Capítulo 24

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"A vida é uma peça de improvisos onde devemos saber lidar com os imprevistos." -Rafael Baptista



[Fernanda]

Eu estava imersa em um sono profundo há mais ou menos umas duas ou três horas, desde que havíamos nos deitado, quando comecei a me sentir sufocada. Abri os olhos assustada com a pressão feita ao redor, e percebi que os braços de Vicente me pressionavam contra seu corpo com tamanha força, que comecei a sentir dificuldades para respirar.

Tentei puxar minha mão do seu aperto, mas foi em vão, ele era muito mais forte do que eu. Só me restava apenas tentar acorda-lo de seu estado de inconsciência antes que a situação piorasse para o meu lado.

-Vicente. -chamei-o sentindo uma gota de suor brotar em minha testa.

Ele resmungou algo inteligível e para meu desespero, afundou a cabeça em meu pescoço piorando a sensação de estar assando em brasa viva de um fogão a lenha.

-Vicente, acorde. -pedi aflita. 

-... não. Não vá.  -ele disse baixinho me pressionando de encontro ao seu corpo.

-Vicente, você está... está me machucando.

-Por favor, não vá. Não me deixe de novo, Ali. -sua voz tornou-se sofrida nessa hora.

Mesmo sendo o momento mais inconveniente, minha mente não deixou de registrar aquele nome feminino saído de sua boca. Quem era essa tal Ali, por quem Vicente estava chamando sofregamente?

-Eu não consigo... não consigo respirar. -me debati entre seus braços.

Nada do que eu fazia adiantava, Vicente parecia uma pedra em coma, perdido dentro da própria cabeça​. Então fiz a única coisa que me restou, afastando-me alguns centímetros para trás para ganhar impulso, arremeti minha cabeça contra a de Vicente.

Acho que devo ter calculado mal o impulso porque, quando nossas cabeças se chocaram, senti meu crânio entrar em choque.

-NÃO! -ele gritou afastando-se com tamanha rapidez que acabou indo parar de encontro ao chão.

Fitei-o sem saber como agir em uma situação complexa como aquela, enquanto ele parecia se situar de volta a realidade. Vicente piscou confuso por alguns segundos, antes de levar a mão ao rosto para limpar o vestígio das lágrimas derramadas.

-O que houve, Vicente? Você está bem? -me senti ridícula depois de fazer esse tipo de pergunta.

-Quero dizer, como você está se sentindo? -quis consertar a mancada.

-Eu... -ele hesitou pensativo.

-Desculpa, eu não quis te machucar. -me referi ao golpe anterior.  -Mas você estava me esmagando. -eu ri tentando amenizar o clima.

Não funcionou. Bem, pelo menos eu tentei.

-Me desculpe, não notei o que estava fazendo. Eu não queria machuca-la, Fernanda. -disse colocando-se de pé, ele ainda estava meio atordoado.

-Eu sei. E não estou brava com isso, só quero saber como você está de verdade. -anunciei brandamente e o envolvimento em um abraço, ficando na ponta dos pés para beijar sua mandíbula​ quadrada.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now