Capítulo 17

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"A embriaguez e o amor revelam os segredos." -Grynaeus


[Vicente]


Não sei dizer ao certo o que sinto, só sei que não quero mais viver sem ela ao meu lado.

Fernanda finalmente me deu uma resposta sobre o assunto eu-não-quero-falar-sobre.  Mesmo que eu pudesse imaginar o que diria, ainda sim não deixou de me surpreender.

Estamos namorando.

Não faço ideia de como isso vai funcionar, mas é preciso tentar antes de se chegar a alguma conclusão.

Faz duas semanas desde o ocorrido na minha sala e desde então, Itan tem se tornado cada vez mais presente aqui no hospital. O cara de pau até mesmo fez amizade com os amigos residentes da minha namorada.

Namorada.... que som estranho tem essa palavra saída da minha boca.

Minha mãe, não faço ideia de como, ficou sabendo das novidades. Alguma coisa me diz que tem o dedo de Sofia. Ela resolveu marcar um jantar em família para conhecer a "nova namorada do Vicente" é assim que ela intitula.

Devo confessar que não estou nenhum pouco animado com isso. Não seria surpresa nenhuma se dona Helena aprontasse alguma durante esse jantar. Mas como lhe negar o pedido? Ela nunca aceitaria um não como resposta.

-Doutor Vicente?  -viro-me dando de cara com Cristina, a residente.

-Sim? -respondi.

-Queria saber se o senhor vai participar da cirurgia de válvula mitral do menino Matheus, aquele dos desmaios.

-Eu sou neurologista, doutora Cristina, o que eu tenho a ver com uma cirurgia cardíaca?

-O garoto teve uma queda e está com um sangramento interno no cérebro. -explicou.

-Você pode dar conta disso sozinha, por que precisa de mim para essa cirurgia? -perguntei sem entender enquanto caminhava com ele em meu encalço.

Esquisita. -pensei comigo mesmo.

-Não é nada. Então... eu vou lá, me preparar. -disse e ficou me encarando de maneira estranha.

-Então vai. -eu disse assustando-a.

Ela saiu de seu estado inerte e deu um sorriso frio saindo logo em seguida.

Mulher perturbada

Sigo o dia como normalmente faço, exceto pela parte que outra maluca veio grudar-se a mim, tratei de espanta-la para longe entrando em uma cirurgia de emergência. 

Já sentiu aquela sensação estranha de que as pessoas estão te olhando de modo peculiar, como se você estivesse com casca de feijão no dente ou com remela nos olhos? Então, isso ocorreu comigo o dia inteiro. E quando eu me virava para confrontar quem quer que estivesse olhando, a pessoa desviava o olhar. 

Que droga estava acontecendo? Eu já estava ficando incomodado com a situação quando avistei Fernanda saindo de sua ronda no pós-operatório no quarto andar.

Em um primeiro instante ela não havia me visto, mas quando notou-me mordeu a parte interna da bochecha nervosamente e deu um sorriso minúsculo se voltando para o caminho oposto ao que ia.

Apressei os passos e rapidamente a alcancei. Fernanda pareceu surpresa em me ver ali e olhou receosa para os lados conferindo se havia alguém nos vendo e puxou-me pelo braço para dentro de uma sala de descanso dos médicos.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora