Capitulo 15

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Minhas coisas chegaram pouco tempo depois que a moto parou em frente ao bar, Tio Dan me levou em silêncio para dentro e como havia prometido, sem tocar em mim.

Meu corpo estava sendo respeitado, no entanto, ter que olhar para as suas costas enquanto ele se despia no corredor em direção ao seu quarto era definitivamente doloroso.

Eu era uma hipócrita, meu desejo por ele estava se tornando quase incontrolável e nada nessa maldita casa estava me ajudando a pensar em outra coisa a não ser nele.

O cheiro da colônia, as roupas quase relaxadas e as mechas teimosas de cabelo que ele vivia tirando da frente do rosto. O corpo tatuado e as linhas que sumiam dentro das roupas pretas, doía saber do pecado que era querê-lo dessa forma e se tornava ainda pior parecendo que ele queria o mesmo que eu.

— Tome um banho e desça, sua mãe chega em poucos minutos e eu não quero precisar mandá-la embora por não calar a boca.

Eu bufei inconformada, mesmo depois de tudo, ele continuava tratando ela como se a culpa não viesse do meu maldito avô pulador de cerca.

— Escute, minha mãe não tem culpa da merda que seu pai fez. Então pare de ser um babaca e respeite ela da mesma forma que gosta de ser respeitado, maldito narcisista.

Daniel riu com escárnio parando no meio do corredor, apenas de regata e calças, mostrava parte das asas tatuadas em suas costas.

— Maldito narcisista? — Ele repetiu como uma pergunta e eu fiz questão de passar por seu corpo para encontrar a porta do quarto que ele tinha disponibilizado para mim.

Dei de ombros e abri a porta, o mínimo que ele devia fazer era respeitar o acordo que tínhamos feito e por isso ignorei o frio na barriga comecei a sentir por causa do silêncio que tomou a casa.

Dessa vez nenhum barulho rompeu meus ouvidos e ele escorou o corpo no batente da porta para me olhar enquanto eu arrancava do meu corpo a camisa suada do treino de mais cedo.

— Irá se arrepender, Ella. Deveria tomar mais cuidado com o que fala, não sei se percebeu, não tenho um pavio muito longo e você está conseguindo me tirar do sério.

Sorri com a informação e mordi o lábio devolvendo o olhar que poderia me queimar se continuasse flamejando dessa forma, quase corroendo o verde que ele guardava atrás dos cílios pretos.

— Pavio curto, é mesmo? — Sorri descendo os olhos por ele e foquei mais para baixo do botão da calça preta. — Uma pena, pensei que podia mais.

Ele não respondeu a minha provocação e saiu do quarto com um sorriso amargo no rosto, eu sabia que estava provocando ele por causa da promessa, mas também sabia que ele não me tocaria da mesma forma que fez alguns dias atrás.

Estava salva do problema que isso causaria a família casa não fosse mantido apenas na nossa imaginação.

*

A educação da minha mãe ultrapassava os limites do merecimento humano, Tio Dan havia pedido comida para um batalhão e ela tentou se servir de tudo um pouco para que não desperdiçasse a comida.

Eu revirei os olhos todas as vezes que ela sorria sem graça para o irmão mais velho, e Daniel se forçou a ignorar seu desprezo provavelmente por causa da minha insistência e o acordo entre nós dois.

— Me diga que ela não está te dando trabalho, Daniel. Sei que tem suas coisas para fazer, mas eu precisava saber que estava tudo indo bem. Sabe como as coisas funcionam.

O vi suspirar cansado olhando para o rosto mestiço da minha mãe e depois discretamente para mim, como se eu fosse a merda de uma adolescente sobre vigilância contínua.

— Está tudo bem, esqueça isso, Claudia. Já disse a você que ficaria de olho nela e estou fazendo isso. Yakato não vai se desesperar em saber que sua neta está resolvendo as coisas de sua faculdade e seus cursos.

Minha mãe sorriu parecendo estar mais calma e eu me recusei a ver como eles esqueceram que eu sequer precisava de supervisão.

— Agora que já se entenderam, posso voltar a minha vida como adulta? Ou gostariam de ver meus documentos para lembrar que essa merda que estão fazendo é ridícula?

Daniel riu e eu o encarei vendo os olhos verdes passearem por mim devagar, minha mãe, por outro lado, suspirou descansando as mãos na mesa.

— Não tem a ver com sua idade, Ella. Mas sim por causa do nome da família, seu avô destruiria tudo o que temos apenas por diversão.

— Ele é só um grande filho da puta, Claudia. Você o poupa demais e nem você ou Ella deveriam passar pela peneira dele, essa merda era toda direcionada a mim.

— Mas não é e por isso preciso ficar de olho nela e se puder, quero que faça isso por mim enquanto ela estiver aqui.

— Quero que Yakato se foda, mãe e você deveria ir para casa. — Levantei da mesa, nem mesmo na comida consegui tocar.

— Ella! — Ela me chamou enquanto eu caminhava na direção do banheiro mais próximo, precisava lavar o rosto e dormir. Essa pressão em cima de mim estava começando a me tirar do sério.

Entrei e antes de conseguir fechar a maldita porta Daniel entrou atrás de mim me empurrando para dentro.

— Então quer dizer que não é mal educada apenas comigo. — Eu mordi a bochecha, chamar pela minha mãe causaria suspeitas e duvido que ele continuaria com a boa fechada.
— Saia daqui.

— Estou pensando, Ella. Precisa ser mais educada e talvez uma surra te ponha na linha.

— Vá se foder. — Murmurei buscando a porta para sair, mas Daniel a fechou com meu corpo. — Qual a porra do seu problema.

— Fale mais alto. — Ele instruiu, eu engoli o excesso de saliva com a aproximação forçada dele. — Sua mãe vai adorar saber que está presa aqui comigo.

— Cretino miserável, você é doente... — Eu quase não consegui terminar de falar.

Daniel me apertou indo contra a promessa que havia feito para mim e meu coração quase saltou pela boca se ele não tivesse invadido com a língua.

Talvez eu tenha perdido a capacidade de raciocinar, de seguir meus instintos e a razão. Mas a questão era que eu desabei.

O gosto do beijo e as mãos firmes que por enquanto tinham apenas apertado minhas coxas, agora faziam um passeio demorado pelo meu quadril. A tentação era maior do que eu imaginava e o beijo deveria ser algo proibido, onde ele estava com a cabeça?

— Tio Dan... — Eu precisava pará-lo, mas como eu poderia fazer isso?

— Porra... — Foi a única coisa que saiu dos lábios dele quando me deu um espaço de tempo para respirar. — Porque que você consegue despertar o pior em mim, cordeirinha? — Eu sequer sabia qual era o meu nome e se ele continuasse a me atacar, esqueceria que minha mãe nos aguardava na sala de jantar.

— Dan... — Resmunguei perdendo o controle das mãos e finalmente deslizei pelo peito coberto pela camisa escura.

Pude sentir cada volta do peito firme, cada divisão dos poucos músculos que ele tinha embaixo da camisa.

— Que inferno, Ella.

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