Capítulo 16

3.6K 362 81
                                    

"A ironia é sobretudo uma brincadeira do espírito. O humor seria antes uma brincadeira do coração, uma brincadeira de sensibilidade." -Renard, Jules   


[Vicente]

-Você está brincando comigo? Acha que sou idiota? -Fernanda perguntou irritada.

Oh, céus...

-É claro que não. Eu estou dizendo a verdade, Bertotti. -suspirei.

Fernanda havia se afastado de mim no instante em que lhe contei a verdade.

-Você.... espera, do que você me chamou? -ela se voltou para mim com o cenho franzindo.

-O que? Bertotti? Esse é o seu sobrenome, não? -indaguei confuso.

-Tá, mas porque me chamou assim? Ninguém se refere a mim desse jeito.

-Talvez seja por isso que eu te chamei dessa maneira. É uma coisa só minha, e toda vez que você ouvir alguém pronunciar esse nome, você automaticamente se lembrará de mim. -pisquei o olho para ela.

-Mas... mas...

-...isso é brilhante? Eu sei disso. -eu disse convencido cruzando os braços.

-Eu sei o que está fazendo, pode parar com isso. Você está tentando me deixar confusa com toda essa conversa, para que eu esqueça o que estávamos falando. -me encarou sem paciência.

-Bertotti, eu estou falando sério. Porém se você não quer acreditar, eu nada posso fazer. -dei de ombros exasperado.

-Então... você quer dizer...

-Sim, eu quero dizer o que eu disse. Por Deus, mulher! Porque eu mentiria sobre isso? -exclamei aflito. -Ela é minha mãe, o que pensou que ela fosse?

-Bem... eu não sei. Ela não se parece com uma mãe que deu a luz três filhos.

-Tá, mas idaí?

-Seus irmãos, eles também são... filhos dela também? -ela perguntou constrangida, acho que se arrependeu assim que as palavras saíram de sua boca.

Ri comigo mesmo. 

-Sim, Fernanda. Todos nós somos irmãos de sangue, por mais que eu pense que um dos dois foi trocado na maternidade, não tem como negar que um é a cara do outro.

Ela deu uma risadinha nervosa que só a deixava mais bonita. Suas maçãs do rosto estavam coradas no momento em que levantou seus olhos oceânicos em minha direção novamente.

-Me desculpa. -pediu mordendo os lábios com nervosismo.

-Vem cá. -chamei-a.

-Não, é sério. Eu estou muito envergonhada pelo papel que fiz, não sei o que deu em mim. -disse andando de um lado para o outro sem me encarar.

-Fernanda. -aproximei-me dela parando em sua frente. -Relaxa. Não precisa ficar nervosa com isso, já passou. E foi até mesmo engraçado. -disse para descontrair.

-Ai Vicente, eu realmente sinto muito. Não queria ter soado rude com ela, mas é que... ela parecia tão estranha. -desabafou fitando-me nos olhos.

Vi que estava sendo sincera, não havia motivos para se preocupar com um assunto tão banal.

-Esquece isso, ok? -ela acenou timidamente com a cabeça.

-Agora, me dá um beijinho de reconciliação. -fiz biquinho.

Fernanda sorriu revirando os olhos.

-Fala como se fossemos uma casal. -desdenhou.

-E não somos? -desafiei olhando-a a poucos centímetros abaixo de mim.

Um silêncio sepulcral predominou o ambiente, e somente os sons que vinham dos corredores do lado de fora podiam ser ouvidos. Ela encarava-me estática e ligeiramente assustada.

Me abaixei até a altura de sua orelha e sussurrei. 

-Não precisa responder agora, mas seria bom ter uma resposta o mais breve possível. -disse e me afastei o suficiente para aproximar meu rosto do seu.

Vi os fios dourados de sua nuca se eriçarem em um arrepio.

-Ainda estou esperando aquele beijo. -disse baixinho sentindo sua respiração batendo em minha boca. 

  Um tanto hesitante Fernanda se aproximou até que colou nossos lábios com certa urgência e desespero. Envolvi sua cintura delgada com meus braços e caminhei a curtos passos para longe da porta. 

Suspendendo seu corpo com facilidade, coloquei-a sentada sobre minha mesa enquanto suas pernas rodeavam-me cercando-me de todos os lados, impedindo-me de sair de entre elas, como se eu fosse fazer isso –pensei.  

  Com os braços em meus ombros, Fernanda cravava suas unhas afiadas como lanças por cima do meu uniforme, enquanto eu beijava e mordiscava por toda a extensão de seu pescoço até a região do colo. 

Segurava entre meus dedos seus cabelos que cheiravam a uma mistura de lavanda e cheiro de chuva. 

Se é que chuva tem cheiro, é mais uma sensação indescritível que só pode ser descrita como cheiro de chuva... Sabe, aquele essência de água pura e nova.

A Bertotti arfou quando minha mão fria, causou um choque em contraste com a pele quente de sua barriga e seguiu o caminho até o centro de suas costas, onde retornou para o mesmo ponto em um vai e vem constante.

Isso é, até ser interrompidos pelo baque da porta que fora aberta abruptamente.

**

-Então é assim que você pretende segurar os bons residentes no hospital? Bela estratégia, maninho. -Itan sentou-se cruzando a perna na altura do calcanhar na cadeira em frente minha mesa.

Fernanda agora já recomposta, estava de pé no lado oposto da sala observando-o com um misto de raiva e vergonha. Eu sabia o que era isso, porque era a mesma sensação que havia se alastrado por minhas veias no momento em que escutei sua voz.

-Eu não disse que podia se sentar. -ralhei alterado.

-E eu não perguntei se podia. -rebateu petulante de prontidão.

Por isso que é uma merda conversar com advogados, eles sempre tem uma resposta atrevida na ponta da língua. E sendo meu irmão mais novo, a situação piorava em muito.

-O que faz aqui, Itan? -perguntei sério.

-Nossa, isso é jeito de tratar um irmão, Vicente? -dramatizou.

Patético.

-O que você quer? Fala logo garoto. 

-Hum, agora eu sou um garoto... então devo me comportar com um? -provocou.

Que Deus me ajude ou eu não irei responder por mim e vou acabar agredindo Itan até deixa-lo inconsciente.

..

Hi, people! Saudações terráqueos, tudo bem por aí? O que estão achando? Não esqueça de deixar sua estrelinha e seu comentário, tá bem? Então é isso. Que a força esteja com você ;)

Beijos borrocados de batom 😘😘

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now