Capítulo 44

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Pov Lissa

(Sem revisão)

Na noite que sucedeu a descoberta da minha gravidez, não consegui comer nada, tampouco consegui dormir. Durante toda a madrugada fiquei acordada, olhando para fixamente para o teto, como se o feixe de luz refratada através dos vidros da janela do meu quarto tivesse a solução para todos os meus problemas.

A fase da negação já tinha passado, agora que eu tinha feito o teste. Me sentia gravidíssima. Naquele momento, eu estava na fase do pânico. Eu não queria aquele bebê que me fazia sentir enjoos e ter aversão à comida. Não me sentia pronta para passar noites acordada tentando adivinhar o que o fazia chorar.

Queria poder dizer que amei o bebê que crescia dentro de mim desde o primeiro momento que soube da existência dele, mas estaria mentindo se dissesse. Embora não o tenha odiado, nem pensado em tirá-lo, eu me sentia emocionalmente vazia com relação a ele.

Que tipo de mãe eu seria, se nem ao menos fui capaz de sentir alguma coisa pelo meu filho?! - Perguntei-me angustiada. Pensar na palavra "filho" pela primeira vez, me fez ter a sensação de que dezenas de borboletas tinham levantado voo no meu estômago.

Eu sabia que, depois da negação e do pânico, viria a aceitação. Afinal de contas, não era uma doença ou uma maldição. Era um bebê! Um filho meu e do homem que, detestava ter que admitir, eu ainda amava, apesar de tudo que ele fizera.

Por alguma razão, a imagem da jovem mãe, que encontrei na fila da recepção do Hospital, surgiu com clareza na minha mente: Ela segurava um menino de uns três ou quatro anos, que berrava e esperneava, enquanto ela, visivelmente constrangida, tentava sem sucesso, fazê-lo parar de chorar.

Será que comigo também seria assim?!

Eram tantas dúvidas, tantas perguntas sem resposta, que só eu só tinha uma única certeza: minha vida mudaria radicalmente, depois disso.

Eu não fazia idéia de como os meus pais iriam reagir. Talvez eles fossem mais tolerantes, pensei esperançosa,
tendo em vista que mamãe engravidara aos dezessete anos, quando, assim como eu, ainda morava com os pais. Não pude deixar de notar a ironia do destino, ao ver que a história se repetia.

Eu só esperava que não se repetisse por completo...

Na época, mamãe foi expulsa de casa pelos meus avós, que eram muito conservadores, e foi acolhida na casa do meu avô paterno, até se casar com o meu pai. Eu, no entanto, não sabia se poderia (ou se queria) contar com o Renan, caso fosse expulsa de casa, o que era bem provável que fosse acontecer.

Como ele iria reagir? E se ele não quisesse esse bebê?!

Havia a possibilidade, mas decidi que, mesmo estando magoada com ele, Renan tinha o direito de saber que teríamos um filho, que também era responsabilidade dele. Eu sabia que,  se não tivesse para onde ir, teria que engolir o meu orgulho e ir morar com ele, mesmo que fosse só até encontrar um cantinho para o meu filho e eu.

Eu faria esse esforço pelo bebê, não por mim, concluí em pensamento, tentando me convencer daquelas palavras.

Queria poder falar com a Mila;  ela certamente poderia me ajudar. Mas eu já não confiava nela. Quem me garantia que ela não espalharia a minha gravidez para toda escola, no dia seguinte?

Eu tinha quase certeza que a minha mãe tentaria me apoiar, como sempre fizera, mas meu pai jamais aceitaria uma filha grávida embaixo do seu teto, e como mamãe sempre fora submissa às vontades dele, eu não podia contar com ela.

Foram horas refletindo sobre tudo aquilo, até que o cansaço me venceu e caí em um sono profundo, sem sonhos.
******
Naquela manhã, acordei cedo como de costume, fiz minha higiene pessoal, vesti o uniforme do colégio e guardei os livros na mochila normalmente. No entanto, ao invés de pegar o ônibus que me levaria para a escola, peguei um táxi até o apartamento do Renan, ensaiando mentalmente, durante todo o percurso, o que diria quando o encontrasse.

Um Bad Boy em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora