Capítulo 22

4K 290 23
                                    

|Pov Lissa|

(Sem revisão)

Olhando no espelho que cobria quase completamente a porta do meio do meu guarda-roupa, analisei a minha imagem. Minha aparência estava péssima, digasse de passagem: meu rosto abatido estava amassado, meus olhos estavam vermelhos e inchados, sem contar com o meu cabelo que era um espetáculo à parte, assemelhando-se a um ninho de mafagafos. Nos meus braços, as marcas vermelhas deixadas pelo Rafa tinham ganhado um tom arroxeado e estavam sensíveis ao toque, mas felizmente não era nada que uma blusa de mangas compridas não pudesse resolver. Felizmente a manhã de domingo começou fria e ninguém iria me achar esquisita por estar usando um casaco de algodão.

Suspirei, ainda olhando para o espelho, ao mesmo tempo que tentava desembaraçar o emaranhado de fios loiros, que era o meu cabelo.
Enquanto passava a escova por ele com certa brutalidade, comecei a pensar em como minha rotina mudaria agora que não estava mais namorando. Para começar, eu não tinha nada para fazer hoje e ficar em casa assistindo um filme de romance não pareceu ser uma boa idéia, dadas as circunstâncias. Prometi para mim mesma que não ficaria em casa choramingando com a possibilidade de ter tomado a escolha errada.

Se a mamãe estivesse aqui, ela diria que sou jovem e tenho tempo para consertar os meus erros, em um futuro próximo ou distante. Foi com esse pensamento em mente que iniciei o meu primeiro dia pós-termino.

Depois de alguns minutos lutando com os nós do meu cabelo e perdendo feio, desisti de tentar arruma-los e os prendi em um coque frouxo próximo à nuca, deixando-os moderadamente arrumados. Quando terminei, tirei meu moletom de coraçãozinhos, joguei no cesto de roupa suja. Em seguida, vesti uma calça jeans e uma blusa de mangas com um decote em U que sempre levantava a minha autoestima, por fazer maravilhas com as curvas do meu corpo.

Fiz uma maquiagem leve, dei uma última checada na minha roupa e saí do quarto com a moral elevada, a consciência leve e uma sensação de paz que a muito tempo não sentia.

Desci as escadas, já planejando o que fazer pelo resto do dia para manter minha cabeça ocupada. Qualquer coisa parecia mais atraente que passar a tarde no sofá, assistindo TV e me entupindo de sorvete de chocolate direto do pote.

Meu pai tinha deixado um bilhete na porta da geladeira avisando que saiu para jogar golfe com alguns amigos e que não voltaria para o almoço. Eu sabia que essa história era só fachada e na verdade ele ia beber com esses tals amigos, mas isso já não importava pra mim. Para ser sincera, até gostei de não encontrá-lo em casa. Giovanni Ferrasi podia ser muito observador quando queria e eu não estava com a mínima vontade de explicar o motivo do término do meu namoro.

Peguei uma maçã no cesto de frutas frescas sobre a mesa e saí rumo a casa da dona Bethy. Ou melhor, pra casa da Bethy, corrigi-me mentalmente, lembrando que ela não gostava de ser chamada de 'dona'.

Caminhei pela rua comendo minha maçã, satisfeita por não ter a sensação de estar sendo observada. Se havia mesmo alguém me seguindo, ou esse alguém estava muito discreto, à ponto de enganar o meu sexto sentido, ou tinha 'dormido no ponto' e não viu quando saí de casa.

Balancei a cabeça e sorri com o pensamento bobo.

Sete minutos depois de sair de casa, eu estava em frente ao portão da Bethy, tocando a campainha. O vento frio batia no meu rosto, fazendo o meu corpo estremecer levemente, mesmo estando devidamente agasalhada. Eu nunca me acostumaria com essas mudanças bruscas de temperatura em São Paulo.

Brutos veio correndo até o portão, já com a coleira e a guia colocadas. Quando viu que eu estava parada lá fora, começou a pular e latir enquanto abanava o rabo freneticamente, feliz em me ver.
Bethy veio logo atrás, sorrindo com a reação do cão, assim como eu.

Um Bad Boy em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora