Capítulo 47

3.4K 265 63
                                    

|Pov Lissa|

(Sem revisão)

— Fiquem à vontade; A casa é de vocês. — Bethy diz hospitaleira, ao voltar do quarto, trazendo consigo alguns cobertores e dois travesseiros.

— Obrigada por nos deixar passar a noite aqui, Bethy.— Mamãe agradece, sorrindo carinhosamente para a amiga, que retribui o sorriso, encabulada, enquanto lhe entrega dois cobertores mais grossos e um dos travesseiros, cujas fronhas um dia tinham sido brancas, mas agora tinham um aspecto velho e amarelado.

— Não estou fazendo nenhum ato heróico para merecer a gratidão de vocês. — Bethy comenta, dando de ombros. — Além domais, será ótimo ter vocês duas aqui comigo. — Diz, por fim, entregando-me um cobertor mais fino, com estampa de flores coloridas, junto com o outro travesseiro, que devia estar há anos guardado no fundo do guarda-roupa, pois cheirava fortemente a mofo e naftalina.

— Obrigada, Bethy. — Agradeço também. Em resposta, Bethy faz um barulho de estalo com a língua, saindo em direção à cozinha, de onde volta alguns minutos depois, segurando uma bandeja de chá com bolinhos.

Nesse mesmo instante, meu estômago faz um barulho alto e esquisito, semelhante a um rugido; Não tinha percebido como estava com fome, até estar diante dos bolinhos de chuva da Bethy, que eram os meus preferidos, mesmo concorrendo diretamente com o Delicioso-Bolo-de-Chocolate-Da-Maria, cozinheira da família Castilho.

Sinto minha boca salivar.

— Sirvam-se, por favor. — Bethy pede, indicando a bandeja, e arregala os olhos ao ver que pego quatro bolinhos de uma só vez.

— Lissa, tenha modos! — Mamãe me repreende, constrangida.

Bethy ri.

— Deixe-a comer em paz, Clarice! — Diz ela, imitando o tom de repreensão que a minha mãe usara e parecendo bem satisfeita com o meu apetite repentino. Bethy parecia aquelas avós que tinham como meta de vida fazer com que os netos tivessem pelo menos quatro quilos à mais, no final das férias de fim de ano.

Devolvo dois bolinhos de volta a bandeja, com o rosto corando e começo a comer educadamente, saboreando os bolinhos de chuva.
Mamãe serve-se de uma xícara de chá de camomila, dispensando os bolinhos e Bethy faz o mesmo, acomodando-se em sua poltrona, de frente para nós, logo depois.

Nos minutos que se seguiram, sem dizer uma palavra, ela nos analisou com atenção, levando a xícara aos lábios de tempos em tempos e bebericando seu chá, com a testa uma expressão pensativa que deixava as rugas em seu rosto envelhecido pelo tempo ainda mais evidentes.

— O chá estava delicioso, Bethy. — Mamãe fala, rompendo o silêncio incômodo, enquanto devolve sua xícara vazia à bandeja sobre a mesinha de centro. — E obrigada pelos bolinhos também. Lissa e eu não tivemos tempo de almoçar, na pressa para guardarmos nossas coisas e sairmos da casa, antes que Giovanni voltasse. — Ela explica, em tom de desculpa, me lançando um leve olhar de censura. Sinto meu rosto corar furiosamente ao perceber que, sozinha, havia comido quase todos os bolinhos de chuva que Bethy trouxera.

O que posso fazer?! Estou comendo por dois!

Pare de agradecer, mulher! — Bethy fala, dando um tapa no ar e fingindo irritação. No entanto, no momento seguinte, ela pisca condescendente e sorri, dizendo: — Sei que você faria o mesmo por mim.

Mamãe sorri.

— Com certeza faria. — Ela garante para Bethy, que se levanta com dificuldade, olhando para o relógio quadrado na parede, cujo fundo tinha uma paisagem campestre, com belos cavalos correndo pela relva.

Um Bad Boy em minha vidaKde žijí příběhy. Začni objevovat