Bônus Rafael

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"Dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade." -Cícero


[Rafael]

Eu estava tranquilamente distraído mexendo em meu celular quando Fernanda se jogou na cadeira a minha frente e começou a me encarar de modo direto e irritante, porém  fiz questão de não lhe dirigir o olhar ignorando-a deliberadamente.

-Não adianta fingir que não está me vendo aqui. -ela bateu a mão sobre o tampo da mesa. 

Estávamos no refeitório do hospital então sua ação chamou a atenção e os olhares de algumas pessoas a nossa volta. Revirei os olhos entediado. 

-Não me ignora, seu bastardo infeliz. -ela se irritou comigo. 

-Eu só quero tomar a droga do meu café em paz, sua infeliz. -eu rebati com certa preguiça e mau humor. 

-Ah, é mesmo? -ela enfiou o dedo indicador em meu copo mergulhando-o parcialmente no líquido.

-O que?! Sua doida, porque fez isso? -dei um tapa em sua mão afastando-a. 

-Porque esse café está tão quente quanto o Alasca, ou seja, você não está tomando droga nenhuma. 

Tá bem, ela tinha um ponto, eu realmente não estava bebendo aquilo mesmo, mas isso não lhe dava o direito de sair por aí colocando o dedo em copos de cafés alheios.

- E daí, me deixa. -eu olhei para nenhum lugar em específico atrás dela guardando o celular no bolso da calça. 

-A gente precisa conversar. Já faz alguns dias desde o o ocorrido e eu não quero que...

-Eu não quero saber.  -a interrompi antes que recomeçasse com a ladainha.

-Você não precisa terminar seja lá o que tem com aquela filha da égua, nem nada parecido, Rafa. -Fernanda disse condescendente, mas dava para notar uma pontada de raiva em suas palavras.

Revirei os olhos enquanto mastigava minhas batatas fritas. Era a décima vez que ela insistia naquela afirmativa por mais eu não dissesse nada para contradize-la. E antes de mais nada, sim, eu como batata frita acompanhada de qualquer coisa. Me julguem.

-Isso é um problema entra mim e aquela vacaranha. Não se meta nisso, por favor. -Fernanda continuava a falar e falar sem parar.

Ela pensava que isso iria me convencer de alguma maneira. Coitada. A Fe me conhece bem de mais para saber que não é assim funciona, quando eu coloco uma ideia na cabeça é difícil que alguém consiga me dissuadir do contrário.

-Ata, Fernanda. -eu disse já sem paciência e me levantei do lugar. -Nos vemos por aí... ou não. -respondi dando-lhe as costas e saindo do refeitório.

***

-O paciente do 103 já pode ser liberado. -eu assinei a alta do pequeno Samuel que havia sido operado de uma apendicite e entreguei ao meu residente para que cuidasse do resto. 

-Já está mandando ele para casa? -eu me virei para a pessoa que fez a pergunta. 

-Sim. -respondi. 

-Tudo certo com os resultados? Nenhuma alteração no pós operatório? -Luíza perguntou preocupada.

-Não, tudo bem com o garoto. 

-Ah, que bom então. -ela disse e ia se afastando quando a interceptei no meio do caminho. 

-Eu precisava mesmo falar com você. -me coloquei ao seu lado e caminhamos até o fim do corredor para longe dos ouvidos de terceiros. 

-E então? -ela perguntou com os olhos piscando sentindo-se desconsertada, provavelmente porque sabia o que viria a seguir.

-Olha, serei bem direto. Eu achei você era diferente. Que havia mudado para valer. -eu disse desapontado.

-Eu... -ela titubeou sem saber como continuar.

-Olha Lu, você foi uma amiga incrível durante a minha recuperação após o acidente e sua ajuda é de inestimável valor para mim, jamais vou me esquecer disso. Mas, eu não posso prosseguir em um relacionamento com uma pessoa que não respeita e prejudica uma grande amiga minha. Sua atitude egoísta por mais que não tenha sido direcionada a mim, acabou por me atingir de alguma forma.

-E-eu quero explicar. -ela disse.

-Quando atinge algum amigo meu, você atinge a mim, porque meus amigos são a minha família. E se alguém magoa a minha família, magoa a mim. E eu não quero ter que conviver com alguém que me magoa ou fere constantemente. Isso não é sadio. 

-Eu posso explicar. -ela insistiu.

-Então explique, Luíza. -eu disse sério a encarando diretamente nos olhos.  -Não que eu acredite que isso vá mudar alguma coisa agora, mas fale. Estou te ouvindo, para depois não dizer que eu não te dei oportunidade de dizer alguma coisa. -troquei o peso de uma perna para a outra.

Luíza ficou encarando-me com os olhos ligeiramente arregalados e úmidos, mas que não derramavam uma única lágrima. Ela estava segurando, queria evitar o choro na minha frente. Lu detestava que a vissem chorando, sempre dizendo que isso era sinal de fraqueza, raras foram as vezes que presenciei algo do tipo vindo da parte dela. Os segundos se passaram sem que as palavras fossem ditas e eu sabia o que teria que fazer no mesmo momento.

-Não tem que explicar nada para mim. Você... -eu ponderei antes de continuar.  -Eu não sei quais foram as suas motivações para ter feito o que fez, mas acredito que não seja justificável. Mas isso não é mesmo da minha conta, não mais. Eu... eu só espero que você resolva seus próprios conflitos internos e tente consertar as besteiras que fez, não só em relação a isso. Bom, é melhor eu ir agora. Tenha uma boa noite, doutora Luíza. -eu disse dando-lhe as costas e sumindo pelo corredor a minha frente.

 -eu disse dando-lhe as costas e sumindo pelo corredor a minha frente

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Hi, people! Saudações terráqueos, tudo bem por aí? Então tá bem. Não esqueça de deixar sua estrelinha e seu comentário, tá bem? Então é isso. Que a força esteja com você ;)

Beijos borrocados de batom 😘😘

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now