Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]

Capítulo 40

"Talvez outros dançarinos estejam na pista de dança
Querida, mas meus olhos só vão ver você
Só você tem aquela técnica mágica
Quando balançamos eu fico fraco"

Sway (traduzido) -Michael Bublé

[Fernanda]

-Eu não acredito nisso, Arabella! -eu protestei já começando a dar indícios de nervosismo.

-Pois acredite, Fernanda. -ela rebateu com uma calma que era um tanto incompatível com minha crescente crise de raiva.

-Você não pode fazer isso comigo. É injusto, sabe disso! -eu bati o pé no chão repetidas vezes para enfatizar o fato de que estava muito indignada.

Uma atitude infantil, sei disso. Contudo nem por isso eu me sentia melhor ou mais calma depois de surtar.

-Não pode... não pode me condenar a isso, só pode estar de brincadeira! -questionei novamente com o intuito de faze-la voltar atrás em sua decisão.

Arabella me olhou por alguns segundos com o semblante sério, sem se alterar, antes de soltar um suspiro cansado e desabar os braços finos e pálidos sobre o tampo da mesa de vidro a sua frente.

-Sabe, Fernanda. -ela começou a dizer com aqueles pequenos olhos azuis cravados em mim. -Eu sempre fui o tipo de pessoa que não criava altas expectativas como conhecer alguém, casar, ter filhos e essas coisas que a maioria das mulheres sonham desde criança. Eu me contentava somente em ter um apartamento onde morar e um emprego para me sustentar. Mas então tudo mudou quando conheci seu irmão.

Eu pisquei algumas vezes tentado me focar na mudança repentina de assunto.

-Eu não ia muito com a cara dele no início, mesmo ele sendo muito bonito e atraente, não me pergunte o porquê disso. Sei lá, acho que ele tinha inveja de mim ou eu dele, vai saber. -ela deu de ombros e riu abaixando a cabeça ao se lembrar de algum acontecimento do passado.

-Bem, como eu estava dizendo. A gente não tinha nada a ver um com outro e mal nos falávamos na empresa, até o dia em que fomos forçados a trabalhar juntos. Foi terrível, menina! -ela riu.

-Parecíamos gato e rato todo santo dia, e por causa dessa nossa desavença acabamos em uma situação bem comprometedora, que acabou em um tipo de lição que Anthoni quis nos ensinar.

-Então eu tive que vir com Miguel para sua casa, a vários quilômetros de distância da minha, longe de todo o comodismo a que estava acostumada. E nesse tempo em que ficamos aqui, nos aproximamos mais um do outro e consequentemente, também nos conhecemos melhor. E eu pude finalmente entende-lo quando conheci vocês. Sua família, o modo como viviam e se tratavam... Era diferente. Era como enxergar pela primeira vez o reflexo do amor que ele espelhava através de seus sorrisos e palavras, que antes eu considerava como irritantes e esnobes. -Arabella desviou olhar quando terminou a frase.

-Eu quis isso para mim também e quando menos percebi, eu já amava sua família mais do que poderia imaginar, cada um a sua maneira.

-Nós também a amamos, Bella. Muito. -eu disse sentindo meu coração do tamanho de uma ervilha depois de toda essa confissão.

-Eu a amo e jamais desejaria o seu mal, Fernanda. Você é a irmã que nunca tive, a família que eu procurava e não sabia. E é por isso que estou te pedindo esse favor, porque eu não iria querer mais ninguém para o cargo a não ser você. -ela segurou minhas mãos entre as suas e me fitou com intensidade a espera de uma resposta positiva.

-Está bem, você me convenceu, sua chantagista! Mas saiba que eu só estou fazendo isso por causa desse papo de amor e todo esse lance envolvido. -eu cedi por fim e ela comemorou batendo palmas animadamente.