Capitulo 36

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Eu o odiava, com todas as minhas forças. Meu mundo tinha sido destruído em seu eixo por causa dele e nada mais parecia fazer sentido, não sem ele.

Daniel estava vestido de uma forma que eu jamais tinha visto e meu coração se perdeu, a dor de vê-lo pronto para o que quer que fosse fazer com Hana apunhalou meu coração.

— Saia. — Era a única coisa que eu queria que ele fizesse, que saísse do meu banheiro, do meu quarto e depois de tudo o que precisei sentir por causa dele, da minha vida.

— Não sem que me escute.

Eu bufei tentando segurar a maldita vontade de chorar que estava começando a me consumir lentamente.

— Você não tem nada para me dizer, fez sua escolha e eu fui obrigada a fazer a minha. Agora saia do meu quarto antes que eu grite para que alguém venha me ajudar.

Ele suspirou audivelmente, o som rouco me fez perder o controle dos olhos e enfim o que eu menos queria que acontecesse aconteceu; então precisei me virar para a parede do box para que ele não visse meu choro patético.

— Ninguém vai vir te ajudar, Ella e mesmo que viesse eu sou a porra da sua família e quero conversar com você.

— Vá para o inferno você e sua conversa. — Resmunguei tentando ao máximo não deixar que a minha voz falhasse. — Você é só um tio distante, não me deve explicações nenhuma.

O vidro fez um enorme barulho, como se as duas portas de vidro tivesse batido uma contra a outra com uma grande violência. Por um momento, achei que os vidros fossem quebrar.

— Eu vou levar você para o inferno junto comigo, Ella. Porra, olhe para mim.

— Soco...! — Eu não consegui terminar de gritar.

O pânico tomou conta de mim quando senti o corpo dele me prensar contra parede fria do box, prendi o ar dentro dos meus pulmões e me desesperei sentindo o chão faltar debaixo dos meus pés.

— Você vai me ouvir por bem ou por mal. — Daniel apertou um pouco mais a mão que prendia meus lábios e a que contornou minha cintura. — Você tem noção do quanto está me matando saber que você não quer nem mesmo olhar na minha direção? Porra Ella, o que vivemos juntos não importa mais?

Eu perdi a força dos meus braços e os apoiei na parede, a mulher fraca que e guardava a todo custo dentro de mim foi colocada para fora a pontapés.

Chorei na frente de Ren, agora na frente de Daniel. Quantas vezes mais eu mostraria que era uma fraca?

— A ultima vez que esteve no Four... não se lembra do que eu disse? Não consigo mais viver sem pensar um segundo sequer em você, cada maldito piscar de olhos. Por favor, acredite em mim. Eu não quero o caralho desse casamento, eu quero você.

Eu já não sabia mais o que eram lagrimas ou a agua do chuveiro, só sabia que meus olhos ardiam e cada molécula do meu corpo implorava para que Daniel me levasse para sua casa, para onde nunca deveríamos ter saído.

— Eu me odeio por sentir isso, por não conseguir abrir mão de você como deveria ter feito na primeira vez que fugiu de mim. Quando me deixou sozinho em casa e se mudou para aquele quarto nojento. — A voz dele começou a diminuir conforme falava e se apertava contra mim. — Odeio saber que é errado, Ella, que eu deveria deixar você seguir seu caminho em paz. Eu não quero deixar você ir, casar com aquele filho da puta que nem mesmo deveria estar aqui.

Dessa vez eu comecei a soluçar, cada pedaço de mim começou a tremer involuntariamente e Daniel pareceu notar a minha dor pois me soltou devagar e me virou para ficar de frente para o seu corpo.

Eu percebi que ele estava correndo o risco de que eu o entregasse gritando novamente, mas ele não sabia que todas as minhas forças haviam ido embora com cada palavras que ele me forçou a ouvir.

— Eu tive uma história com a Hana, a um tempo na cidade. Meu pai a mandou para passar alguns dias na minha casa pois ela precisava resolver alguns problemas da empresa dele, não durou e fiquei aliviado quando ela foi embora.

— Não tenho nada a...

Daniel voltou a colocar os dedos na minha boca, me calando.

— Tem sim, escute: depois que chegou nas minha casa não tive mais nenhum pingo de paz, mas nunca me senti tão vivo, Ella. — Eu voltei a chorar e dessa vez, Daniel esticou o polegar limpando a lágrima solitária na minha bochecha. — Pouco me importo com o que vou me tornar para essa família, posso ser expulso do país se isso me permitir estar ao menos perto de você. Entende a gravidade disso?

Eu só acenei, não tinha palavras para conseguir expressar o que eu sentia a cada olhar cuidadoso das íris verdes.

— O que você viu dentro do meu quarto naquela noite, foi uma tentativa minha de falar com meus homens para eu viessem te buscar e Hana entrou no quarto alguns minutos antes de você para tentar me seduzir. Por isso eu estava sentado e longe dela, mas ela sempre foi pior que uma cobra.

Eu ri com deboche e ele travou o maxilar.

— Achei que só fizesse o que quer...

Ele uniu as sobrancelhas irritado e ignorou meu comentário.

— Passei a maior parte do tempo fugindo dela e estava prestes a fugir de novo quando você abriu a porta, eu jamais trocaria o que é meu por algo que me dá apenas desgosto.

— Eu não sou sua.

— É sim, Ella. Você é toda minha e não abro mão disso, não vou abrir mão de você. Não importa o que Yakato quer ou deixa de querer, não é da minha conta e não deveria ser da sua.

— Não tem como fugir disso, Daniel.

— Tem sim. — Ele sorriu com o canto dos lábios fazendo meu peito reacender uma pequena chama. — E vou tirar você daqui de qualquer maneira.

— Daniel...

Ele suspirou e passou os olhos por mim, cada poro meu se arrepiou e acabei fazendo o mesmo que ele. Daniel estava vestido, com as roupas molhadas dentro do box enquanto a água do chuveiro corria.

— Tire isso.

Uni as sobrancelhas e Daniel travou respirou fundo parecendo conter uma imensa raiva.

— Tire isso agora, Ella. Não quero tocar em você com nada que venha de Ren.

O colar...

Meu rosto esquentou com a situação e levantei meus dedos trêmulos para retirar o pingente azul, antes que eu o pendurasse no registro do chuveiro, Daniel segurou meu pulso e puxou o anel que Ren havia colocado ali.

— Não. — Ele disse mais para si mesmo do que para mim.

— Daniel...

— Não. — Ele voltou a dizer e me soltou para colocar o anel na pia e arrancar as roupas do próprio corpo. — Você é minha, Ella e não dele. — Ele grunhiu irritado. — Que porra!

Meus pelos arrepiaram quando o peito molhado dele brilhou contra a luz, as tatuagens encheram meus olhos junto com o par de piercings que atravessavam seus mamilos.

Eu era definitivamente apaixonada por ele, por toda essa mania de me tratar como sua posso, como se nada no mundo fosse tão importante quanto eu.

— Sabe o que não sou...

Ele jogou a camisa ensopada no chão e arrancou a calça ainda mais rápido, a raiva dele aumentou nitidamente e fui puxada para fora do box antes que eu pudesse desligar o chuveiro.

— Cale a boca, Ella. — Daniel suspirou me jogando contra a cama e subindo em cima do meu corpo com pressa. — É minha sim e vou refrescar a sua memória para que se lembre.

ESTRANHOWhere stories live. Discover now