Capítulo 61

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[Fernanda]

Apoiando-me nela, retirei rapidamente os saltos e segurando-os em uma mão, coloquei um pé sobre um galho mais baixo, e me impulsionei para subir na árvore. Firmando com a mão livre em outro galho no alto comecei a escalar com cuidado.

Entretanto, quando já havia alcançado uma boa altura, tive o descuido ou talvez tenha sido por desatenção mesmo, ao tentar subir um galho mais distante, não consegui alcançar o mesmo e acabei pisando em falso. Soltei os sapatos que segurava, que acabaram caindo do lado de dentro do muro, e com as duas mãos livres segurei-me em graveto grosso que se encontrava próximo a minha cabeça.

Meu coração batia tão acelerado dentro do meu peito que por um momento achei que sairia pela boca.

-Vamos, Fernanda. É só mais aqueles dois galhinhos ali, você consegue. -sussurrei encorajando-me a mim mesma.

Ao olhar para o chão quase me arrependi da estupidez que estava prestes a cometer. Se tudo desse errado e eu caísse, com certeza eu me esborracharia feio no chão. Estava há uns bons dois a três metros​ e meio do solo, e uma queda da altura em que estava certamente me renderia alguns ossos quebrados, e isso, era a última coisa que eu desejava. Então, por isso deveria me atentar ainda mais na parte final dessa loucura.

Quando finalmente alcancei a parte mais afastada da árvore que dava em direção ao muro, puxei uma longa respiração antes de esticar ao máximo minha perna para tocar a parte superiora do muro. Minha alma gelou e um frio percorreu minha espinha dorsal ao ouvir o som de tecido se rasgando.

-Não, não, não... -gemi frustrada ao fechar os olhos.

-Esse vestido nem é meu. -choraminguei ao colocar o outro pé sobre o muro e com um impulso, joguei o peso do meu corpo para frente e agarrei com as duas mãos a beirada do muro.

Gastei alguns segundos para recuperar o equilíbrio e normalizar o ritmo cardíaco do meu pobre coração, antes de me sentar sobre o muro e girar minhas pernas para o lado de dentro do local. Fiz uma rápida e silenciosa oração antes de pular indo de encontro ao chão. Meus pés colidiram em um baque surdo na grama que amorteceu o contato entre ambos.

Me coloquei de pé após um pequeno desequilíbrio e corri os olhos rapidamente ao redor, conferindo se havia alguém no lugar que pudesse ter flagrado a cena. Percebendo que estava sozinha e que me encontrava no que parecia ser um jardim na parte dos fundos da propriedade, limpei os vestígios de grama dos pés e calcei novamente os sapatos. Sentindo a coragem se esvair a cada segundo que passava, arrisquei um olhar para baixo para conferir o estrago que tinha sido feito no vestido. Gemi internamente ao notar o grande rasgo que terminava na altura da coxa.

-Sofia vai me matar. -fechei os dedos em forma de pinça sobre a testa. -Bom, isso é um problema para outra hora. Foco, Fernanda.

Arrumando a roupa sobre o corpo e os cabelos da melhor forma possível, caminhei da maneira mais natural que me era permitida, seguindo o caminho de pedra que levava até a casa e logo em seguida me vi rodeada por várias vozes que conversavam em tom baixo, garçons andando de um lado para o outro com bandejas cheias de taças e petiscos.

Contrariando o que tinha dito anteriormente a recepcionista, pesquei um petisco e agradeci ao rapaz que servia. Eu até estava com fome, mas esse ato em si foi mais por pura rebeldia à aquela megera de terno, do que por fome mesmo.

Assim que terminei de comer, coloquei-me a procurar pela pessoa que era o motivo de eu estar ali. Tive que me equilibrar na ponta dos pés para dar uma volta de trezentos e sessenta graus, passando os olhos pelas várias cabeças de diversas alturas e tonalidades de cor de cabelo, mas nenhuma era tão escura quanto a noite como a que eu procurava.

Fiquei chateada em um primeiro momento por não encontra-lo, mas continuei a procurar pelos demais cômodos.

-O que uma mulher bonita como você, faz sozinha em um salão cheio de gente de idade avançada e enfadonha? -uma mão quente tocou meu antebraço fazendo-me virar em direção a voz grave que falara comigo.

-Eu deveria me sentir lisonjeada após uma abordagem abrupta e indiscreta como essa? -indaguei erguendo uma sobrancelha desafiando-o a me contrariar.

-Me perdoe, talvez eu tenha passado um pouco dos limites.

O homem que possuía uma grande beleza e magníficos olhos verdes, sorriu ao estender a mão para mim.

-Então para desfazer essa primeira má impressão, vamos fingir que essa abordagem nunca aconteceu. -apertei sua mão estendida em cumprimento. -Me chamo João, estou aqui porque tenho interesse em arrematar essa bela casa, para quem sabe um dia dividi-la com uma linda mulher que aceite se casar com esse simples homem que vos fala. E você, querida? -ele disse de forma galante tentando puxar assunto.

-Sou Fernanda e meu único interesse nesse instante é encontrar uma pessoa muito importante para mim. Sinto muito, mas preciso ir agora.

Me desviei de seu caminho e saí de perto do cara que evidentemente que estava iniciando um flerte comigo. Eu não estava ali para isso. Ainda o ouvi perguntando-me se nos veríamos uma outra vez, contudo nem me dei ao trabalho de responde-lo.

Já estava me sentindo idiota o suficiente e pensando que meus planos haviam ido ralo abaixo quando avistei de longe, o mais lindo par de olhos azuis que conhecia, vestindo um impecável terno negro que contrastava incrivelmente com a cor de sua pele. Vicente sorria abertamente para os casais que lhe cercavam com algum tipo de conversa, mas o sorriso não lhe chegava aos olhos. Ele parecia... preocupado com alguma coisa.

-Senhoras e senhores, vamos dar início ao leilão agora. Queiram se acomodar em seus devidos lugares, por favor. -uma mulher usando um vestido tubinho azul royal, muito justo para meu gosto, pediu por organização aos participantes com a voz suave.

Houve um pequeno burburinho antes que todos se assentassem e os lances logo tivessem início. Eu jamais conseguiria atravessar aquela quantidade de pessoas sem causar incômodo e consequentemente atrapalhar o andamento do evento.

Todavia tinha que fazer algo, eu não aguentaria esperar até o final.

O nervosismo e a ansiedade estavam me corroendo por dentro, e em um ímpeto de ousadia, antes que eu perdesse a coragem, meus pés se moveram pelo corredor estreito que havia na lateral dos acentos da ala direita, oposta a que Vicente estava, e me dirigi em direção a mulher do tubinho, que me olhou de maneira espantada ao parar a sua frente.

-Algum problema? -ela perguntou com um sorriso amarelo no rosto.

-Não, mas vamos ter um se você não sair da minha frente agora.

-O que? Você não po...

-Licença. -eu a afastei da frente do microfone e me posicionei em seu lugar logo em seguida.

-Você não pode fazer isso, saia já daí. -ela sussurrou para mim sem perder a compostura na frente de todos, que agora nos encaravam com certa curiosidade.

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Hi, people! Saudações terráqueos, tudo bem por ? Então tá bem. Não esqueça de deixar sua estrelinha e seu comentário, tá bem? Então é isso. Que a força esteja com você ;)

Beijos borrocados de batom 😘😘

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now