Bônus Cristina

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"Mas você não vai me ver desmoronar
Porque eu tenho um coração de elástico
Tenho uma pele insensível
e um coração de elástico
Mas a sua lâmina pode ficar muito afiada
Sou como um elástico
até você puxar bem forte
Posso arrebentar e agir rápido"

Elastic Heart  (Traduzida) -Sia


[Cristina]

Abrir os olhos não foi uma tarefa nada fácil naquele instante. Minutos após o trem parar de se arrastar, colidir e de se retorcer reduzindo-se a uma grande massa disforme de aço e ferro, iniciou-se uma comoção infernal entre os passageiros da locomotiva, com direito a gritos de pânico e desespero que beiravam a um nível enlouquecedor, que faria com que qualquer ser humano entrasse em parafuso.

Não que eu estivesse em posição de julgar alguém ali, eu também estava morrendo de medo, exalando tensão pelos poros. Cada célula do meu corpo parecia estar mais sensível do que o normal e isso fazia com que as dores somente se intensificassem em uma proporção bem maior. O que me deixava em uma posição ainda mais comprometedora e vulnerável na situação em que me encontrava.

Eu sabia que meu estado de saúde não estava bom ao monitorar o ritmo cardíaco do meu coração durante dois minutos ininterruptos.  Cronometrei mentalmente o intervalo entre as batidas e notei que os mesmo estavam diminuindo gradativamente a cada segundo que se passava. O que significava que eu estava tendo um início de uma parada cardíaca.

-Inspira. Expira... Isso. É só respirar fundo com calma até o atendimento médico chegar. -disse baixinho para mim mesma.

-C-Cristina...

Fui desperta do estado de torpor em que me encontrava por um sussurro áspero que cortou o ar bem próximo ao meu rosto.

-Acho que só dessa maneira para ficarmos tão próximos assim, não é mesmo?  -Jonathan brincou.

-Creio que estamos irrefutavelmente unidos, mais do que nunca. Literalmente. -disse olhando para nossa atual situação.

Eu e Jonathan estávamos há escassos centímetros de distância um do outro, enquanto uma grande barra de ferro, que servia anteriormente como mastro do metrô onde os passageiros​ se seguravam em busca de equilíbrio durante o percurso diário, nos atravessava na altura do abdômen, empalando a mim e a Jonathan, como se fôssemos um espetinho de carne humana.

-Eu quero sair daqui.  -ele murmurou fraco.

-Não mais do que eu, meu caro. Mas nós dois sabemos que essa não é uma opção viável no momento. Essa... Essa coisa que está dentro de nós, provavelmente é o que nos mantém ainda com vida.

-A barra deve estar contendo o sangramento interno causado pela lesão. -ele ponderou.

-Isso mesmo. -assenti em concordância​.

-Será que a gente vai sair bem dessa, Cristina? -ele questionou.

-Eu espero que sim. -afirmei mais para mim mesma do que para ele.

-Você acha que o socorro vai demorar a chegar? -ele tornou a fazer perguntas, porém tudo o que eu queria era ficar em silêncio por alguns segundos.

Contudo, quando eu pretendia lhe dar uma resposta, o trem que estava em uma posição instável após a colisão, tremeu o que causou um pequeno sacolejo no restante dos escombros do veículo, e que fez com que eu e Jonathan nos movimentássemos ao sairmos do estado de inércia, e a barra se locomovesse dentro do buraco do ferimento de ambos. Sibilei um uivo de dor quando lágrimas quentes e grossas rolavam por meu rosto. Jonathan também não se conteve e deu um grito apavorante que me trouxe um arrepio da cabeça a sola dos pés.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Место, где живут истории. Откройте их для себя