Capítulo 48

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|Pov Lissa|

Autora: DESCULPEM PELA DEMORA!!!

(Sem revisão)

— Eu sei que você está aí, Lissa! — Renan gritava para a janela do meu antigo quarto, em tom de acusação. — Não vou sair daqui até que você aceite me ouvir. — Falava decidido. — E, caso você não aceite me ouvir civilizadamente, vou gritar tão alto o que tenho para dizer, que toda a sua vizinhança vai ouvir! — Ameaçou por fim, olhando decididamente para a janela.

Fiquei parada, estática, olhando para o local onde ele se encontrava. Meus pés se recusavam a se mover, como se estivessem fincados no chão, ignorando os comandos do meu cérebro, que emitia sinais de alerta vermelho e insistia para que eu saísse dali o mais rápido possível.

Minha parada repentina causou um engarrafamento no fluxo de pessoas que passava pela calçada. Uma mulher alta, com cara de buldogue, esbarrou no meu ombro ao passar rapidamente por mim, arrastando pelo braço uma menina, que imaginei ser sua filha, depois de lançar um olhar assustado para o Renan, ainda parado de costas no quintal. Presupus que a mulher ouvira os gritos dele para a janela e chegara à conclusão que estava diante de um louco, ou de alguém que exagerara na bebida.

— Vamos, Marieta! — Ordenou impaciente, puxando a menina que olhava para trás, por cima do ombro,  e as duas desapareceram de vista ao dobrarem a esquina.

Permaneci parada onde estava, incapaz de mover um músculo. Renan estava ali, no quintal da minha antiga casa, a menos de dez metros de mim e  aquela era a primeira vez que eu o via depois de ter deixado o apartamento dele, magoada e furiosa, algumas semanas atrás.

Todos os sentimentos que eu vinha tentando reprimir fugiram do meu controle no momento em que eu o vi, travando uma batalha interna entre duas partes opostas que até então eu desconhecia: a primeira parte, a emotiva, ainda o amava, sentia saudade, queria abracá-lo, beijá-lo; achava que ele merecia o benefício da dúvida e que eu deveria lhe dar uma chance de se explicar: "Todo mundo merece uma segunda chance! Deve haver uma explicação plausível para tudo o que aconteceu", dizia sensatamente uma vozinha na minha cabeça. No entanto, antes que eu pudesse cogitar essa possibilidade, a segunda parte de mim se manifestou. Esta estava magoada, com raiva, ressentida, corroída pelo ciúme.
Diferente da primeira, esta parte parecia berrar no meu ouvido: "Você não pode ouví-lo! Ele se aproximou de você para se vingar do irmão, lembra?! E não podemos esquecer que ele agora está com a cabelos-de-fogo!", retorquiu a segunda voz, rancorosa, alimentando a raiva que habitava o meu peito.

Minha mente foi invadadida pela imagem da ruiva escultural, que eu vira saindo do quarto do Renan, no dia anterior, vestindo apenas uma camisa que decididamente pertencia a ele e com a expressão satisfeita de quem acabara de ter uma sessão de sexo intenso. Eu duvidava que fosse esquecer aquilo tão cedo.

Eu queria bater no Renan, gritar com ele, causar dor física, fazê-lo sentir pelo menos um terço da dor eu sentira ao encontrar aquela mulher no apartamento dele...

Naquele momento de raiva contida, uma pergunta surgiu na minha cabeça: por que só agora, depois de tanto tempo,  ele apareceu para se explicar?! Eu não conseguia entender. Simplesmente não fazia sentido.

— Não me faça escalar essa maldita árvore, Lissa! — Renan gritou impaciente, fazendo-me sobressaltar.
— Você não vai querer que eu caia da árvore, quebre o pescoço e agonize até a morte bem aqui no seu quintal, não é mesmo? — Perguntou em tom de desafio, embora parecesse inseguro sobre eu não querer que ele quebrasse o pescoço. Na verdade, eu tinha motivos suficientes para querer quebrar o pescoço dele eu mesma.

Renan esperou, olhando ansiosamente para a janela do meu antigo quarto, no primeiro andar da casa e, em seguida, para a porta de madeira no térreo, como se eu fosse aparecer em um desses lugares a qualquer momento. No entanto,  quando isso não aconteceu, Renan praguejou frustrado e se virou em direção à rua, como quem procura uma inspiração divina. Foi então que, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Renan me viu parada ao lado da moto; os olhos azuis que eu tanto amava estavam fixos nos meus quando, meio hesitante, ele começou a caminhar até mim, primeiro lentamente e depois, quando pareceu se dar conta que eu não era uma miragem, começou a correr.

Um Bad Boy em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora