Capítulo 40

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|Pov Lissa|

(Sem revisão)

Me vi parada em frente ao Hospital Santa Casa, sem ter muita ideia de como cheguei aqui. Minha mente parecia ter parado de pensar racionalmente, levando-me a agir no modo automático.

Lembro-me de ter lido os dois primeiros parágrafos da matéria, que me forneceram o nome do hospital para onde Renan foi levado, e também um detalhe alarmante, que elevou minha preocupação. Embora tenha lido a notícia apenas uma vez, com a visão turva e forçando minhas mãos trêmulas a se manterem paradas, ela se repetiu na minha cabeça durante todo percurso de táxi até aqui:

Por volta das 11h:30min da noite de ontem (18/09), Renan Castilho, 19 anos, (foto ao lado) fora vítima de um grave acidente envolvendo uma moto e um carro em alta velocidade que, segundo testemunhas, estava na contra-mão e avançou um sinal vermelho, colidindo com a moto do Sr. Castilho.

O motorista do carro não sofreu nenhum dano e fugiu sem prestar socorro. Renan Castilho foi socorrido por moradores e levado para a Santa Casa de Santos. Não há informações sobre seu estado de saúde.

A notícia preenchia quase toda a parte inferior do jornal e era formada por quatro parágrafos, mas não li os outros dois. Em vez disso fiquei paralisada, vendo a cena do acidente se formando na minha mente. Em um colisão entre um carro e uma moto, o piloto da moto sempre leva a pior.

Naquele momento, mesmo me obrigando a afastar os pensamentos negativos, meu peito foi tomado por uma sensação ruim, que chegava a ser pior que a dor física. Não era apenas paixão o que eu sentia por Renan Castilho - era amor -, sempre foi amor, e a idéia de perdê-lo para a morte, sem ao menos chegar a dizer o quanto o amo, era insuportável.

A sensação que eu tinha era a de que um buraco tinha sido cavado no meu peito.

—Talvez o acidente não tenha sido tão grave. As pessoas que dizem ter presenciado o acidente podem ter exagerado, para dar mais dramaticidade ao caso. —Mamãe dissera, tentando ser otimista, mas a expressão de enterro no rosto dela dizia exatamente o contrário.

Naquele momento, eu não sabia bem o que fazer, mas sabia que precisava fazer alguma coisa, ao invés de ficar parada, chorando e pensando besteiras. Eu precisava de notícias sobre o estado de saúde do Renan, mas para isso, precisava ir até o hospital.

Ricardo e Carolina Castilho, pais do Renan, não sabiam do meu relacionamento com ele, mas me conheciam como ex-namorada do Rafa, o que me daria um pretexto para ir até o hospital. Eu podia dizer que, assim como mamãe, vi a notícia no jornal, achei que era o Rafa e corri até a Santa Casa. Carolina me adorava; com certeza não me negaria informações sobre seu outro filho.

Na minha cabeça, eu tinha o plano perfeito.

Mamãe insistira em vir comigo, preocupada com o meu próprio bem-estar, mas consegui convencê-la a ficar em casa, com a promessa de que legaria para mantê-la informada.

—Vou ficar em casa, rezando para que ele fique bem. —Dissera ela com a voz embargada, empunhando um terço na mão direita. —Bom rapaz, aquele. —assoou o nariz num lenço, antes de me dar um abraço apertado e pedir para que eu tomasse cuidado.

Mamãe estava muito abalada, acreditando que o rapaz da foto no jornal era o Rafa, seu ex-genro. Ela gostava dele como um filho, por isso não aceitou muito bem o nosso término e, mesmo sabendo que estou com outra pessoa, sei que ela nutre esperanças de que Rafa e eu reatemos nosso namoro.

Depois de me despedir dela, lembro de ter saído de casa mais atordoada do que jamais estivera em toda minha vida, então peguei um táxi, informei ao motorista o endereço do hospital e, depois do que pareceram horas (mesmo sabendo que não foram mais que 25 minutos), finalmente me encontro parada em frente ao enorme hospital, sem coragem de entrar.

Um Bad Boy em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora