Capítulo 41

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|Pov Lissa|

(Sem revisão)

Nos dias que seguiram o acidente do Renan, procurei passar o máximo de tempo possível com ele. Bob e eu revezavamos os horários: ele cuidava do Renan de manhã, enquanto eu estava no colégio, e eu ficava responsável por cuidar dele pelo resto da tarde.

No começo foi difícil conciliar os estudos, com a minha nova rotina de enfermeira, mas estávamos na semana de provas e o ENEM se aproximava, então precisei intensificar os estudos.

Depois de uma semana, porém, eu já estava quase completamente adaptada à nova rotina. Levava os livros para estudar, enquanto cuidava do Renan, e ele ainda me ajudava na matéria que sempre tive dificuldade e que, convenientemente, era a melhor melhor matéria dele: a temida matemática.

Eu simplesmente não conseguia entender porque aprender a fórmula  de Bhaskara, se não ia precisar aplicá-lo na prática. Eu sabia as quatro operações básicas da matemática e,  para mim, aquilo era mais do que o suficiente.

—Você devia descansar um pouco. —Renan, que olhava com desagrado para o livro grosso que eu tinha no colo,  insistia ao meu lado. —Ultimamente você tem passado a maior parte do tempo com a cara enfiada nos livros. — acusou chateado, fazendo-me rir. Ele ficava uma graça com a cara amarrada.

Fechei o livro com um barulho abafado e sentei na cama, ao lado dele.

—Acho que Bob tem razão. —comentei, apoiando a cabeça no ombro dele. —Estou te mimando demais. —Provoquei, rindo.

—Bob está com inveja porque não tem uma namorada bonita para mimá-lo. —Renan bufou e revirou os olhos. Estava chateado com o amigo, que passara a tratá-lo como uma criança pequena e que parecia ter uma satisfação particular em atrapalhar os nossos beijos.

Eu, no entanto, estava sorrindo de orelha a orelha.

—Então quer dizer que eu sou bonita, é? —Perguntei olhando para ele, que ficou visivelmente sem graça.

—Pensei que você soubesse disso. —Ele respondeu, dando de ombros. —É impossível olhar pra você e não pensar "puta merda, como a minha namorada é bonita". Você deveria se olhar mais no espelho. — sugeriu com uma piscadela, deixando minhas bochechas escarlate.

Eu não estava acostumada a receber elogios dele, mas ficava radiante de felicidade sempre que recebia um, principalmente quando vinha acompanhado da palavra "namorada". Eu estava me abraçando por dentro.

—Sabe, ao invés de me criticar porque estudo demais, você deveria estudar também. —mudei de assunto rapidamente. —Se quiser passar no vestibular, é claro. —completei, quando ele não disse nada.

Renan continuou calado, olhando para o teto.

—Você nunca me falou para que vai prestar vestibular. — Insisti, fitando-o com genuína curiosidade.

—Eu ainda não sei. —Renan, que ainda encarava o teto, respondeu dando de ombros. — Para engenharia mecânica, talvez, já que sou apaixonado por carros, motos e velocidade. —Comentou distraidamente, fazendo-me estremecer de leve. O acidente de moto que ele sofrera há quase um mês ainda me deixava aflita.

—E você, vai prestar vestibular pra quê? —Renan, percebendo que tocara em um assunto delicado, perguntou rapidamente, embora seu interesse pela resposta parecesse sincero.

—Psicologia. —Respondi com firmeza.

Durante a infância, aos oito ou nove anos, eu era bem gordinha e desajeitada, por isso sofria com o bullying na escola, tinha problemas de auto-estima e estava sempre deprimida e introspectiva. Foi quando mamãe decidiu que eu precisava de acompanhamento psicológico que conheci a psicologia, me encantei pela profissão e desde então não consigo me imaginar fazendo outra coisa.

Um Bad Boy em minha vidaWhere stories live. Discover now