Capítulo 3 (Parte 1)

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LISSA

(Sem revisão)

Mila chegou ao Bar/Restaurante do Fernando alguns minutos depois de mim, lindíssima como sempre. Ela é uma típica brasileira de pele morena clara, cabelos cacheados e um corpo de parar o trânsito, literalmente. Às vezes eu mesma tinha inveja dela; uma inveja do bem, é claro, mas ainda assim, inveja. É aquela velha história de que queremos ter  o que os outros  tem e nunca nos conformamos com quem somos de verdade: Enquanto eu queria ter a pele morena como a dela, ela vivia dizendo que queria ter a pele branca como a minha.

Vai entender...

Assim que eu a avistei, acenei com a mão para que ela me encontrasse na mesa mais reservada que encontrei. Era horário de almoço e o  Bar do Fernando costuma ficar particularmente cheio nesse horário, tanto que mesmo acenando como a própria Natália Guimarães, Mila demorou para me encontrar no meio de tanta gente.  Quando os olhos dela finalmente pousaram em mim, ela sorriu e acenou de volta, já caminhando em minha direção.

Não pude deixar de notar alguns homens se virando em suas cadeiras para acompanhar o balanço dos quadris dela, como se estivessem hipnotizados. Também foi impossível não notar a careta de dor que um deles fez e o sorrisinho enigmático da acompanhante dele, o que me levou a crer que ele levou um pisão por debaixo da mesa.

Sorri com essa constatação.   

 
–Vim o mais rápido que pude. –Mila falou, já me abraçando e eu sorri para ela, vendo-a sentar-se de frente para mim e me encarar com uma sobrancelha erguida como se perguntasse "E aí, o que aconteceu?!".

Remexi-me desconfortavelmente na cadeira, sem saber por onde começar.

–Por que não fazemos primeiro o nosso pedido? – Sugiro para ganhar um pouco de tempo. – Estou morta de fome.

Mila continua a me encarar interrogativamente, mas acaba aceitando minha sugestão como imaginei que faria. Se tem alguém no mundo que gosta mais de comida que eu, esse alguém é Camila Moreira, penso divertida.

Fazemos nossos pedidos, não sem antes Mila flertar com o Atendente Gato, que apareceu minutos depois todo sorrisos para a minha amiga, trazendo uma Coca-Cola zero e batatas-fritas para mim e uma salada para a ela, com um suco natural para acompanhar.

Assim que o Atendente Gato foi embora, sorri maliciosamente para a minha amiga.

–Desde quando você come salada e toma suco natural?

–Nunca é tarde para começar com uma alimentação saudável. – Ela responde séria, mas em seguida ri, mostrando um papel cuidadosamente dobrado em uma das mãos. – A quem estou querendo enganar?! Eu só fiz isso pra impressionar aquele deus grego! E pelo visto minha tática funcionou muito bem... – Mila sorri e eu sorrio de volta, vendo-a segurar triunfante o número de telefone do rapaz.

Ela não perde uma!

 –Você é terrível. – Comento, tomando um gole do meu refrigerante zero.

Ela joga os cabelos para trás toda convencida, fazendo-me rir. Mila e eu nos conhecemos há cinco anos e nos tornamos inseparáveis desde então. O jeito espontâneo, sem ter medo de falar o que pensa, e a energia positiva que emana dela foi o que mais me cativou a me aproximar e me tornar sua amiga.

Estava na metade do meu lanche, quando ela voltou a me fitar com curiosidade.

–E então? Vai me contar o que aconteceu? 

Suspirei.

A pergunta trazia de volta todos os pensamentos que a companhia dela tinha afastado por hora. Eu ainda não sabia por onde começar, então fiz a coisa mais sábia que poderia ter feito: comecei pelo começo, resumindo desde o encontro que tive com o Rafa na semana passada, até o momento do beijo por engano que dei no idiota do meu cunhado.

Um Bad Boy em minha vidaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora