Capítulo 17

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Agora sim é o capítulo 17!
Boa leitura! ;)

|Pov Lissa|

(Sem revisão)

Você já teve a incômoda sensação de estar sendo observado? Se sim, era exatamente assim que eu me sentia enquanto empurrava o carrinho de compras pelo supermercado.

Depois de me despedir da Mila em frente ao colégio, caminhei até o ponto de ônibus e esperei dez minutos até que o ônibus chegasse.

Ao chegar em casa, troquei de roupa e peguei duzentos reais no esconderijo da minha mãe, dentro do velho bule de chá que ninguém usava. Aquele dinheiro era apenas para precisões, como ela mesma gostava de lembrar. E, por "precisões", subtende-se uma ida inesperada ao dentista, ou algum outro problema de saúde que nos pegasse de surpresa.

Mas uma mancha na roupa e um armário quase vazio não deixava de ser uma precisão, não era mesmo? — Ponderei comigo mesma, em silêncio. Para mim, era sim.

Havia gastado quase todas as minhas economias no meu novo celular, esquecendo completamente de que precisaria do dinheiro para comprar comida pelas próximas semanas. As reservas da Dona Clarice eram minha única opção, mas fiz uma nota mental para pedir dinheiro ao meu pai e tratar de repor cada centavo que havia retirado do bule, antes que ela voltasse de viagem. Era o melhor que eu podia fazer.

Após sair de casa, fui caminhando até o supermercado mais próximo, que ficava à dois quilômetros dali. Decidi ir a pé por opção, já que assim poderia pensar um pouco sobre os últimos acontecimentos e de quebra, perderia algumas calorias que vinha ganhando desde que passara a cozinhar para mim mesma. Foi então que, ao virar o primeiro quarteirão, a sensação me atingiu pela primeira vez, fazendo-me olhar para trás, por sobre o ombro.

Não havia ninguém suspeito, só pessoas indo e vindo no ritmo da cidade grande. Bem, exceto um homem com um casaco de frio e capuz no outro lado da rua, que estava parado de costas para mim conversando com a dona Bethy como quem pede uma informação. Por algum motivo, algo nele me era familiar. Eu só não poderia dizer o quê. Por fim, quando ele acenou para a minha vizinha e seguiu pelo caminho oposto ao que eu fazia, balancei a cabeça e voltei a caminhar.

Provavelmente foi o fato dele estar usando um casaco em uma tarde tão quente que me chamou a atenção. —Dissera para mim mesma.

A sensação de estar sendo observada, porém, acompanhou-me durante todo o percurso, até mesmo dentro do estabelecimento e era perturbadora. Flagrei-me várias vezes olhando para os  lados, só para descobrir que aparentemente não havia ninguém me seguindo. Não ninguém conhecido, muito menos alguém ameaçador ou suspeito.

Afinal de contas, quais eram as chances do senhor da terceira idade que estava à mais de dez minutos na mesma posição, tentando enxergar o rótulo da caixa de leite, ser um serial killer?!

O pensamento era tão absurdo, que balancei a cabeça e ri comigo mesma.

Deve ser coisa da minha imaginação, concluí em pensamento e relaxei um pouco, passando para a sessão de produtos de limpeza. Lá comprei um tira manchas de uma marca bastante conhecida, para tentar desfazer o estrago que a Monique tinha feito na blusa branca do meu uniforme.

Só de lembrar do episódio, senti meu sangue ferver.

Aproveitei também para comprar alguns alimentos que estavam faltando, afinal a comida não surge magicamente no armário. Alguém tem que compra-la e sem a minha mãe em casa, essa tarefa foi imediatamente transferida para mim.
Enquanto eu passeava com o carrinho pelo setor de alimentos, em meio à mulheres mais velhas que eu, senti-me uma legítima dona de casa. Varri o local com o olhar e encontrei uma idosa, uma mulher que aparentava ter pouco mais de trinta anos, carregando um bebê dentro do carrinho de compras e outra, um pouco mais velha, agachada no setor das frutas, descartando as frutas estragadas. Para não dizer que não haviam homens, encontrei um no frigorífico, quando fui comprar peito de frango. Ele era um quarentão barrigudo e aparentava ser um solteirão convicto, desses que passam as tardes de domingo em frente à TV, se entupindo de fast food e cerveja. Além disso, eu podia apostar que ele tinha um gato como animal de estimação e esse pensamento foi confirmado quando o encontrei novamente em outro setor, comprando ração para gatos.

Um Bad Boy em minha vidaWhere stories live. Discover now