Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]

Capítulo 48

"Eu era tão forte, você era fraco
Você não conseguia lidar com a forma que eu crescia
Meu bem, estou crescendo tanto
Eu estava correndo, você estava andando
Você não conseguia acompanhar meu ritmo
Você estava caindo, caindo
Só há um caminho para baixo"

Send My Love (To your new lover) (Traduzida) -Adele

[Fernanda]

Dois dias se passaram após o ocorrido na sala de Vicente e eu decidi por mim mesma, tomar certas atitudes, uma delas um tanto ousada, que foi solicitar uma reunião formal com a diretoria​ do hospital. Já estava passando da hora de resolver esse assunto.

É claro que houve relutância da parte dos engomadinhos engravatados, como Cristina se referia a eles, mas após muita insistência e uma boa dose de persuasão, finalmente cederam e hoje era o dia da reunião.

-Como você​ se sente? Está preparada? -a pergunta veio de Rafael que surgiu logo atrás de mim, segundos antes de entrarmos na sala de reuniões.

Cristina, Jonathan, Lucas e Mariana já estavam sentados em seus respectivos lugares no lado de dentro, restando apenas eu, Rafael e Isabel no corredor, além de alguns membros da diretoria que ainda estavam chegando para a reunião.

-Creio que sim. Estudei todo o material da pauta em meu tempo livre em casa e, ensaiei em frente ao espelho umas dez vezes. -pisquei para ele de forma descontraída, mas a verdade é que eu estava extremamente nervosa.

-Você vai se sair bem. E se eles não perceberem isso, é porque são uns idiotas. -Isabel ofereceu um sorriso encorajador.  -Qualquer coisa nós estaremos lá para te salvar de dizer alguma besteira. -nós rimos. 

-Vamos entrar, meninas. Já está quase na hora de começar. -disse Rafael​ seguindo em direção a porta aberta e entrando em seguida.

-Hora do show. -murmurei para mim mesma baixinho ao passar pela porta e cumprimentar as pessoas presentes fingindo a maior naturalidade possível.

***

Antes mesmo que a reunião chegasse ao ápice da questão a ser resolvida, pude perceber a resposta explícita em cada rosto, ainda que não tivessem verbalizado isso em palavras concretas, eu sabia o que diriam...

Ajuda negada. Sem direito algum a apoio financeiro, logístico ou moral. Sequer poderíamos citar o nome do hospital em que trabalhávamos para terceiros, para que o nome da instituição não fosse associada a um "movimento não regulamentado por lei", como eles mesmos nomearam.

Minha vontade era mandar cada um deles enfiarem o maldito dinheiro no próprio nariz ou engolir junto com a salada horrorosa que era vendida no refeitório do hospital. Contudo me contive de esboçar qualquer reação negativa, não adiantaria em nada fazer um espetáculo, a diretoria já havia tomado sua decisão e eu sabia que não voltaria atrás por nada no mundo. Então quando a reunião chegou ao fim, fui uma das primeiras pessoas a se levantar e me dirigir rumo a saída. Isto é, até ser interceptada por alguém no meio do caminho.

-Fernanda. Fernanda, por favor. Me dê um minuto, quero falar com você a sós. Temos que conversar. -Vicente que se manteve em silêncio durante toda a reunião, se aproximou rapidamente de mim acompanhando meus passos.