Capítulo 43

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[Pov. Lissa]

(Sem revisão)

Nos dias que seguiram, passei a maior parte do tempo trancada no meu quarto, focada nos estudos, como forma de manter a minha mente o mais ocupada possível.

Passei a ignorar as mensagens da Mila, que lotaram minha caixa de entrada, tal como ela fizera quando descobriu que eu ocultara a verdade sobre o filho da Jessica. Além disso, eu  evitava fazer contato visual durante as aulas e sempre mudava de direção quando ela tentava se aproximar.

Mila parecia sinceramente arrependida e envergonhada pelo que tinha feito e eu sabia que, embora sua intenção tenha sido ruim, inconscientemente ela me ajudara a desmascarar o Renan,
mas mesmo assim eu estava muito magoada para perdoá-la tão facilmente.

Pensar no Renan fazia o meu peito doer.

Diferente da Mila, ele não havia mandado nenhuma mensagem, muito menos veio me procurar aqui em casa para pedir perdão ou me dar uma explicação, como pensei que faria. Isso só confirmou que tudo que o Rafa tinha dito naquela noite, há três semanas, era mesmo verdade.

Renan tinha me usado esse tempo todo, sem se importar com os meus sentimentos, tudo para se vingar do próprio irmão, que fizera a mesma coisa com ele, algum tempo atrás.

Pensar nisso me deixava enojada.

Me odiei por ser tão burra e ingênua à ponto de acreditar que Renan Castilho, o bad boy mulherengo e babaca, estava disposto a deixar a vida de solteiro de lado para ter algo sério comigo.

"É melhor que ele não me procure", eu dizia para mim mesma, sacudindo os ombros, como quem dá pouco importância, quando, na verdade, estava torcendo para que ele aparecesse dizendo que me amava e que tudo não passou de um mal entendido. Eu queria que ele provasse que o Rafa estava enganado; que ele se aproximara de mim porque se sentiu atraído e não porque isso fazia parte de um plano de vingança.

Sempre que ouvia um barulho de moto na rua, eu sentia o meu coração disparar no peito e interrompia tudo que estivesse fazendo para ir até a janela do meu quarto, na esperança de que fosse encontrá-lo. Era uma esperança irracional, uma vez que Renan provavelmente ainda estava com o braço engessado e não poderia dirigir uma moto nessas condições. Isso se a moto dele tivesse saído do conserto, é claro, o que eu achava muito pouco provável.

Mesmo assim, alimentei esse esperança por uma semana inteira, até que, depois de várias frustrações, tive que aceitar que ele não viria me procurar.

Toc, toc, toc...

Ouço batidas insistentes na porta do meu quarto e sou trazida de volta ao presente. Fecho o livro grosso de História e me sento na cama em posição ereta, secando uma lágrima traiçoeira que escapara do meu olho antes que pudesse contê-la.

— Posso entrar? — mamãe pergunta, já com a cabeça para dentro do quarto, assim que percebe que a porta não está trancada com a chave.

— Pode, é claro. — respondo tranquilamente, forçando um sorriso que mais parece uma careta.

Ela abre mais a porta do quarto, vai até o corredor e volta trazendo uma bandeja com bolo, algumas frutas, biscoito e leite.

Imediatamente sinto o estômago embrulhar.

— Nem adianta fazer essa cara. — Mamãe diz, em tom de aviso, fitando-me com autoridade. — Você vai comer, nem que seja um pouco. — completa, de maneira mais branda, colocando a bandeja em cima da cama.

Minha garganta parece estar fechada.
A comida me causa repulsa.

— Mãe... — choramingo para ela, com os olhos suplicantes.

Um Bad Boy em minha vidaWhere stories live. Discover now