"Alguém me toque
Eu sou muito jovem para me sentir tão
Adormecido, adormecido, adormecido
Você poderia ser aquele que
Me faça sentir algo, algo
Me faça sentir algo, algo
Mostre-me que você é humano, ohh
Me faça sentir algo, algo"Feel Something (traduzida) -Jaymes Young
[Algumas semanas mais tarde]
[Vicente]
Às vezes penso em como todas essas dores, esse cansaço e as vozes na minha cabeça poderiam sumir, se eu simplesmente parasse de respirar. Ao invés de respirar e expirar, eu fechasse meus olhos e me concentrasse em mais nada. Chega uma hora na vida em que você se pergunta, para que tudo isso? A correria, os falatórios, as brigas, as intrigas, as ordens... Se um dia todos nós vamos morrer?
Eu queria ter uma resposta para todas as perguntas e questionamentos existenciais que rondam e subjugam a mente humana, porém infelizmente, não tenho outra afirmativa senão: A vida é como a neblina ao amanhecer, que rapidamente evapora com o aparecer do sol e então não importa mais, nada faz sentido se não estivermos aqui.
Às vezes eu tenho vontade de jogar tudo a minha volta para o alto e o resto que se dane. Entretanto, como já dizia um antigo ditado que minha vó não se cansa de repetir, querer não é poder.
-...você tem noção de quanto uma ação dessas na justiça vai nos custar? -alguém gritou batendo as mãos espalmadas sobre a mesa da sala de reuniões do hospital.
O pequeno surto fez com que eu saísse do transe em que me encontrava e me concentrasse na fatídica reunião com a diretoria que coordenava o hospital da Graça.
-O hospital não pode se responsabilizar por um erro cometido por um único médico. Isso mancharia o nome e a boa reputação dessa instituição e dos que trabalham nela. -a mulher idosa cuspiu irritada do lado oposto da mesa.
-Então o que você sugere? Que joguemos o cara aos lobos? Ele... -uma batida na porta interrompeu o momento de exaltação do careca ao lado da mulher.
Quando a porta foi aberta e as demais pessoas perceberam que se tratava apenas de Gabriela, minha assistente, voltaram a gritar e a se digladiarem uns com os outros, cada qual defendendo com unhas e dentes seus argumentos. Gabriela caminhou apressadamente contornando a sala tentando passar desapercebida pelas mulheres e homens engravatados que cuidavam da parte administrativa do hospital, e que também eram muito velhos, ranzinzas e taciturnos para ocuparem tais cargos. Ao se aproximar por trás da minha cadeira ela depositou um pequeno post-it amarelo com os seguintes dizeres:
"Precisam da cardiologia no setor da emergência. AGORA."
Me virei para lhe dar uma bronca e quase colidi nossos rostos ao girar a cadeira, já que ela se encontrava logo atrás de mim.
-Eu estou em reunião, será que não vê? -eu disse ríspido. -Que chamem outra pessoa. -me virei ignorando-a completamente.
-Mas senhor... -ela insistiu baixinho.
-Que é? -eu praticamente rosnei.
-Não tem outro cardiologista no hospital no momento. A doutora... -ela começou a se explicar temerosa quando eu a interrompi levantando do meu lugar e fiz sinal para que me seguisse para fora da sala.
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Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]
ChickLit[livro 2] Série Os Bertottis, o primeiro chama-se Concorrentes. Fernanda é uma jovem bonita, alegre e uma brilhante médica. Ela adora o seu trabalho no hospital, porém odeia Vicente, seu chefe, que insiste em pegar no seu pé desde que começou a trab...