Capítulo 41

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Eu não tive tempo para gritar, Daniel bateu contra a minha bunda tantas vezes que o ar era algo que meus pulmões já não conheciam.

Minha pele ardia, meus músculos estavam rígidos e ele ofegava a cada tapa milimetricamente calculado que ele dava na minha bunda e na divisória entre as minhas coxas.

— Dan! — Eu ofeguei, era o máximo que eu podia fazer, era, na verdade, tudo o que eu podia fazer enquanto ele continuava a machucar a pele já dolorida.

— Eu não acredito nisso, Ella! — Ele grunhiu dando um tapa atrás do outro, fazendo meu interior pedir por socorro. — Eu me abri para você e você simplesmente joga toda a merda que eu te disse fora? Como você pode fazer isso?

Eu não havia feito nada, Ren tinha tomado toda e qualquer iniciativa. Mas Daniel não me deixava explicar, como eu poderia dizer a ele que eu jamais faria isso por escolha própria?

— Eu disse que te amo Ella e você corre para ele? — Dessa vez o tapa fez a minha alma doer, era como se eu estivesse presa debaixo da água e nada poderia me tirar dali. — Estou enfrentando um inferno na porra da minha alma, abrindo mão de tudo para poder ficar com você, para te tirar daqui e você...

— Dan... Por favor...

— Você é minha, cordeirinha... — Ele respirou fundo, deixando a mão cair sobre mim mais uma vez e me fazendo choramingar pela dor. — Talvez agora você se lembre, talvez assim você sequer esqueça de que não pode mais me deixar, não pode fugir de mim.

Meu ar demorou para voltar e eu não conseguia ver ou sentir nada que não fosse o calor e a ardência que minha pele emanava, eu precisava de espaço, de alguém para me dizer que toda essa loucura estava no fim e não ser usada como um foco, como se eu fosse a única coisa que existisse para ele descontar a raiva.

— Eu não o beijei... — Choraminguei.

Daniel buscou o telefone outra vez e me mostrou a foto, eramos sim eu e Ren, no entanto, se realmente olhasse para a foto era claro ver que ele quem me segurava pelos braços e me mantinha presa no lugar. Era Ren que se dobrava para me roubar todos os beijos que pode de mim.

— Como você explica isso então? Pelo amor de deus Ella!

Olhei novamente ainda debruçada sobre as coxas dele e o angulo da foto mostrava que tinha sido alguém escondido entre os arbustos que contornavam a fonte, alguém que, na verdade, nem deveria estar ali como eu.

— Você sequer olhou para a foto direito, Daniel? Sequer prestou a atenção em como eu estava nessa maldita foto?

Ele respirou fundo tentando contar o que parecia ser uma nova onda de raiva e olhou novamente para a tela, a respiração dele mudou e devagar apoiou a mão livre em cima da minha pele machucada.

— Inferno. — A mão pesada sobre a minha pele agora tinha se tornado uma carícia, mas eu não queria, não agora.

Daniel havia se precipitado, é claro que eu jamais faria algo contra ele, principalmente com tudo o que sinto por ele. Mas ele não confiava em mim e com tudo o que estava acontecendo na minha vida por causa dessa maldita família, não estava me dando tempo para pensar ou sequer sentir tudo o que estava me soterrando.

— Saia, por favor... Me deixe sozinha dessa vez.

— Não, Ella. — Eu ignorei as tentativas dele de me fazer ficar e corri para perto da porta.

Hoje não era um bom dia e ele não merecia a minha compreensão dessa vez, eu precisava de tempo e de espaço. Dessa vez não dava para deixar que ele tomasse alguma atitude contra o que eu estava pretendendo fazer.

Então, com dificuldade e mais pressa que pude, coloquei o vestido novamente que eu tinha largado pelo chão. Fechei o zíper até a metade e saí antes que ele pudesse vir atrás de mim de alguma forma.

— Ella!!

Dei a volta nos móveis e corri para a única parte da casa que eu tinha acesso, que era novamente o jardim dos fundos, era simplesmente o lugar que qualquer um poderia ver o show que Daniel seria capaz de fazer.

E ele veio atrás de mim mesmo com todos os empregados perambulando pela casa, mesmo com o perigo de entregar o que fazíamos e mostrar o quão errado estávamos por isso.

Mas dessa vez eu não podia deixar ele ganhar e precisava mostrar que eu precisava de espaço, que ele não podia fazer nada em relação a isso.

— Daniel, que bom que está aqui fora. Venha, tenho coisas a tratar com você e sua noiva, já que Ella e Ren fizeram isso mais cedo.

Ignorei o olhar de Yakato na minha direção e continuei meu caminho para aquele mesmo seleiro que Ren me levou da primeira vez, não para lutar com aquele saco, mas para me esconder entre o feno e desabar como eu queria fazer no meu quarto antes de Daniel tê-lo invadido.

— Ella! — Eu continuei ouvindo ele gritar, mas a medida que eu continuava a voz dele sumia lentamente da minha mente.

Poucos minutos depois, antes de entrar no seleiro e fechar a grande porta, olhei na direção da entrada da casa, apenas para me certificar que eles já não estavam mais lá e entrei.

O escuro me acolhei com cuidado e eu caminhei até que eu estivesse longe o bastante da porta e escondida como podia entre os quadrados de feno, abri alguns dele e espalhei ele para a parte de trás. Eu precisava me esconder e me certificar de que nada encostaria na minha bunda antes que a dor passasse.

O feno caiu e eu me desequilibrei junto, deixei meu corpo escorregar até que tudo parou de se mexer.

Sozinha finalmente.

Solitária e segura, finalmente.

Foi quando o choro explodiu mais alto do que eu conseguia segurar, o som ecoava pelo seleiro e voltava ainda mais alto para os meus ouvidos. Era quase tranquilizador.

Continuei no chão até que os soluços amenizassem e meu coração parasse de bater desenfreadamente.

Mas então a dor no meu peito voltava e todo o barulho que saia do fundo da minha garganta voltava a ecoar novamente pelo lugar.

— Ella? — Ignorei a voz e tapei a minha boca para que não me ouvissem. — Merda onde você está? Eu consegui te ouvir do meu quarto.

Continuei segurando a minha boca até que as portas se fechando e um soluço involuntário saiu da minha garganta.

— O que diabos aconteceu?

Eu não consegui responder e muito menos olhar na direção dele, tudo o que eu queria era ficar sozinha e poder colocar tudo o que eu estava sentindo para fora.

Devagar eu senti braços quentes ao meu redor e meu corpo foi erguido.

— Me deixe aqui, por favor.

— Está ficando louca? Isso não faz parte da minha promessa.

Então eu simplesmente decidi não olhar para ele e esconder o rosto na camisa dele, Ren começou a andar e quando me dei conta senti algo suave sobre as minhas costas.

— Só me deixe no meu quarto, por favor.

— Não.

Ren me deitou, e como meus olhos ardiam me recusei a abrir os olhos já imaginando que estaria claro demais para que eu pudesse me acostumar. Depois disso, o zíper foi abaixado e o pânico tomou conta de mim.

— Pare!

— Merda, me diga que não foi Daniel quem fez isso com você.

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