Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]

Capítulo 47

"Sentindo, amando
Tudo que fazemos
E o tempo todo
Eu soube que tinha
Algo especial com você
Mas às vezes
Você apenas tem que saber 
Que essas coisas desmoronam
Mas ainda estou atado
E não posso esconder Minha conexão com você"

Never Forget You (Traduzida) -Zara Larsson

[Vicente]

Alguma vez você já ouviu o som de um coração se quebrando? Não? É semelhante ao barulho do vidro quando encontra o chão... Alto, estridente e feio.

Agora entendo com clareza o que Clarice Lispector quis  dizer quando escreveu que queria voltar a ser criança, ela tinha razão, porque os joelhos ralados curam bem mais rápido que os corações partidos e eu não tenho certeza se ainda há cacos para juntar  depois de um golpe como esse. 

E se ela não me perdoar? Como eu ficaria depois de tudo isso? Depois de perceber a intensidade do amor que sinto por aquela mulher irritantemente maravilhosa?  Essas eram perguntas que tumultuavam e invadiam minha mente como um terrível tsunami após alguns segundos a saída tempestuosa de Fernanda da minha sala. 

Fernanda provavelmente deve estar possessa de ódio, tanto de mim quanto da situação em geral nesse momento.  E não é querendo me justificar, mas juro que dessa vez eu não tive culpa alguma sobre o ocorrido. Não tenho e nunca tive nenhum interesse romântico ou de outro tipo em Viviana, nós na verdade mal nos conhecemos e isso me faz questionar sua sanidade após ter tido esse tipo de atitude insana para comigo. 

-Eu vou acabar com ela! Acha que pode fazer o que quiser e sair assim, sem pensar nas consequências? Quem ela pensa que é? -Viviana cuspiu irritada com as mãos ainda sobre a face avermelhada.

-Escuta aqui você, Viviana. -agarrei seu pulso com raiva, mas soltei-a logo em seguida temendo fazer algo de que me arrependesse mais tarde.  

Larissa que até então estava sentada atrás de sua mesa de trabalho, observava a cena no mais puro silêncio com os olhos castanhos muito arregalados por debaixo das lentes dos óculos que estava sobre seu nariz. Sua boca estava ligeiramente aberta em espanto e uma caneta pendia de sua mão no ar, congelada na mesma posição a um bom tempo. Travei o maxilar irado, já não bastava a péssima situação em que me encontrava e eu ainda estava assustando minha pobre secretária mais uma vez, quando havia prometido controlar meus impulsos, ser um cara mais razoável e menos assustador.

-Não sei que tipo de merda estava se passando pela sua cabeça para ter feito o que fez e eu também não quero saber, sua louca. Mas quero que me ouça com atenção, não quero dirija a palavra ou se aproxime de mim nunca mais, se necessário. E outra coisa, é melhor você não fazer nada contra Fernanda ou vai se arrepender do dia em que cruzou o meu caminho.

-Eu irei meter um belo de um processo na bunda daquela cadela, isso sim. -ela rebateu petulante.

-Acho que você não me entendeu direito, garota, mas vou tentar ser claro mais uma vez. -aproximei-me dela em uma postura intimidante.  

Eu tinha que faze-la entender que não estava para brincadeira.

-Se fizer o que está dizendo que fará, eu também irei fazer o mesmo que você e serei muito pior, acredite. Acha que assédio sexual é menos grave do que uma simples agressão? Eu irei manchar seu nome e seu currículo até a China e eu duvido, que consiga emprego novamente tão cedo. -a ameacei sério.

E eu realmente estava disposto a levar até as últimas consequências o seu ato infeliz.

-Mas...

-Mas o caramba, eu nunca lhe dei permissão ou a incentivei que me beijasse. Então você está tão ou mais ferrada nessa situação do que qualquer um aqui. Fica o recado. Agora que eu já disse o que tinha para dizer e você ouviu, dá o fora da minha sala. Agora. -eu gritei para que ela se movesse mais rápido ou eu poderia perder o último fio de paciência que me restava.

-Vai se arrepender por isso. -ela murmurou entre dentes.

Bufando igual uma vaca louca, Viviana​ saiu batendo a porta com extrema força e felizmente sumiu de minhas vistas.

Respirei fundo tentando buscar um pouco de calma interior, mas não obtive muito êxito. 

-Pode falar. -resmunguei contrariado.

-O que? Eu? Está falando comigo? -Larissa se sobressaltou saindo de seu estado de inércia.

-É, você . É a única pessoa que resta nessa sala além de mim, não é mesmo? -comentei mal humorado.

-Ah, desculpe. Eu não estava pensando em nada.

Olhei para minha secretária de relance com uma cara de "você não me engana" e Larissa encolheu os ombros de maneira defensiva.

-Olha, eu não sei bem o que dizer, não é um assunto da minha conta. Mas... se me permite opinar, vi tudo o que aconteceu aqui e sei bem que você não tem nada a ver com isso, está na cara que você e aquela mulher não possuem nenhum tipo de envolvimento além do profissional. Então, na minha humilde opinião, acredito que toda essa cena protagonizada não foi por você, acredito mais que tenha sido uma provocação direcionada a Fernanda.

-Sério? E eu nem tinha percebido. -disse sarcástico. 

-Não está nem mais aqui quem falou, então. -Larissa disse irritada.

-Tudo bem, me desculpe. É que eu só estou um pouco fora de mim nos últimos minutos e a última coisa que desejo é deixar mais alguém bravo comigo. 

-Não acho que Fernanda esteja brava com você. -ela disse de repente.  -Bom, talvez um pouco. -se consertou rapidamente. -É mais pela situação em si, do que propriamente com a sua pessoa, é o que eu acho. -ela deu de ombros.

-Acredita mesmo que Fernanda não me culpa?

-Isso eu não sei. Mas, você deve se explicar para que ela possa entender. Só então poderá chegar a uma conclusão certeira. -ela ponderou batendo a caneta ritmicamente na mesa a sua frente.

-E você acha que ela vai acreditar em mim? -questionei-a sentindo uma pontada de dor em minha voz. 

-Não sei, mas você pode tentar faze-la te ouvir pelo menos. 

-Você está certa. -concordei deixando-me cair sobre minha poltrona de couro. -Obrigado por conversar comigo, Larissa.

-Hum... De nada. -ela respondeu um tanto constrangida, mas aceitou o agradecimento com um sorriso discreto no rosto. 

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Beijos borrocados de batom 😘😘