Capítulo 11

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Eu estava assustada demais para conseguir fazer algo além de gritar e mesmo sabendo que haviam pessoas lá fora esperando para entrarem novamente no bar, ninguém se prontificou para me socorrer.

Talvez ele fosse mesmo um marginal que meu avô sempre pintava para a minha mãe e que ali, ninguém tinha coragem o suficiente para enfrentá-lo. Só que eu não era dali, eu pouco me importava com o que ele achava.

No entanto, eu estava em choque, paralisada pelo espanto enquanto minhas pernas se debatiam para tentar de alguma forma, fixarem no chão para que eu pudesse lutar.
Mas foi em vão.

— Socorro! — Eu arfei sendo carregada para cima das escadas, mas ninguém foi de encontro a mim. — Inferno! Alguém me ajuda! Por favor!

A porta do meu quarto foi rudemente aberta e meu corpo jogado contra uma cômoda que havia de frente para a cama, com um espelho que conseguia pegar desde o meu tronco até um pouco mais de dois palmos acima da minha cabeça.

Daniel parecia soltar pequenas faíscas de seus olhos e eu voltei a gritar aproveitando a porta aberta, esperando que alguém fosse me socorrer.

Mas nada.

Era um silêncio absoluto fora do quarto.

Ele me apertou contra a cômoda e meus pés se esticaram para não perder o equilíbrio, Daniel empurrou meu tronco sobre a madeira escura fazendo meu rosto ser pressionado contra o espelho.

— Me desafie de novo, Ella. — Ele grunhiu com o rosto colado ao meu. — Faça a porra de um show na frente dos meus empregados outra vez e eu serei obrigado a corrigir você na frente de cada um deles.

Onde estava a minha maldita força? Os anos que passei lutando e treinando para que isso nunca acontecesse comigo, para que eu soubesse me virar sozinha e fazer da minha força um meio de me sustentar?

Daniel soltou a mão do meu quadril e usou para acertar a minha bunda, mesmo vestida com os dos meus jeans mais grossos, a ardência ultrapassou as fibras da roupa e me fez fechar os olhos para resmungar de dor.

— Socorro... por favor... — Supliquei e outro tapa ainda mais forte acertou a junção entre minha bunda e as coxas.

— Grite por socorro, cordeirinha, inferno. — Ele grunhiu e eu gritei outra vez com o próximo tapa. — Mais alto, faça a porra da rua saber que eu estou corrigindo a minha sobrinha mimada e afrontosa, que estou te pondo no seu maldito lugar. Quem sabe alguém venha te socorrer.

— Alguém! Por favor! — Supliquei usando toda a força que eu tinha em meus pulmões.
Mas nada e nem ninguém apareceu na porta do meu quarto.

— Continue gritando. — Ele pediu batendo no mesmo lugar diversas vezes até que uma dormencia quente me atingiu na região. — Ninguém virá te socorrer, Ella. Sabe porque? — Ele suspirou voltando a apertar meu quadril me mantendo no lugar. — Eu sou o dono dessa cidade, eu sou o dono de cada um daqueles malditos lá fora e enquanto você estiver debaixo da porra do meu teto, sou seu dono também.

Minhas pernas fraquejaram, meu peito tinha perdido o ritmo normal em que batia, mas não consegui me mover enquanto ele me soltava lentamente para se abaixar atrás de mim.

Eu fechei os olhos apertando o máximo que eu podia para me antecipar dos tapas, mas eles não vieram. Mas pior que apanhar dele, um parente que nunca sequer havia me conhecido antes de virar adulta, foi sentir o botão da minha calça ceder e ser abaixada até a junção das minhas coxas.

Choraminguei ansiosa, nervosa, com medo da dor que viria sem o tecido para me proteger, porque eu não tinha conseguido fazer isso, estava fraca e destruída demais para conseguir raciocinar.

ESTRANHOWhere stories live. Discover now