Capitulo 58

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Aquela não foi a última vez que Daniel me perseguiu pela propriedade que não era dele, e demorou para que ele parasse de aparecer por todo e qualquer caminho que eu tentava percorrer.

Mensagens dele começaram a encher meu telefone, junto com e-mails e chamadas, mas eu nunca o atendi. Não fiz isso por raiva dele; essa parte dentro de mim tinha se conformado depois de todos aqueles meses. Eu simplesmente não me importava mais com o que ele sentia.

Eu estava sendo egoísta e sabia disso, mas eu estava sendo porque dessa vez eu merecia isso. Daniel me fez sofrer uma vez após a outra desde que começamos a nos relacionar, e em nenhum momento isso chegou a mudar.

Então, eu simplesmente decidi que não precisava mais dele para ser feliz e, por consequência, percebi que realmente não precisava.

Fui dura com ele, escolhi a pessoa que ele mais odiava nesse momento para estar ao meu lado, mas dessa vez, pela primeira vez na minha vida, eu não me arrependia dessa escolha.

Ren se esforçou desde o começo, e mesmo que tenhamos sido prometidos por interesses de Yakato, depois que realmente nos conhecemos, ele esteve sempre ali para mim, até mesmo para desafiar meu avô.

Ele não hesitou ao me apoiar e enfrentá-lo.

Agora, depois de algumas semanas que Daniel fora escoltado pelos seguranças da casa, estávamos em um silêncio de certa forma acolhedor.

Agora havia mais roupas minhas no closet, e Ren me presenteou com luvas de boxe novas, o que me fez chorar compulsivamente quando as vi.

Eu não podia lutar ainda, mas saber que meus sonhos não seriam interrompidos por um ciúmes louco e doentio me deixava feliz, e mesmo que demorasse para que eu pudesse voltar a ser quem eu era, Ren se certificou de que eu participaria pelo menos das lutas como espectadora.

E ele, em nenhum momento, me fez pensar em fugir por não poder estar sozinha onde podiam me ver.

Parte desse tempo eu me lembrei de quando estava morando com Daniel; eu sequer podia lutar sozinha, e eu nem mesmo ligava se era ou não um comportamento completamente irracional.

Eu o queria, eu o amava, e não me importava com as consequências.

Eu fui imprudente com a minha vida.

— Ella, pare de endurecer a perna. Inferno... — Ren resmungou tentando dobrar meu joelho.

Parte da nossa vida diária era composta por ele me ajudando com a fisioterapia. Ele não aceitava de forma alguma que eu deveria me aposentar das lutas e me forçava a exercitar meus músculos destruídos pelo acidente de moto.

Eu ri da chateação dele e deixei que dobrasse meu joelho com mais facilidade.

— Pare de reclamar; achei que fosse mais persistente. — Alfinetei, recebendo um olhar escuro e mortal escondidos pelos cabelos bagunçados.

— Existe muita persistência minha, linda, e posso mostrar ela para você repetidamente mais tarde.

Comecei a rir mais alto. Ren ergueu uma de suas sobrancelhas e mordeu o lábio antes de descer o rosto e depositar um beijo na ponta do meu joelho.

Eu corei e perdi o compasso da minha respiração.

— Está se divertindo, querida?

Eu engoli seco e suspirei, observando ele deixar de fazer a fisioterapia em mim e beijar a minha pele.

— Ainda não... — Murmurei ansiosa.

Ren sorriu para mim com tanta malícia que quase encontrei o ápice sem que ele precisasse me tocar.

— Eu posso resolver isso...

Eu sabia que ele podia; eu experimentava isso todas as noites que ele me encontrava já deitada na cama.

E sinceramente, eu adorava ser tudo o que ele me fazia ser.

Eu finalmente encontrei o lugar que eu tanto procurei durante minha vida cheia de loucuras.

Ren tinha se tornado a minha casa.

*

Fim...........

ESTRANHOKde žijí příběhy. Začni objevovat