Capítulo 34

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"Quando nosso coração está repleto de empatia, um forte desejo de eliminar o sofrimento alheio surge dentro de nós." - Matthew Quick


[Fernanda]

Sabe aquela sensação de algo está muito errado, mas você não sabe o que é e o seu coração vive apertado? Essa era a situação em que eu me encontrava no momento, enquanto andava de um lado para o outro dentro do pequeno quarto de descanso dos médicos, com celular na orelha chamando sem ser atendido até cair na caixa postal.

-Vamos, atende. -eu murmurei esfregando o polegar e o indicador na testa em um claro ato de nervosismo.

Após mais dois toques quando eu já estava disposta a desistir e ligar outra hora, a pessoa do outro lado da linha finalmente resolveu atender.

-Finalmente. -eu soltei o ar que estava prendendo.

-Ah, oi. -ele me cumprimentou.  -Só um segundo. -ouvi o som de motores e buzinas ao longe e deduzi que ele estivesse no trânsito no momento. 

-Pode falar agora. -sua voz saiu mais tranquila dessa vez.

Como eu sentia saudades dele.

-Você é quem ligou, me diga você. Vi um monte de chamadas perdidas suas, mas não pude atender porque estava no centro cirúrgico.  -me justifiquei. -Há algo errado, Miguel? Pode falar comigo. Eu fiquei muito preocupada, sabe. 

-Ah, Fe. Está tudo horrível. Quer dizer, mais ou menos. Eu não quis falar antes justamente para não te deixar aflita, mas agora... eu preciso conversar com alguém ou eu irei enlouquecer. -ele desabafou.

-O que está acontecendo, Miguel? Conta para mim, eu estou aqui. 

Então ele contou tudo o que ocorrera, desde a briga entre ele e Arabella, até o terrível acidente que ela sofrera e sua perda de memória recente. Senti meus olhos lagrimejarem e um aperto no coração devido a toda tragédia e sofrimento pela qual ambos estavam passando.

-Por que não ligou antes para mim? Você não precisava passar por isso sozinho. -comentei contendo minha indignação para mim mesma.

-Ah, Fe, eu não sei, mas... É muito difícil, entende?

-É claro que sim, irmão. -suspirei resignada. -O Maurício sabia de tudo, não é? Por isso ele fez essa viagem. 

-Não fica chateada com ele. Maurício só fez o que pedi, porque eu não queria preocupar vocês logo agora que a vovó está se recuperando.

-Tudo bem, Miguel. Você está de certo modo, sendo inteligente, e o Maurício sendo um excelente profissional como sempre foi. Não estou chateada com nenhum de vocês dois.

-Que bom que entende. -ele respondeu aliviado.

O telefone ficou mudo por alguns segundos sem nenhum de nós dizer nada, até que Miguel voltou a falar.

-Desculpa, acabei de passar por um viaduto e acho que o sinal deu uma caída rápida. 

-Sei. 

-E agora? Ela não se lembra de mim, o que faço, Fe? -ele questionou angustiado. -A médica disse que a Bella iria recuperar a memória, porém já faz um bom tempo. Eu estou muito feliz que ela esteja se recuperando e saudável, mas eu quero ela de volta, por inteiro

-Eu sinto muito, Miguel. -eu disse com o coração apertado por saber que meu irmão estava passando por aquela situação, e por não estar ao seu lado para conforta-lo.

E o pior é que não havia nada que eu pudesse fazer para ajuda-lo no momento, senão pedir a Deus que desse forças a ele e a minha futura cunhada.  

Porque eu sabia que muito em breve Arabella se tornaria a mais nova integrante da nossa família. 

-Fe, obrigada por me ouvir, você é a melhor amiga que eu poderia ter na vida. -ele disse por fim.

-Só não deixe a Isa escutar isso. -eu brinquei para aliviar o clima.

-Pode deixar. -ele riu. -Só você mesma para me fazer rir numa hora dessas, Fe. -ele comentou.

-Me agradeça no futuro. Vou guardar mais essa na minha caixinha de favores que devo cobra-lo futuramente. 

-Eu sei que você vai cobrar mesmo, baixinha. -ele provocou.

-Fica esperto garoto, porque eu ainda sou mais velha e posso te dar umas belas palmadas, ou te perder no mercado como castigo. -o ameacei.

-Ah, como se você me deixasse esquecer desse dia horroroso. Eu fiquei morrendo de medo sua doida. -Miguel se indignou.

-E chorou feito um bebezinho. -eu gargalhei.

-Ha ha ha, que engraçado. Eu tinha apenas cinco anos. -ele tentou se justificar.

-Tá bem, tá bem, bebezão.  -eu debochei.

-Eu preciso ir agora, irmãzinha. -ele anunciou. -Vou deixar o Maurício no aeroporto e tenho que busca-lo ainda em casa. Estou no trânsito, quando estiver de volta eu te ligo novamente.

-Tudo bem, Miguelito. Manda um beijo grande para o bobão do Maurício e para minha cunhadinha também.

-Nós não estamos oficialmente juntos, Fernanda. -ele suspirou do outro lado da linha. -E Maurício já está retornando para a cidade ainda hoje, garota. Para que tanta melação, eu hein?

-É só questão de tempo, meu caro irmão. -o respondi transpassando confiança. -Eu estou com saudades daquele panaca mesmo, e daí? Com ciúmes? -eu ri.  -Agora vai lá, cuidado na estrada, faça seu percurso com segurança. Beijinhos, amo você.

-Também te amo, Nanda. -Miguel se despediu e encerrou a ligação logo em seguida.

Após desligar o aparelho continuei com ele em mãos, o fitando como se fosse uma espécie de alienígena ou algum bicho de sete cabeças. Como minha intuição poderia ser tão certeira e adivinhar que algo estava errado? Eu estava assombrada ao constatar isso. Ou talvez estivesse sendo neurótica e apenas tenha dado sorte dessa vez.

Ignorando os últimos dez minutos de loucura que me atingiu, voltei a realidade e guardando o celular no bolso, me joguei na cama para tirar um cochilo antes de encerrar o expediente, que surpreendentemente estava calmo, muito diferente de alguns dias atrás, dessa mesma semana.

*

Eu fingia que estava dormindo quando ouvi a porta do quarto abrir e ser fechada. Logo após um peso se jogou ao meu lado e sacudiu o colchão, quase me fazendo perder o equilíbrio. 

-Eu sei que está acordada. Ainda bem que é médica, porque você é uma péssima atriz. 

-Hum... você é que me acordou. -fechei os olhos com força.

Cristina ficou quieta por alguns segundos, e se aconchegou para mais perto de mim, deitando sua cabeça no mesmo travesseiro que eu usava. 

-Quer contar o que está te deixando triste? -ela questionou enrolando uma mecha do meu cabelo no dedo indicador.

-Não. -eu fitava o teto azul e branco do quarto, sem saber o motivo ao certo de não querer me abrir para minha amiga naquele momento. 

-Tudo bem, eu estou aqui para você. -ela disse ao me abraçar.

Mesmo estranhando sua atitude inusitada e repentina, me vi retribuindo o carinho e fechei os olhos, querendo esquecer as coisas ruins que estavam acontecendo. 

✿✿✿

Hi, people! Saudações terráqueos, tudo bem por ? Então tá bem. Não esqueça de deixar sua estrelinha e seu comentário, tá bem? Então é isso. Que a força esteja com você ;)

Beijos borrocados de batom 😘😘

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now