Capítulo 35

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Depois de algum tempo em silencio, Ren puxou a caixinha azul novamente de dentro do bolso da calça. Fiquei a maior parte do tempo em cima do corpo dele, sentindo as coxas cobertas pela causa social que ele parecia insistir em vestir.

— Acho que agora está pronta para isso, Ella. — Ele suspirou abrindo a caixa, em seguida, puxou um fio de prata fino e o abriu. — Como eu disse, posso fazer duas promessas a você e isso vai servir como a certeza do que falei e para mim, se continuar usando, servirá para me avisar que está de acordo.

Olhei para o pequeno pingente azul profundo em formato de gota, a joia brilhava delicadamente pendurada na mão dele.

— Levante seu cabelo, por favor. — Eu não pensei muito, já estava destruída nessa hora e mais um pouco não faria diferença nenhuma. — Essa é a promessa de que vou ser um porto seguro para você, independente do futuro que venhamos a ter. — O colar brilhou no meu colo e depois que ele o prendeu na minha nuca, voltou a mexer na caixa. — E essa, é a promessa de que vou proteger você, a qualquer custo, não sou apenas um velho aproveitador se é isso o que chegou a pensar de mim, tenho princípios e desde que você precise, vou estar presente para você.

O anel seguia o mesmo detalhe do colar, o brilho azul profundo no mesmo formato brilhou em meu dedo anelar.

Fiquei estática olhando para meu dedo, calejado por causa das lutas, ele parecia não se encaixar com a minha vida, assim como eu não me encaixava com o que Yakato e Ren pareciam querer fazer comigo.

— Eu preciso ir para o meu quarto. — Me levantei de cima do corpo de e me forcei a ajeitar os trapos do meu corpo. — Me desculpe pelo o que precisou presenciar vindo de mim, não irá mais acontecer.

— Ella, eu quero que seja verdadeira comigo e estarei livre para você sempre que precisar desabar.

Sorri com escarnio para ele e fingi agradecer a gentileza forçada.

Sai do seleiro o mais rápido que eu pude, ficar sozinha com Ren me traziam sentimentos estranho e agora, que eu desabei na frente dele, ficou pior ainda.

O deixei sentado no chão e corri com meus trapos para dentro da casa, como das outras vezes, mesmo vestida dessa maneira, fui ignorada completamente pelos empregados de Yakato.

Ao menos, eu pude realmente saber o que aconteceria comigo durante os próximos dias. Eu não voltaria para a cidade e minha competição estava arruinada.

Eu não estava pronta para largar esse meu sonho e principalmente, me casar no fim de semana.

Mas eu também não estava pronta para que Daniel me deixasse dessa maneira, escolhendo ficar com aquela mulher que ao que parecia, o conhecia antes que eu pudesse descobrir como ele era.

Não era novidade para mim e nem deveria ser uma surpresa, mas eu não imaginava que ele escolheria ela. Pensei que ele lutaria ao meu lado, mesmo que indiretamente para que pudéssemos voltar com nossas vidas normais e continuar vivendo a atração que tínhamos.

Ele me prometeu tantas coisas, me fez querê-lo quando eu simplesmente queria me afastar e agora, eu estava sendo obrigada a sofrer com a distância, mesmo vivendo na mesma casa que ele.

Novamente, eu sabia que essa relação não poderia seguir a diante, mas ainda assim, saber que isso realmente não poderia acontecer tinha quebrado cada pedacinho do meu coração. Pior foi vê-lo deixar Hana tocar em seu corpo, mesmo ele me lembrando a cada minuto que eu era completamente dele eu imaginava que ele também seria completamente meu.

Mas não estava sendo assim e eu me culpava por ter pensado que ele faria isso.

Tranquei a porta quando finalmente consegui chegar ao meu quarto, dessa vez era eu quem precisava de um tempo sozinha para processar o que Ren havia me falado sobre meu futuro e sobre ter rejeitado Daniel no meio do caminho.

Eu precisava desaparecer na verdade.

Joguei os trapos do vestido no chão do banheiro e lavei o suor que cobria meu corpo, tentando tirar o cheiro do perfume suave de Ren que impregnou na minha pele enquanto ele me segurava tentando me acalmar. Soltei a trança e deixei a agua me cobrir.

Eu odiava esse lugar.

Toquei meu pescoço e senti o pingente balançar entre os meus dedos, o que eu havia acabado de fazer?

— Dessa vez você irá me ouvir, cordeirinha.

ESTRANHOOnde histórias criam vida. Descubra agora