tempo e pela data marcada no meu telefone ainda era domingo.

Eu já tinha desistido das minhas lutas no próximo fim de semana e aceitei o que Yakato havia preparado para mim. Catrina estava dentro do meu quarto antes mesmo que eu pudesse me dar conta que era hora de alevantar, ou que eu tivesse animo suficiente para ser alguém apresentável.

Fiz minha escolha da mesma forma que Daniel na noite anterior e depois disso, passei horas ignorando as mensagens e ligações que ele tentou fazer para falar comigo. Foi doloroso saber que não teria mais contato algum com ele, claro que essa hora chegaria em algum momento, eu só não imaginava que doeria tanto.

— Ren está te esperando no jardim dos fundos. — Ela suspirou prendendo as alças de um vestido rosa pálido nas minhas costas, como se não fosse nada.

Acenei para ela mostrando que tinha escutado, nada mais que isso.

— Deveria dar uma chance, não é todos os dias que um homem na posição dele escolhe uma mulher tão jovem. — Catrina continuou: — Lembro-me de quando eles corriam por essas salas antes do meu senhor se colocar em uma posição complicada com a esposa.

— Quer dizer quando ele colocou no mundo uma filha mestiça bastarda. — Corrigi as palavras delicadas de Catrina, pensando numa das coisas que mais poderia me afetar durante todo esse dia que estava por vir.

Ren e Daniel se conheciam.

— Todos erras, menina. Você não pode julgar toda uma vida por causa de um erro, mas vai aprender isso em algum momento. Por bem ou por mal.

Dei de ombros odiando a trança bagunçada que ela finalizou e deixou jogada nas minhas costas, meu peito já não sabia controlar nem mesmo as batidas do meu coração, que era possível ver pelo tecido do vestido, quanto mais pelo meu peito subindo e descendo sem controle.

Catrina saiu do quarto contrariada e eu pouco me importava, pelo o que tudo indicava, logo estaria morando sem opção de escolha na casa de um estranho com o título de ser meu marido.

Respirei fundo e sai do quarto na direção do jardim, o mesmo lugar onde os dois se bateram ontem e onde meu mundo caiu. Era irônico e clichê demais para que eu pudesse pensar, isso me fazia sentir uma falta tremenda das lutas, da força que eu usava até a exaustão num combate.

O que pareciam ser criados subiam e desciam as escadas com pressa, as salas estavam decoradas com linho e luzes até a sala de jantar. A mesa estava feita para mais de vinte convidados e tentei ao máximo não pensar nos motivos disso, eu já tinha aceitado meu destino, mas isso não significava que eu estava de acordo.

Continuei a caminhada ouvindo gritos da cozinha e risadas dos trabalhadores, eu não era ninguém dentro dessa casa e nunca seria, o problema era ter sido notada por alguém de fora.

Avistei Ren do lado de fora, sentado em uma pequena mesa com algumas coisas do café da manhã. A sensação de aceitar ficar ao lado dele por espontânea vontade era terrível, mas eu precisava conhece-lo antes de finalmente não ter mais essa opção. Embora minha caminhada estivesse no fim, ainda faltavam alguns passos para que eu ultrapassasse o arco da porta que me daria acesso aos fundo quando minha boca foi tampada e meu corpo arrastado para um dos cantos daquela enorme sala.

Eu era forte e preparada para tais ocasiões, mas os saltos e a surpresa dentro da casa me pegaram com força. Meus pés não conseguiram fixar no chão enquanto meu corpo continuava sendo arrastado para o que parecia ser um banheiro social, nada me fazia sentir pior do que ser obrigada a fazer tantas coisas sem o meu consentimento.

ESTRANHOWhere stories live. Discover now