Capítulo 51

916 90 2
                                    


"E a emoção, a emoção se foi nossa estreia foi uma obra-prima
Mas no final, para você e para mim
Oh, o show, ele não pode continuar"

Stole The Show (Traduzida) -Kygo

[Fernanda]

Quando o final de semana deu as caras eu sabia que não dava mais para voltar atrás.

Meu coração batia mais rápido toda vez que eu pensava que dali há algumas horas estaria em envolvida em algo incrivelmente excitante e maravilhoso, e eu não conseguia pegar no sono, mesmo sabendo que ficaria morta de cansaço por não ter tido uma noite de sono decente.

Eu estava realmente feliz, para não dizer​ espantada também, com o fato de que meus amigos no hospital tinham me apoiado mesmo depois de termos perdido o apoio daquela bosta que chamamos de trabalho, e ainda assim terem optado por continuaram comigo nessa empreitada humanitária, sem receber nada em troca.

Nada lhes era oferecido, nem dinheiro, nem reconhecimento. Nada. E isso fazia com que eu me orgulhasse ainda mais por tê-los como amigos em minha vida.

Ao surgimento dos primeiros raios solares em minha janela, pulei para fora da cama e corri para o banheiro. Fazia uma típica manhã gelada de cidade sulista. Através do vidro da janela era possível ver a neblina enfeitando a paisagem do lado de fora. Tomei uma ducha quentinha e logo após retornar ao quarto, me enfiei em uma calça jeans confortável, uma camisa de manga comprida e casaco moletom da época da faculdade por cima. Nos pés calcei botas de cano curto e sem salto, até porque eu estava indo trabalhar e não desfilar a passeio. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça e coloquei um gorro escuro de lã por cima para proteger a cabeça e minhas orelhas contra o frio rigoroso que enfrentaria pela frente.

-Bom dia, papai. -eu beijei sua bochecha pegando-o de surpresa ao surgir daquele jeito.

-Oh, meu amorzinho. Já está de pé tão cedo? -papai me prendeu em um abraço quentinho e gostoso quando me dirigia em direção a geladeira para pegar um pouco de leite. -Bom dia, querida. Está radiante.

-Obrigada, papai. O senhor também está bonitão com esse pijama do James Bond. -eu ri ao retirar as louças que guardavam os frios na geladeira e as depositar sobre a mesa.

-Culpa da sua mãe e a mania de me assemelhar ao ator que fez um dos filmes da franquia. -ele murmurou tentando soar chateado, mas eu sabia que não estava a julgar pela covinha esquerda em sua bochecha que se acentuava ao sorrir.

Todos em nossa família já estavam acostumados com esse tipo de brincadeira e desde então isso virou uma piada interna entre nós.

-Tome um pouco de café com seu velho pai. Acabei de fazer agora. -ele me chamou sentando-se em volta da mesa com uma xícara de café fumegante nas mãos.

-Você não é velho, pai. Para com isso. -rebati e me acomodei na cadeira ao seu lado.

-Temos passado tão pouco tempo juntos. Sinto falta de quando você e seus irmãos eram pequenos e viviam correndo pelo quintal atrás do Sansão, para puxar o rabo do pobre animal.

Sansão era nosso cachorro, da raça Golden retriever, que morreu de velhice quando eu tinha uns dezenove anos, pouco tempo depois de ter ingressado na faculdade e me mudado de cidade. Na época eu tinha ficado muito triste pois amava aquele bichinho super dócil e carinhoso que vivia comigo desde que eu me entendia por gente. Porém a pessoa que mais sofreu naquele período fora Isadora. Ela havia chorado por dias a fio até o dia em que eu e Maurício retornamos para a cidade em um feriado prolongado, e depois de um tempo, não sei o que houve, mas ela havia parado de chorar e andar triste pelos cantos.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now